LANÇAMENTO: REVISTA DA ABPN
Apresentação / Revista da ABPN - v. 1, n. 1 - mar-jun de 2010
É isso,
conseguimos! Aqui está o primeiro número da Revista da ABPN!
É com grande alegria e orgulho que chegamos a este momento. Há tempos
que a produção de intelectuais negras e negros merece contar com um
espaço como este no Brasil. Demos, então, mais um passo. Nosso profundo
desejo agora é garantir a manutenção e o crescimento da conquista.
Sabemos que, para isso, tanto ou mais esforço será necessário e vamos em
frente.
Nossa empreitada
intelectual é, portanto e desde o início, política. Eis o que orientou a
escolha temática do número inaugural: experiências de mulheres negras
na produção do conhecimento. Entendemos que raça e gênero têm servido
como eixos de diferenciação negativa, consolidados nas práticas teóricas
e cotidianas responsáveis por excluir sistematicamente mulheres negras
dos sistemas de pensamento, negando-as como sujeitos de conhecimento
científico e dificultando, sobremaneira, seu acesso às posições de
poder.
Na trilha de Lélia
Gonzalez, podemos afirmar que o empreendimento coletivo na busca por
reconhecimento e visibilidade tem como nexo prioritário tirar dos cantos
escondidos, das sobras, das brechas, o pensamento da mulher negra e
colocá-lo no centro do debate. Ao fazermos esse movimento, insurgem-se
vozes que destituem os discursos hegemônicos. Vozes de mulheres negras
ecoam de diversos espaços, reverberando modos de se colocar no mundo,
contrariando destinos pré-fixados.
De uma forma ou de
outra, são muitas as mulheres negras que instituíram um domínio de
atuação do qual somos todas herdeiras e herdeiros, um domínio próprio,
que não deita raízes apenas no movimento negro, tampouco é absorvido
completamente pela perspectiva feminista. Como adequadamente disse Sueli
Carneiro, é a demarcação de um terceiro lugar, uma identidade que se
forma da intersecção desses e outros vetores.
Seja nos termos
dos debates de gênero, do feminismo negro ou da perspectiva feminina de
construção de saberes, os textos aqui publicados compõem um mosaico
interessante dessas possibilidades.
Valendo-se do
acúmulo reflexivo produzido por mulheres negras, em sua heterogeneidade
de experiências, desde a escravidão ao século XXI, e atenta aos
processos de circulação e desenvolvimento dessas idéias, Jurema Werneck
principia seu artigo colocando em suspenso a legitimidade da lógica do
saber individualizado e individualista. Trata-se de um posicionamento
indispensável para a análise que faz em seguida das formas de
resistência feminina negra, em especial dos modos como as mulheres
conseguiram acessar a indústria da música popular brasileira e difundir
seus modos de estar, compreender e atuar no cotidiano. Em chave
próxima, Kia Lilly Caldwel discute as origens e condições de
desenvolvimento dos estudos sobre a mulher negra no Brasil e nos
Estados Unidos. Reflete sobre as perspectivas abertas pelo aumento do
ingresso de
estudantes negras nos espaços acadêmicos dos dois países e o impacto
que isso pode gerar no sentido de potencializar tal campo de estudos.
Em "Vozes
soantes no Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis: mulheres
negras no pós 1945", Joselina da Silva dialoga sobre a atuação de três
lideranças negras: Maria de Lurdes Nascimento, do Congresso Nacional de
Mulheres Negras, no Rio de Janeiro; Nair Theodora Araújo da Associação
Cultural do Negro, em São Paulo; e Antonieta de Barros, deputada
estadual negra, por Santa Catarina. A controversa vida da dramaturga
estadunidense Lorraine Hansberry, expressa em sua obra - com destaque
para a peça A Raisin in the Sun -, figura como centro do debate
apresentado por Omi Osun Joni L. Jones sobre os caminhos trilhados e as
possibilidades das lutas contra o racismo, o sexismo e o imperialismo,
da perspectiva de diferentes sujeitos sociais. A trajetória de Lélia
Gonzáles, por sua vez, serve como ponto de partida
para Elizabeth do Espírito Santo Viana expor suas considerações sobre a
persistente atuação de intelectuais negras e a emergência do feminismo
negro nos anos 1970 e 1980. O feminismo negro também é o ponto de
partida do artigo Ana Angélica Sebastião, que analisa os discursos de
três organizações de mulheres negras brasileiras - Criola, no Rio de
Janeiro, Geledés, em São Paulo, e Casa de Cultura da Mulher Negra, em
Santos - emitidos em produtos de comunicação.
