PATRIMÔNIO HISTÓRICO: Arquivo Público guarda memória há 120 anos.

Cartas de alforrias, inventários e manuscritos originais do período colonial integram o vasto acervo sobre a Bahia e o Brasil que é preservado até hoje

Um raro acervo documental sobre a história da Bahia e do Brasil é preservado no Arquivo Público do Estado, que completa 120 anos como o segundo mais importante do país, atrás apenas do Arquivo Nacional. No arquivo são encontrados vastos materiais, entre cartas de alforrias, inventários e manuscritos originais datados do período colonial, quando Salvador ainda mantinha o título de sede do Governo Geral do Estado (1549-1763).

A instituição, responsável pela guarda definitiva de documentos pertencentes ao Estado, foi fundada em 1890, pelo então governador Manoel Vitorino Pereira. Hoje, o órgão, vinculado à Secretaria de Cultura do Estado (Secult), por meio da Fundação Pedro Calmom (FPC), reúne o equivalente a 25 quilômetros de caixas de documentos históricos. Dos mais famosos, destaca-se o acervo do Tribunal da Relação do Estado do Brasil e da Bahia (1652-1822), considerado pela Unesco Memória do Mundo.


"Esse reconhecimento significa que temos de ter muito mais zelo com a guarda dos nossos arquivos, por ganhar projeção e visualização internacional. Pesquisadores do mundo inteiro estão interessados em conhecê-los e com frequência visitam nossos documentos", afirma o diretor de Arquivos da FPC, Paulo de Jesus.
Gestão – Para aprimorar a organização e o recolhimento dos documentos, onde estão incluídas também coleções privadas e de jornais, a Secult e a Secretaria de Administração (Saeb) instituíram, neste ano, a primeira Tabela de Temporalidade de Documentos (TTD). Trata-se de um instrumento de gestão documental para racionalização administrativa.
"É uma forma de começarmos a padronizar o recolhimento dos documentos estaduais, simplificando os processos de gestão e qualificando a produtividade do serviço público. Isso para preservar a memória institucional do Estado e garantir ao cidadão o direito de acesso à informação", explica a diretora do Arquivo Público, Tereza Matos, enfatizando o andamento de projetos para informatização do acervo.

Alguns documentos de destaque:

Carta de Doação da Sesmaria da Ilha de Itaparica, concedida, em 1552, por Thomé de Souza a dom Antonio de Athayde
Coleção de Regimentos Reais dos séculos XVI ao XIX
Conjuração Baiana de 1798
Registros sobre captura e pedido de soltura de escravos (Século XIX)
Independência do Brasil na Bahia (1822-1823)
Rebelião Escrava dos Malês (1835)
Revolta da Sabinada (1837)
Auto de perguntas da Revolta dos Canudos (1897)
Coleção do Diário Oficial do Estado da Bahia (1915-2008)


O acervo pode ser consultado gratuitamente pela população, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h30, no prédio histórico da Quinta dos Padres, na Baixa de Quintas. Além de ampla biblioteca, as salas de consultas de manuscritos e impressos e de microfilmes garantem o acesso à vasta documentação disponível.
Para estudantes, a instituição promove a iniciativa Arquivo Escola, com visitas monitoradas de alunos matriculados na rede pública de ensino. Na programação, apresentação de vídeo, exposição de documentos, aulas de história da Bahia e visitas aos setores de restauração, salas de pesquisa e biblioteca.
"Somente neste ano, já recebemos 790 estudantes, além de universitários de cursos de Arquivologia, Sociologia e História", informou Tereza Matos. Mais informações sobre o atendimento prestado no arquivo podem ser obtidas pelo telefone (71) 3116-2160 ou e-mail apf.fpc@fpc.ba.gov.br.