LANÇAMENTO: REVOLTAS ESCRAVAS NO BRASIL

 

REVOLTAS ESCRAVAS NO BRASIL

Org. João José Reis e Flávio dos Santos Gomes

Catorze ensaios sobre as lutas da resistência escrava no Brasil analisam as maiores insurreições contra o regime escravocrata e investigam suas causas, protagonistas e consequências. 

Em 1888, a vitória da causa abolicionista, materializada por uma lei imperial, ajudou a propalar a mitologia histórica de que a libertação dos escravizados ocorreu sem lutas e derramamento de sangue. Os ensaios reunidos por João José Reis e Flávio dos Santos Gomes neste livro comprovam justamente o contrário.


Embora a história dos quilombos já possua bibliografia ampla e bem estabelecida, as revoltas e conspirações nas senzalas, modalidade mais aguda e violenta da resistência negra, têm sido menos estudadas e compreendidas. Até a abolição, milhares de cativos e cativas se irmanaram para protestar e, na maior parte dos casos, resistir violentamente contra a tirania escravista.

Reunião de ensaios que abordam os principais levantes e conspirações que solaparam o regime escravagista, Revoltas escravas no Brasil procura compreender as origens e anseios dos heroicos personagens que arriscaram a vida para resistir à opressão.

 

Com ensaios de: Eduardo Spiller Pena, Flávio dos Santos Gomes, Iacy Maia Mata, Isadora Moura Mota, João José Reis, Luiz Geraldo Silva, Lara de Melo dos Santos, Luiz Felipe de Alencastro, Marcos Ferreira de Andrade, Maria Helena P. T. Machado, Mário Maestri, Paulo Roberto Staudt Moreira, Ricardo Pirola, Ricardo Tadeu Caires Silva, Thiara Bernardo Dutra e Yuko Miki.

JOÃO JOSÉ REIS é historiador e professor da UFBA. Dele, a Companhia das Letras publicou, entre outros, A morte é uma festa (1991), pelo qual recebeu os prêmios Jabuti (categoria ensaio) e Haring (melhor obra historiográfica latino-americana), Rebelião escrava no Brasil (2003) e Ganhadores (2019). Em 2017, pelo conjunto de sua obra, o autor ganhou o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras.

 

FLÁVIO DOS SANTOS GOMES é historiador e professor da UFRJ. Escreveu, entre outros livros, A hidra e os pântanos (2006) e O alufá Rufino (2011), com João José Reis e Marcus J. M. de Carvalho. Organizou, com Lilia M. Schwarcz, o Dicionário da escravidão e liberdade (2018) e a Enciclopédia negra (2021), que contou também com a colaboração de Jaime Lauriano.

 SERVIÇO:

Revoltas escravas no Brasil, Vários autores; Organização João José Reis e Flávio dos Santos Gomes

Número de páginas: 672

Preço: R$ 109,90 / e-book: 44,90

Lançamento: 17/09/21

 

 

 

 

 

Assessoria de comunicação

Grupo Companhia das Letras

Mariana Figueiredo – Tamiris Busato

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ALFORRIADA NO DENDÊ

 


Dentre o rol das alforrias condicionais encontramos as mais diversas exigências de senhores e senhoras para com seus escravos e escravas. Os alforriados por condição podiam servir aos seus senhores até morrerem, ou servir aos seus filhos; prestar serviços dos mais diversos como carregar cadeira, dentre outros. Para Thereza não foi diferente, ao ser alforriada seu senhor exigiu que quando ele retornasse à cidade de Salvador ela cozinhasse para ele. Thereza, conquistou sua alforria no dendê, e seu senhor não aguentou perder. 


Carta de Liberdade [da preta] [Thereza]

Digo eu Joze Francisco da Silva [Porto] que entre os mais bens que possuo, que entre móveis como de raiz é bem assim uma Escrava de nome Thereza de nação do Gentil da Costa, cuja escrava a forro como se fosse livre de ventre, como eu e meus herdeiros, de hoje em diante e poderão procurar, ficando ela obrigada a todo tempo que eu tornar a esta Cidade vir para minha companhia, não como Cativa, se não para me cozinhar, não tornando se não será obrigada a filho meu. Por verdade lhe passei esta de minha letra e sinal. Bahia, cinco de novembro de mil oitocentos vinte três, Joze Francisco da Silva Porto. Como testemunha João Alvares Norte, João Joze da Silva, Tabelião Motta. Bahia, vinte quatro de setembro de mil oitocentos vinte três. Simões. Eu abaixo assinado firma do atesto e jurarei em Juízo, sendo necessário em como a letra do escrito acima é do próprio Joze Francisco da Silva Porto, assim como também a outra assinatura é do próprio João Alvares Norte, Caixeiro que foi do dito. Bahia, quatro de dezembro de mil oitocentos e vinte três. Joze Francisco da Silva Porto. Bahia, quatro de dezembro de mil oitocentos e vinte e três. Joaquim de Santa Ana. Nicerio. Reconheço a letre e firma dos abaixo assinados retro por próprias. Bahia, nove de dezembro de mil oitocentos e vinte e três. Estava o sinal público em testemunho de verdade. Francisco Teixeira de Mata Bacellar. E trasladada da própria que me foi apresentada a que me reporto, a entreguei ao dito abaixo assinou, e com ela e outro oficial de Justiça esta conferi, concertei, subscrevi e assinei. Bahia, 12 de dezembro de mil oitocentos e vinte e três e Eu Francisco Teixeira da Mata Bacellar, Tabelião a subscrevi e assinei.      

Fonte: APEB, Seção Judiciária, Livro de Notas 209, página 235.