Outros modos de
reflexão sobre a experiência feminina negra são apresentados por Mayra
Santos-Febres, em seu artigo "Mais mulher que todas!"; e Edwidge
Danticat, em "Somos Feias, Mas Estamos Aqui" - textos fundados em
lembranças de sabores, dissabores e resistências expressos por meio de
trajetórias de mulheres negras nas Américas. Andréia Lisboa também
promove um diálogo semelhante, ao aproximar-se do livro de memórias de
Maria de los Reyes Castillo Bueno, Reyita, mulher negra cubana que viveu
intensamente o século XX e fina sintonia com o legado de seus
antepassados.
A última parte deste número traz resenha de
Tatiana Nascimento dos Santos do livro organizado por Elisa Larkin
Nascimento, Guerreiras de Natureza: mulher negra, religiosidade e
ambiente, terceiro volume da Coleção Sankofa. Santos destaca a
importância das perspectivas femininas sobre história e cultura
afro-brasileiras, sobretudo no contexto de implementação da Lei n.
10.639/03. Temos, por fim, a entrevista de Michele Lopes da Silva feita
por Eliane Cavalleiro, na qual a mestre em Educação pela UFMG fala
sobre trajetórias de mulheres negras e os desafios enfrentados nos
processos de construção de conhecimento.
Desejamos a todas e
todos uma boa leitura!
Ana Flávia
Magalhães Pinto e Eliane Cavalleiro
1º COLÓQUIO IBERO-AMERICANO: PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO
Dentro
da perspectiva aberta nas ultimas décadas pela ampliação do conceito de
patrimônio, a idéia de "paisagem cultural" parece oferecer novas
possibilidades para a área, combinando aspectos materiais e imateriais
do conceito, muitas vezes pensados separadamente, indicando as
interações significativas entre o homem e o meio ambiente natural. Com
isso, recoloca-se o próprio campo do patrimônio cultural, abrindo-se
uma perspectiva contemporânea para, ao lado das novas contribuições,
inclusive tecnológicas, se pensar também de forma mais integrada
diversas idéias tradicionais do campo da preservação.
Este colóquio pretende discutir as diversas dimensões da idéia da paisagem cultural, tanto aquelas de natureza conceitual, metodológicas e projetuais, quanto suas implicações para as políticas de valorização e intervenção. Essa discussão dá-se num momento em que, na América Latina começam a se criar instrumentos para a tutela da paisagem, cabendo se destacar a promulgação, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) da Portaria n. 127, que estabelece a chancela da "Paisagem Cultural Brasileira", definida ali como uma "porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores".
Este colóquio é fruto de uma colaboração entre o Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o grupo de pesquisa Paisaje Cultural - Intervenciones Contemporáneas en la Ciudad y el Territorio da Universidad Politécnica de Madrid (UPM), que também realiza um trabalho interdisciplinar sobre a paisagem, articulando áreas como a arquitetura, a engenharia civil, as ciências da terra, as ciências sociais, a história e a arte, através de três linhas de trabalho ancoradas na construção da memória, na construção da exterioridade e na re-construção da paisagem.
Este colóquio pretende discutir as diversas dimensões da idéia da paisagem cultural, tanto aquelas de natureza conceitual, metodológicas e projetuais, quanto suas implicações para as políticas de valorização e intervenção. Essa discussão dá-se num momento em que, na América Latina começam a se criar instrumentos para a tutela da paisagem, cabendo se destacar a promulgação, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) da Portaria n. 127, que estabelece a chancela da "Paisagem Cultural Brasileira", definida ali como uma "porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores".
