A idéia de criar um prêmio que denunciasse a repressão, atribuindo-lhe o
nome de Vladimir Herzog, surgiu dentro do Comitê Brasileiro de Anistia
(CBA) de Minas Gerais, então presidido por Helena Grecco, em 1977, dois
anos após o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências
do DOI/CODI, em São Paulo. A proposta foi levada ao Congresso Nacional
pela Anistia, realizado em São Paulo, em 1978, e aí aprovada, ficando
com o CBA/SP a tarefa de elaborar o regimento do prêmio e concretizá-lo.
Perseu Abramo, então representante do Sindicato dos Jornalistas no
CBA/SP, assumiu a tarefa de “servir de ponte entre as entidades e
articular, juntamente com muitos outros companheiros, a implementação da
idéia e organização da primeira edição do prêmio”, como explicou o
próprio Perseu Abramo na época.
Primeiro prêmio explicitamente antifascista do País, o Vladimir Herzog
foi, na verdade, uma decorrência da vontade da sociedade brasileira, que
se batia então pela democracia e pelos ideais de justiça e liberdade.
Sua primeira edição aconteceu em 1978, organizada pelo Sindicato dos
Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Comitê Brasileiro de
Anistia, Comissão de Direitos Humanos da OAB, Comissão de Justiça e Paz
da Cúria Metropolitana/SP, Associação Brasileira de Imprensa, Federação
Nacional dos Jornalistas. Recebeu apoio imediato das agências e jornais
internacionais, que acompanhavam as ações repressivas, os atentados à
liberdade de imprensa e, principalmente, as denúncias de desrespeito aos
Direitos Humanos e de perseguição àqueles que lutavam pela
democratização do País.
O objetivo da premiação era estimular os jornalistas, numa época de
forte censura, a denunciar estes abusos. Nos primeiros anos, participar
do Vladimir Herzog era visto como um desafio ao governo. Como essa
situação era vivida por praticamente toda a América Latina, em suas
primeiras edições, o Prêmio Vladimir Herzog era concedido também a
profissionais desses países. Com a redemocratização em boa parte do
continente, cerca de oito anos depois, a premiação se concentrou apenas
nas matérias publicadas em território nacional.
Hoje, o Brasil vive um regime democrático e sem cerceamento da
informação, mas, infelizmente, os atos de desrespeito e de atropelo aos
Direitos Humanos continuam acontecendo. Diariamente, nos jornais e nas
emissoras de rádio e tevê, o cidadão brasileiro se defronta com
denúncias de abusos contra crianças, adolescentes, idosos, internos em
casas de detenção, cidadãos à margem da sociedade e injustiças sociais
de toda ordem. Neste sentido, o prêmio acabou ganhando ainda mais força e
crescente responsabilidade por premiar jornalistas que se dedicam a
reportagens que estimulam a luta pela cidadania, contra todo o tipo de
tortura e exclusão social e, ainda, pelos direitos à moradia, educação e
saúde.
O respeito que a sociedade e os jornalistas de todo o Brasil dedicam ao
prêmio Vladimir Herzog pode ser comprovado pelo volume de trabalhos
inscritos. Todos os anos, mais de 300 chegam de todo o Brasil. É
importante notar que os ganhadores não recebem qualquer quantia em
dinheiro, o prêmio é disputado exatamente pelo seu prestígio. Um dos
prêmios mais antigos do Brasil, ele continua vinculado à luta pelos
Direitos Humanos e Cidadania, sem envolvimento de empresas, instituições
e segmentos jornalísticos.
Anualmente são premiadas onze categorias: Livro-reportagem / Artes /
Fotografia / Jornais / Literatura / Rádio / Revista / Teatro / TV –
Documentário e/ou Especial / TV – Jornalismo Diário e Imagem de TV. Já
foram agraciados inúmeros profissionais que militam nos principais
veículos impressos e eletrônicos do País.