Por Fabrício Marques
A multiplicação de projetos de digitalização de acervos de bibliotecas, arquivos e museus está modificando a forma como pesquisadores brasileiros trabalham. Nos últimos 15 anos, diversas instituições se empenharam em oferecer na internet documentos, fotografias e vídeos que antes só eram disponíveis em visitas agendadas. O resultado desse esforço é sensível. Em alguns casos, a facilidade de procurar e encontrar itens com ferramentas de busca ampliou acesso a informações difíceis de garimpar manualmente, potencializando a qualidade da pesquisa. Em outros exemplos, permitiu ao menos conhecer remotamente a amplitude de determinado acervo para organizar uma consulta presencial mais rápida e eficiente. “Estudantes e pesquisadores estão sendo formados nesse novo contexto. É um caminho sem retorno”, diz o historiador Pedro Puntoni, professor da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Núcleo de Cultura Digital do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). “A biblioteca e o arquivo em papel sempre vão ter importância, mas perdem espaço para a internet diante da facilidade de ter acesso a documentos, imagens e livros, assim como teses e revistas digitais disponíveis on-line”, afirma.
A multiplicação de projetos de digitalização de acervos de bibliotecas, arquivos e museus está modificando a forma como pesquisadores brasileiros trabalham. Nos últimos 15 anos, diversas instituições se empenharam em oferecer na internet documentos, fotografias e vídeos que antes só eram disponíveis em visitas agendadas. O resultado desse esforço é sensível. Em alguns casos, a facilidade de procurar e encontrar itens com ferramentas de busca ampliou acesso a informações difíceis de garimpar manualmente, potencializando a qualidade da pesquisa. Em outros exemplos, permitiu ao menos conhecer remotamente a amplitude de determinado acervo para organizar uma consulta presencial mais rápida e eficiente. “Estudantes e pesquisadores estão sendo formados nesse novo contexto. É um caminho sem retorno”, diz o historiador Pedro Puntoni, professor da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Núcleo de Cultura Digital do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). “A biblioteca e o arquivo em papel sempre vão ter importância, mas perdem espaço para a internet diante da facilidade de ter acesso a documentos, imagens e livros, assim como teses e revistas digitais disponíveis on-line”, afirma.
De um
computador pessoal em sua casa, o professor e pesquisador Wilton José Marques
encontrou em meados de março um poema esquecido de um dos principais nomes da
literatura brasileira, o escritor Machado de Assis (1839-1908), conhecido do
leitor sobretudo pelos contos e romances. Não se trata de um poema qualquer,
mas o primeiro, publicado no jornal Correio Mercantil, do Rio, em 9 de setembro
de 1856, intitulado “O grito do Ipiranga”. Especialistas da obra de Machado
consideravam que sua produção iniciara em 1858 com o poema “Esperança”, quando
o autor, aos 19 anos, começou a trabalhar como revisor naquele jornal. O achado
de Marques foi possível graças à digitalização do Correio Mercantil pela
Biblioteca Nacional, que criou em 2009 sua hemeroteca digital. Marques,
professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar), diz que encontrou a poesia graças a “um pouco de faro e um pouco de
sorte”. Procurava os primeiros poemas de Machado para uma pesquisa sobre
influências românticas na obra do autor. “Fui conferir as fontes, olhando poema
por poema das coletâneas, a partir de 1858. Por curiosidade, resolvi fazer a
busca em anos anteriores e ‘O grito do Ipiranga’, apareceu”, diz. Marques
decidiu interromper sua pesquisa e se dedica a um artigo sobre a poesia. “É um
poema longo, uma glorificação do grito da independência e de dom Pedro I. Uma
das características da literatura de Machado é a intertextualidade: ele dialoga
com outras obras e referências históricas. Nesse primeiro poema, compara o
tempo todo a Independência com a república romana”, diz Marques.
Outro
interesse do pesquisador é lançar luzes sobre a juventude de Machado. “Imagine
como numa sociedade escravocrata um jovem negro de 17 anos, com educação formal
que a gente não sabe muito bem como foi obtida, conseguiu se inserir no
universo intelectual do Rio de Janeiro e colaborar num jornal importante da
época.”
A
Biblioteca Nacional tem um dos mais longevos programas de digitalização no
país. Começou em 2006 e, hoje, oferece 900 mil documentos on-line, que rendem
400 mil consultas virtuais por mês. Há coleções de fotos, mapas e músicas. No
mês passado, foi lançado o portal Brasiliana Fotográfica
(brasilianafotografica.bn.br) com mais de 2 mil fotos históricas de coleções da
própria biblioteca e do Instituto Moreira Salles. A maior parte do acervo
digital é composta por jornais brasileiros. São 5 mil títulos, digitalizados
com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “Temos a
prerrogativa do depósito legal, que é a recepção de um exemplar de todas as
publicações produzidas em território nacional. Por isso, nossa coleção é a mais
abrangente do país”, diz Angela Bettencourt, coordenadora da Biblioteca
Nacional Digital. A decisão de oferecer os jornais se deveu também a uma
questão prática: o acervo era dos mais consultados da instituição.
ACESSE NA ÍNTEGRA: http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/05/15/resgate-de-conhecimento/