Este colóquio é fruto de uma colaboração entre o Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o grupo de pesquisa Paisaje Cultural - Intervenciones Contemporáneas en la Ciudad y el Territorio da Universidad Politécnica de Madrid (UPM), que também realiza um trabalho interdisciplinar sobre a paisagem, articulando áreas como a arquitetura, a engenharia civil, as ciências da terra, as ciências sociais, a história e a arte, através de três linhas de trabalho ancoradas na construção da memória, na construção da exterioridade e na re-construção da paisagem.
ACESSE A PROGRAMAÇÃO COMPLETA:
II ENCONTRO DE NOVOS PESQUISADORES EM HISTÓRIA
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA: http://novospesquisadores2010. wordpress.com/
THE HISTORY OF WHITE PEOPLE - Who's white?
By LINDA GORDON
Nell Irvin Painter’s title, “The History of White People,” is a
provocation in several ways: it’s monumental in sweep, and its
absurd
grandiosity should call to mind the fact that writing a “History
of Black
People” might seem perfectly reasonable to white people. But the
title is
literally accurate, because the book traces characterizations of
the
lighter-skinned people we call white today, starting with the
ancient
Scythians. For those who have not yet registered how much these
characterizations have changed, let me assure you that sensory
observation
was not the basis of racial nomenclature.
Robin Holland
Nell Irvin Painter
Some ancient descriptions did note color, as when the ancient
Greeks
recognized that their “barbaric” northern neighbors, Scythians and
Celts,
had lighter skin than Greeks considered normal. Most ancient
peoples
defined population differences culturally, not physically, and
often
regarded lighter people as less civilized. Centuries later,
European
travel writers regarded the light-skinned Circassians, a k a
Caucasians,
as people best fit only for slavery, yet at the same time labeled
Circassian slave women the epitome of beauty. Exoticizing and
sexualizing
women of allegedly inferior “races” has a long and continuous
history in
racial thought; it’s just that today they are usually
darker-skinned
women.
“Whiteness studies” have so proliferated in the last two
decades that
historians might be forgiven a yawn in response to being told that
racial
divisions are fundamentally arbitrary, and that deciding who is
white has
been not only fluid but also heavily influenced by class and
culture. In
some Latin American countries, for example, the term blanquearse,
to bleach oneself, is used to
mean moving upward in class status. But this concept — the social
and
cultural construction of race over time — remains harder for many
people
to understand than, say, the notion that gender is a social and
cultural
construction, unlike sex. As recently as 10 years ago, some of my
undergraduate students at the University of Wisconsin
heard my explanations of
critical race theory as a denial of observable physical
differences.
I wish I had had this book to offer them. Painter, a renowned
historian
recently retired from Princeton, has written an unusual study: an
intellectual history, with occasional excursions to examine
vernacular
usage, for popular audiences. It has much to teach everyone,
including
whiteness experts, but it is accessible and breezy, its coverage
broad and
therefore necessarily superficial.
The modern intellectual history of whiteness began among the
18th-century German scholars who invented racial “science.” Johann
Joachim
Winckelmann made the ancient Greeks his models of beauty by
imagining them
white-skinned; he may even have suppressed his own (correct)
suspicion
that their statues, though copied by the Romans in white marble,
had
originally been painted. The Dutchman Petrus Camper calculated the
proportions and angles of the ideal face and skull, and produced a
scale
that awarded a perfect rating to the head of a Greek god and
ranked
Europeans as the runners-up, earning 80 out of 100. The Englishman
Charles
White collected skulls that he arranged from lowest to highest
degree of
perfection. He did not think he was seeing the gradual improvement
of the
human species, but assumed rather the polygenesis theory: the
different
races arose from separate divine creations and were designed with
a
range of quality.
