Entre os 21 livros que receberão o 52º Prêmio Jabuti, no
dia 04 de novembro, em São Paulo, está “Uma História da Cultura
Afro-brasileira”, dos autores Walter Fraga e Wlamyra R. de Albuquerque,
que venceu em primeiro lugar, na categoria Didático e Paradidático. O
livro aborda diversas referências sobre a história, a geografia e a
cultura da África, sobre o tráfico de escravos e sobre suas condições de
vida no Brasil. Em entrevista ao CORREIO NAGÔ, a
Doutora em História Social pela Unicamp e professora adjunta da
Universidade Estadual de Feira de Santana – BA, Wamyra R. de Albuquerque
fala sobre a importância de ganhar o mais importante prêmio literário
do Brasil e sobre o tipo de produção voltado para essa temática.
Wlamyra R. de Albuquerque
CN: Do que se trata o livro?
WA:
O livro trata da cultura afro-brasileira numa perspectiva histórica. O
que fizemos (o livro é co-autoria com Walter Fraga) foi escolher
assuntos importantes da nossa história e, a partir de pesquisas de
diversos autores, recontá-los enfatizando o papel decisivo que os povos
africanos e descendentes tiveram na constituição da nossa cultura. Em
“Uma História da cultura afro-brasileira” não tratamos as histórias
destes povos como contribuições periféricas à cultura nacional, mas como
forças dinâmicas que formaram os modos de viver no Brasil.
CN: Para você qual a importância de ganhar o mais importante prêmio literário do Brasil?
WA:
Sobre a importância do prêmio devo dizer que ainda estou numa nuvem de
surpresa e felicidade, porque nunca imaginei que esta temática pudesse
nos render um prêmio. O Jabuti é o mais importante prêmio literário do
país, portanto estamos entre perplexos e orgulhosos pelo livro. Passado o
susto, começo a pensar na importância desta premiação para dar
visibilidade ao esforço de tantos autores que pesquisam e publicam nesta
área.
CN:
Qual a importância deste tipo de produção, já que os professores ainda
reclamam da falta de material pedagógico para cumprir a lei 10.639?
WA:
Acho que para os professores este livro se soma ao empenho deles, tanto
os da rede pública quanto da privada, em oferecer aos alunos conteúdos e
abordagens mais antenadas com questões que ainda são difíceis de serem
abordadas no espaço escolar. As discussões sobre raça e cultura nacional
estão, e acho que continuarão a estar, em aberto na nossa sociedade,
porque não fundamentais e sempre inacabadas. E é bom que seja assim. Um
dos saldos positivos das políticas de inclusão racial foi o de tirar da
sombra os debates sobre raça, identidades e culturas miscigenadas no
Brasil. A gente espera que o livro ajude os professores a enfrentar
estas questões com os seus alunos.
Fonte: Correio Nagô