BAILES DESONESTOS NA BAHIA DO XVIII


Registro da Carta escrita ao Senhor Conde, sobre haverem nesta Cidade bailes desonestos.
Senhor, sendo os povos desta Bahia tão católicos, como testemunha o grande zelo com que veneram o Culto Divino não deixa, porém, Senhor, de haver entre ele algumas gentilidades entre os escravos, e ainda muitos forros seguindo, e usando ritos antigos, e supertições com grande escândalo e ofensa de Deus que é o mais, e assim há nesta Bahia entre esta casta de gente uns bailes supersticiosos de alaridos, tabaques fazendo uma grande bulha, principalmente aos domingos, e dias santos na Praça do Terreiro de Jesus, e mais bairros da Cidade, e nos arredores dela muitas casas que para isso têm, donde de noite se costuma ajuntar não somente a gente preta, mas ainda mulatos e mulatas, brancos, brancas a fazerem e usarem estes tais referidos alaridos e bailes com pretexto de adivinhar neles, e de outros ritos e abusos contra a Religião Católica. E havendo esta continuado há muitos anos, se não lhe deu nunca o remédio, e como Vossa Excelência é tão pio, e tão Católico, como reconhece este povo lhe faz presente o referido. A Pessoa de Vossa Excelência guarde Deus muitos anos. Bahia e Câmara dez de setembro de mil setecentos e dezoito, João de Couros Carneiro, Escrivão da Câmara o subescrevi, João de Brito e Lima, José de Araújo Rocha, José Soares Ferreira, Antonio Gonçalves da Rocha.
Fonte: 
Arquivo Histórico Municipal de Salvador  
Ofícios do Governo - 1712-1736 
Estante: 5 Prateleira: 3