The modern concept of a Caucasian race, which students my age
were
taught in school, came from Johann Friedrich Blumenbach of
Göttingen, the
most influential of this generation of race scholars. Switching
from
skulls to skin, he divided humans into five races by color —
white,
yellow, copper, tawny, and tawny-black to jet-black — but he
ascribed
these differences to climate. Still convinced that people of the
Caucasus
were the paragons of beauty, he placed residents of North Africa
and India
in the Caucasian category, sliding into a linguistic analysis
based on the
common derivation of Indo-European languages. That category,
Painter
notes, soon slipped free of any geographic or linguistic moorings
and
became a quasi-scientific term for a race known as “white.”
Some great American heroes, notably Thomas Jefferson and Ralph Waldo Emerson,
absorbed Blumenbach’s
influence but relabeled the categories of white superiority. They
adopted
the Saxons as their ideal, imagining Americans as direct and
unalloyed
descendants of the English, later including the Germans. In
general,
Western labels for racial superiority moved thus: Caucasian →
Saxon →
Teutonic → Nordic → Aryan → white/Anglo.
The spread of evolutionary theory required a series of
theoretical
shifts, to cope with changing understandings of what is heritable.
When
hereditary thought produced eugenics, the effort to breed superior
human
beings, it relied mostly on inaccurate genetics. Nevertheless,
eugenic
“science” became authoritative from the late 19th century through
the
1930s. Eugenics gave rise to laws in at least 30 states
authorizing forced
sterilization of the ostensibly feeble-minded and the hereditarily
criminal. Painter cites an estimate of 65,000 sterilized against
their
will by 1968, after which a combined feminist and civil rights
campaign
succeeded in radically restricting forced sterilization. While
blacks and
American Indians were disproportionately victimized, intelligence
testing
added many immigrants and others of “inferior stock,”
predominantly
Appalachian whites, to the rolls of the surgically sterilized.
In the long run, the project of measuring “intelligence”
probably did
more than eugenics to stigmatize and hold back the nonwhite.
Researchers
gave I.Q. tests to 1,750,000 recruits in World War I and found
that the
average mental age, for those 18 and over, was 13.08 years. That
experiment in mass testing failed owing to the Army’s insistence
that even
the lowest ranked usually became model soldiers. But I.Q. testing
achieved
success in driving the anti-immigration movement. The tests
allowed
calibrated rankings of Americans of different ancestries — the
English at
the top, Poles on the bottom. Returning to head measurements,
other
researchers computed with new categories the proportion of
different
“blood” in people of different races: Belgians were 60 percent
Nordic (the
superior European race) and 40 percent Alpine, while the Irish
were 30
percent Nordic and 70 percent Mediterranean (the inferior European
race).
Sometimes politics produced immediate changes in these supposedly
objective findings: World War I caused the downgrading of Germans
from
heavily Nordic to heavily Alpine.
Painter points out, but without adequate discussion, that the
adoration
of whiteness became particularly problematic for women, as pale
blue-eyed
blondes became, like so many unattainable desires, a reminder of
what was
second-class about the rest of us. Among the painfully comic
absurdities
that racial science produced was the “beauty map” constructed by
Francis
Galton around the turn of the 20th century: he classified people
as good,
medium or bad; he categorized those he saw by using pushpins and
thus
demonstrated that London ranked highest and Aberdeen lowest in
average
beauty.
Rankings of intelligence and beauty supported escalating
anti-Catholicism and anti-Semitism in early-20th-century America.
Both prejudices racialized non-Protestant groups. But Painter
misses
some crucial regional differences. While Jews and Italians were
nonwhite
in the East, they had long been white in San Francisco, where the
racial
“inferiors” were the Chinese. Although the United States census
categorized Mexican-Americans as white through 1930, census
enumerators in the Southwest, working from a different racial
understanding, ignored those instructions and marked them “M” for
Mexican.
