ENCONTRO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA COLONIAL



Com o tema Espaços coloniais: domínios, poderes e representações, o VII EIHC celebra seu décimo primeiro ano de existência, na cidade de Natal, promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O mesmo padrão de qualidade das edições anteriores será mantido ao reunir experts de vários campos da História Colonial em conferências, mesas redondas e simpósios temáticos, além do lançamento de obras recentemente publicadas.
 Todos(as) os(as) pesquisadores(as), professores(as), estudantes e amantes da História Colonial, e áreas afins, estão convidados(as) a fazer parte desse grande evento, que ocorrerá nas dependências do Campus da UFRN, entre os dias 5 e 8 de setembro de 2018.


"AFRICANO AMIGO DE EUROPEUS DEGREDADO POR LABATUT"



Ilustríssimos Excelentíssimos Senhores

1823

Diz José Ignacio Gonçalves, morador na Vila de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro, que vivendo manso e pacífico na dita Vila, inteiramente ocupado em procurar os meios da sua subsistência, sem que em nada fosse contrário a Santa Causa do Brasil, donde se considera natural por vir para ele de menor idade da Costa de África em que nasceu; contudo foi preso por ordem do Excelentíssimo General Labatut, e desterrado para a Vila do Itapicuru, na qual se acha a mais de dois meses, com o fundamento de ser o Suplicante amigo dos Europeus, que emigraram daquela Vila para a Cidade, e de ter com eles correlações, e o mais que talvez lhe acumulassem os seus inimigos para denegrirem a boa reputação que sempre teve o Suplicante. Não é crível, Excelentíssimos Senhores, que sendo o Suplicante um preto pobre e maior de setenta anos perpetrasse um tal delito, e tanto é inocente nele, quanto se mostra da atestação juntas, e melhor dia justificando que já fez; a qual sendo apresentada ao mesmo Excelentíssimo General deposto, já mais obteve deferimento algum; por isso vem suplicar humildemente a Vossas Excelências se dignem pelo Amor de Deus mandar relaxar o Suplicante do degredo em que se acha, visto que a sua qualidade, idade, pobreza, documento junto, e da justificação mostram com a maior evidência a impossibilidade de existir nele a culpa imputada.
Pede a Vossas Excelências se dignem atender ao Suplicante, em mandá-lo soltar, visto ser inocente.
                                                                                                                      Espera Receber Mercê     
FONTE: APEB, Seção Colonial, Maço: 2883     

O CASTIGO SENHORIAL E A ABOLIÇÃO DA PENA DE AÇOITES NO BRASIL: JUSTIÇA, IMPRENSA E POLÍTICA NO SÉCULO XIX


Resumo: 

O objetivo deste artigo é analisar a criação da lei de 15 de outubro de 1886 que aboliu a pena de açoites no Brasil. Diferentemente da historiografia dedicada ao tema que destacou o contexto antiescravista internacional e as disputas parlamentares, pretendo olhar para os debates travados no âmbito da Justiça e da imprensa a partir do estudo de três casos que tiveram grande repercussão nas décadas de 1870 e 1880. Minha intenção é demonstrar como as discussões parlamentares para a abolição da pena de açoites no Brasil relacionavam-se a um amplo debate de crítica aos castigos físicos nos anos finais da escravidão.

Ricardo F. Pirola
Universidade Estadual de Campinas, Campinas - São Paulo - Brasil. 

ACESSE: 

DIÁLOGOS SOBRE HISTÓRIA DA ÁFRICA E O TRÁFICO DE ESCRAVOS NO ATLÂNTICO SUL


INTERAÇÕES ATLÂNTICAS ENTRE SALVADOR E PORTO NOVO (COSTA DA MINA) NO SÉCULO XVIII


Resumo: 

O artigo discute as dinâmicas atlânticas entre Salvador e Porto Novo, na Costa da Mina, durante o século XVIII. A despeito do foco da historiografia brasileira no tráfico baiano em Uidá, os portos a leste – os chamados “portos de baixo” – foram importantes terminais de deportação de africanos para as Américas. O artigo explorará ainda as dinâmicas entre Porto Novo e o Daomé, principal reino traficante do golfo do Benim no século XVIII, que reivindicava o “monopólio” do tráfico na região. O jogo político do tráfico de escravos envolvia entidades africanas locais, traficantes de diversas carreiras e autoridades coloniais. Observar as interações entre a Bahia e Porto Novo iluminará as diferentes fases do comércio atlântico no golfo do Benim no século XVIII.

Carlos da Silva Jr.
University of Hull 
Reino Unido – Inglaterra 

Frontiers of Citizenship: A Black and Indigenous History of Postcolonial Brazil



Book description
Frontiers of Citizenship is an engagingly-written, innovative history of Brazil's black and indigenous people that redefines our understanding of slavery, citizenship, and the origins of Brazil's 'racial democracy'. Through groundbreaking archival research that brings the stories of slaves, Indians, and settlers to life, Yuko Miki challenges the widespread idea that Brazilian Indians 'disappeared' during the colonial era, paving the way for the birth of Latin America's largest black nation. Focusing on the postcolonial settlement of the Atlantic frontier and Rio de Janeiro, Miki argues that the exclusion and inequality of indigenous and African-descended people became embedded in the very construction of Brazil's remarkably inclusive nationhood. She demonstrates that to understand the full scope of central themes in Latin American history - race and national identity, unequal citizenship, popular politics, and slavery and abolition - one must engage the histories of both the African diaspora and the indigenous Americas.

Reviews
Advance praise: ‘This book is a major achievement not only because of the innovative research and groundbreaking analysis, but also because the author has uniquely found a way to communicate these in prose that is both concise and precise. She effectively articulates theoretical and epistemological insights in a streamlined way that is certainly helpful to students and nonspecialists but also, frankly, is useful for specialist scholars trying to apprehend her reading of the archive. I can sincerely say that having read this book will forever change the way I think and teach about Atlantic slavery and Brazilian history, something that I have been doing for over twenty years.'

Amy Chazkel - Queens College, City University of New York

Advance praise:‘In Frontiers of Citizenship, Yuko Miki connects racial categories that hitherto have been archivally and historiographically separate and argues persuasively why this approach is ‘not only possible, but necessary'. By intertwining the histories of indigenous peoples and black slaves in a frontier region, she offers surprising new insights about race, slavery, and citizenship during Brazil's transition to nationhood.'

Judy Bieber - University of New Mexico

Advance praise:‘Yuko Miki provides a critical accounting of nation-state building in nineteenth century Brazil. Surprising and engaging, Miki tells a series of stories from a variety of perspectives that bring indigenous peoples into the light. She provides those of us who work in the modern era on Black-Indian disputes and alliances with an important backdrop that will inform our work in many years to come. This book would be excellent for both undergraduate and graduate courses in Brazil, nineteenth century Latin America, and adds Brazil, a country often left to one side when discussing indigenous peoples of South America.'

Jan French - University of Richmond

Advance praise:‘In placing together Indians and black slaves within a complex framework of territorial claims, labor exploitation, nation-building, and the struggle for and denial of citizenship, Yuko Miki's book opens a new frontier in the social history of nineteenth-century Brazil and Latin America in general.'
João José Reis - Universidade Federal da Bahia, author of Divining Slavery and Freedom.