ENTRE ESCRAVOS E LIBERTOS


Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor
Chegando ao conhecimento desta subdelegacia, que o indivíduo de nome Candeal, crioulo, trata por meios reprovados de vender a crioula de nome Auta, escrava da africana liberta Maria Perciliana Bandeira; para cujo fim criou o negro plano de depositá-la em um Candomblé da Boavista, onde dizem estar ela condenada a passar um ano com outras companheiras de infortúnio, e como Candeal seja um espertalhão, e capaz de forjar uma escritura e procuração falsas, e por este meio conseguir vender a dita escrava, e sendo mais amplos os meios de que Vossa Excelência dispõe, remeto-o afim de, tomando Vossa Excelência as necessárias providências, proceder como entender conveniente em ordem ao aparecimento da escrava, e a prevenir atratanto da que está eminente, e que tem sido somente extornada pela falta de documento, pela qual Candeal tem feito todo o empenho para obter.
Deus Guarde a Vossa Excelência, muitos anos.
Bahia e Curato da Sé, 29 de janeiro de 1876.
Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor Doutor
Chefe de Polícia
Antonio Joaquim Rodrigues Pinto
Subdelegado em exercício.
Texto na lateral do documento:
Entregou-se o documento a quem se interessava por este em 24 de agosto de 1876. 

Fonte: Arquivo Público do Estado da Bahia
Seção Colonial / Provincial  
Série: Polícia – Correspondência recebida de subdelegados.
Maço: 6244 – Ano: 1876
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