In the same period, anarchist or socialist beliefs became a
sign of
racial inferiority, a premise strengthened by the presence of many
immigrants and Jews among early-20th-century radicals. Whiteness
thus
became a method of stigmatizing dissenting ideas, a marker of
ideological
respectability; Painter should have investigated this phenomenon
further.
Also missing from the book is an analysis of the all-important
question:
Who benefits and how from the imprimatur of whiteness? Political
elites
and employers of low-wage labor, to choose just two groups,
actively
policed the boundaries of whiteness.
But I cannot fault Nell Painter’s choices — omissions to keep a
book
widely readable. Often, scholarly interpretation is transmitted
through
textbooks that oversimplify and even bore their readers with vague
generalities. Far better for a large audience to learn about
whiteness
from a distinguished scholar in an insightful and lively
exposition.
Linda Gordon is a professor of history at New York University
and the
author, most recently, of “Dorothea Lange: A Life Beyond
Limits
ACESSE: http://www.nellpainter.com/
Colaborador desta postagem: J. J. Reis
I Simpósio Internacional de Estudos Sobre a Escravidão Africana no Brasil
De 15 a 18 de junho de 2010
Natal - Brasil
Conferências - Auditório da Reitoria: 19h às 20h30min.
Natal - Brasil
Conferências - Auditório da Reitoria: 19h às 20h30min.
Terça - dia 15/06/2010
John Russell-Wood (Johns Hopkins University, Estados Unidos).
John Russell-Wood (Johns Hopkins University, Estados Unidos).
Quarta - dia 16/06/2010
Marcus Joaquim Maciel de Carvalho (Universidade Federal de Pernambuco - UFPE).
Marcus Joaquim Maciel de Carvalho (Universidade Federal de Pernambuco - UFPE).
Quinta - dia 17/06/2010
Luiz Felipe de Alencastro (Université de Paris IV – SORBONNE - França).
Luiz Felipe de Alencastro (Université de Paris IV – SORBONNE - França).
Sexta - dia 18/06/2010
João José Reis (Universidade Federal da Bahia - UFBA).
João José Reis (Universidade Federal da Bahia - UFBA).
Quarta - dia 16/06/2010: Margens
Atlânticas: africanos, marinheiros e redes de trafico.
Roquinaldo Amaral Ferreira (University of Virginia,
Estados Unidos);
"A Primeira 'Partilha' da África: Decadência e Ressurgência do Comércio Português na Costa do Ouro (ca. 1650 - ca. 1700)."
"A Primeira 'Partilha' da África: Decadência e Ressurgência do Comércio Português na Costa do Ouro (ca. 1650 - ca. 1700)."
Jaime Rodrigues (Universidade Federal de São Paulo
- UNIFESP);
“Escravos-marinheiros e navios negreiros no atlântico, séculos XVIII e XIX: A perspectiva dos cativos e a lógica senhorial.”
“Escravos-marinheiros e navios negreiros no atlântico, séculos XVIII e XIX: A perspectiva dos cativos e a lógica senhorial.”
Daniel Barros Domingues da Silva (Emory University,
Estados Unidos).
Quinta - dia 17/06/2010:
Agências e projetos: escravos, cidadãos e trabalhadores.
Maria Helena Pereira Toledo Machado (Universidade
de São Paulo – USP);
“Pessoa, corpo e liberdade: escravos e libertandos narram suas vidas nos limiares de emancipação.”
“Pessoa, corpo e liberdade: escravos e libertandos narram suas vidas nos limiares de emancipação.”
Carlos Eugênio Líbano Soares (Universidade Federal
da Bahia - UFBA);
Beatriz Gallotti Mamigonian (Universidade Federal
de Santa Catarina - UFSC).
Sexta - dia 18/06/2010: Espaços
e personagens: aldeamentos, quilombos e camponeses.
John Manuel Monteiro (Universidade Estadual de
Campinas - UNICAMP);
Fátima Martins Lopes (Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN);
Muirakytan Kennedy de Macêdo (Universidade Federal
do Rio Grande do Norte – UFRN).
