A história do Prêmio Jabuti começa por volta de 1957, em um período
repleto de desafios para o mercado editorial, com recursos escassos e
baixa articulação do segmento. Apesar das adversidades, não faltava
entusiasmo aos dirigentes da Câmara Brasileira do Livro naquela época.
As discussões foram comandadas pelo então presidente da entidade, Edgar
Cavalheiro e pelo secretário Mário da Silva Brito – dois intelectuais e
estudiosos da literatura brasileira –, além de outros membros da
diretoria do biênio 1955-1957 interessados em premiar autores, editores,
ilustradores, gráficos e livreiros que mais se destacassem a cada ano.
Essas discussões em torno de uma “láurea” ou “galardão”, como
se dizia na época, ganharam forma na diretoria seguinte, de 1957-1959,
presidida por Diaulas Riedel, a quem coube a confirmação da escolha da
figura do jabuti para nomear o prêmio e a realização de concurso para a
confecção da estatueta, vencido pelo escultor Bernardo Cid de Souza
Pinto.
A primeira premiação ocorreu também na gestão do presidente
Diaulas Riedel. No final do ano de 1959, em solenidade simples e
despretensiosa realizada no auditório da antiga sede da CBL na avenida
Ipiranga, foi feita a entrega do primeiro Prêmio Jabuti. Foram laureados
autores como Jorge Amado, na categoria Romance, pela obra “Gabriela,
Cravo e Canela”. A Saraiva ganhou o prêmio de Editor do Ano.
Os povos africanos
que foram escravizados no Brasil trouxeram um imenso repertório de
saberes, de técnicas de cultivo, de criação de animais, de mineração, de
construção de casas, de navegação, de religiosidade, de filosofia, de
culturas musicais, de conhecimento sobre ervas medicinais, de tratamento
curativo de doenças físicas e mentais, de dança, de divertimentos e
culinária. A interação entre estes povos, vindos de diferentes regiões e
grupos étnicos do continente africano, construiu ao longo de séculos um
novo cenário cultural nas Américas. Ao mesmo tempo também estavam em
curso interações, disputas e trocas entre tradições africanas,
portuguesas e indígenas. O encontro, nem sempre amistoso, entre esses
diferentes povos fez nascer uma cultura original e diversificada: a
cultura afro-brasileira. Muito do que hoje nos define como brasileiros é
fruto desta criação cultural, na qual os africanos e seus descendentes
foram protagonistas imp ortantes. É sobre a formação dessa cultura que
falaremos neste livro.