“Vida de gado: escravos no sertão pecuarístico do Seridó (século XVIII e XIX).”
Maiores Informações Acesse: http://www.cchla.ufrn.br/isi/
“Vida de gado: escravos no sertão pecuarístico do Seridó (século XVIII e XIX).”
Maiores Informações Acesse: http://www.cchla.ufrn.br/isi/
LANÇAMENTO
BANDEIRANTES PAULISTAS NO SERTÃO DO SÃO FRANCISCO :
Povoamento e Expansão Pecuária de 1688 a 1734
de SANTOS, Márcio
Coleção Ensaios de Cultura
ISBN 10: 85-314-1177-7
ISBN 13: 978-85-314-1177-9
Formato: 16x23 cm
Nº de Páginas: 196 pp.
Peso: 360 g
Márcio
Santos revela, neste livro, o processo por meio do qual grupos
sertanistas de São Paulo abandonaram a tradicional mobilidade associada
aos paulistas para se estabelecerem como criadores de gado no remoto
sertão do São Francisco. Instabilidade e mobilidade eram características
comumente associadas pelos historiadores da primeira metade do século
XX à circulação dos paulistas pelo interior da América portuguesa.
Entretanto, o autor nos mostra que esses paulistas tinham intenção de
enraizarem-se e que o processo de conquista e expansão do território
esteve relacionado às dificuldades de acesso à terra que encontravam em
São Paulo. Outro aspecto importante da pesquisa do autor é o de revelar o
processo de povoamento nas regiões não-mineradoras, focalizando
especificamente as cidades do norte e noroeste mineiros, como São Romão,
Januária e Montes Claros.
III Simpósio Procad Unicamp - UFBA - UFC
Dando continuidade aos simpósios Procad Capes entre equipes de pesquisadores da Unicamp, UFBa e UFC (Fortaleza, 2002 e Salvador, 2004), este III Simpósio reflete a cooperação e o intercâmbio visando o fortalecimento da formação de recursos humanos no campo da pesquisa em História Social. Do ponto de vista científico, pretendemos ampliar os parâmetros da investigação sobre a história dos trabalhadores no Brasil, abordando temas pouco freqüentados pela literatura especializada. Neste sentido, buscamos examinar as múltiplas tradições que informam as experiências dos trabalhadores – negros, mestiços ou brancos – nos mais diferentes espaços.
A programação completa segue abaixo.
Documentos anexados
- III PROCAD - programação (Word – 59 KB)
PALESTRA: Marilena Chauí
Nesta sexta-feira, 26 de março, às 10:15 horas, no salão nobre da Reitoria, terá lugar a atividade de encerramento do Encontro de Lázaro, com intervenção cultural comandada por Jorge Sacramento e, enfim, conferência plenária proferida por Marilena Chauí, com o tema "Utopia e Distopia".
A entrada é franca e aberta a todo o público.
Compareça e celebre conosco o encerramento de um grande Encontro de São Lázaro.
PALESTRA: Arquivo Edgard Leuenroth/UNICAMP: História e Pesquisa
Caros colegas,
convido a todos para assistirem a palestra do prof. Fernando Teixeira da Silva, diretor do Arquivo Edgard Leuenroth/UNICAMP, a ser realizada amanhã, sexta-feira, às 18:30, no PAF I, sala 22.
Em função do pouco tempo que temos até lá, gostaria de contar com sua colaboração na divulgação da palestra entre os alunos e demais colegas.
convido a todos para assistirem a palestra do prof. Fernando Teixeira da Silva, diretor do Arquivo Edgard Leuenroth/UNICAMP, a ser realizada amanhã, sexta-feira, às 18:30, no PAF I, sala 22.
Em função do pouco tempo que temos até lá, gostaria de contar com sua colaboração na divulgação da palestra entre os alunos e demais colegas.
PALESTRA: Arquivo Edgard Leuenroth/UNICAMP: História e Pesquisa
QUANDO: SEXTA-FEIRA, dia 26/3, às 18:30
LOCAL: PAF I, sala 22
obrigada,
Gabriela
A HOMENAGEM QUE DESOMENAGEIA
A HOMENAGEM
QUE DESOMENAGEIA
Maria Isabel Vitória de Carvalho*
Somos
seres simbólicos. Deve ter sido para atender a esta
dimensão, que houve por bem ao Governo da Bahia, através da
SEPROMI – Secretaria de Promoção da Igualdade, evocar exemplos
de mulheres baianas que se destacaram na luta pela transformação social na campanha “O
Poder de Mudar a História – Isso é Coisa de Mulher” e divulgá-los,
através de cartazes, busdoors, outdoors
e inserções em
rádio, buscando, certamente, difundir perante toda a
coletividade o papel positivo desempenhado pelas mulheres que, no
dia-a-dia, enfrentam as mais diversas e desiguais lutas para
garantir a própria sobrevivência e de suas famílias.
Estão compondo esta homenagem Luiza Mahin, Maria Quitéria, Loreta
Valadares, Mãe Stela de Oxossi, (...) e Neide
Candolina – Educadora Baiana. Pergunto-me quem
é, ou foi, Neide Candolina, além de uma criação artística de
Caetano Veloso? Sim, Caetano, livremente como convém a toda
criação artística, homenageou duas mulheres que admira,
fundindo suas características: Neide, proprietária do
Zamzibar, e Candolina Rosa de Carvalho Cerqueira, de quem foi
aluno no Severino Vieira. O traço em comum? O prazer de servir o alimento, seja do corpo físico,
seja do corpo mental, espiritual, refletido na
integridade de suas ações.
Pois bem, na peça oficial, a imagem da Professora Candolina é associada ao
título da música! O Estado da Bahia não sabe que Candolina Rosa de
Carvalho Cerqueira, que nomeia uma escola de sua rede de ensino no bairro de Pau
Miúdo, não se chama Neide Candolina! As peças
– que,
ressalte-se, neste caso aparentam cumprir a finalidade de informar,
constitucionalmente prescrita à publicidade
oficial – foram elaboradas sem a consulta à
família nem mesmo para obter uma foto verdadeira e sem pesquisa às
fontes existentes, a exemplo da página sobre a homenageada na wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Candolina_Rosa_de_Carvalho_Cerqueira), do caderno Repórter
do Correio da Bahia de 16/04/2006, e de dois livros:
GUIMARÃES, G. A invisibilidade das educadoras
baianas na História da Educação: a experiência
de Candolina Rosa. Salvador. UFBA,
2008 e PASSOS, E. Candolina Rosa de Carvalho. Salvador:
EDUFBA - Editora da Universidade Federal da Bahia, 2006. v. 1. 80 p.
Coleção "Educadoras Baianas". O título do primeiro livro citado (grifo
nosso) talvez traduza melhor o ocorrido...
Na superficialidade, a homenagem se
perde. A essência da trajetória é desprezada. A Educadora continua
invisível. O trabalho de profundidade é relegado. A
fama instantânea, midiática, é o que prevalece. Divulgam-se,
oficialmente, inverdades. E só nos resta constatar que, quase 40 anos
após a morte de Professora Candolina, ainda não
conseguimos colocar em prática seu exemplo e levar a Educação
a sério, como merece o único processo
capaz de transformar emancipatoriamente uma nação.
* Maria Isabel
Vitória de Carvalho é sobrinha de Profa. Candolina.
Racismo e cotas, artigo de Luiz Felipe de Alencastro
Em
2010, os negros brasileiros passam a formar a maioria da população do
país. A
mudança vai muito além da demografia. Ela traz ensinamentos sobre o
nosso
passado e desafios para o nosso futuro.
No
século 19, o Império do Brasil aparece como a única nação que praticava o
tráfico negreiro em larga escala.
Alvo
da pressão britânica, o comércio de africanos passou a ser proscrito por
uma
rede de tratados que a Inglaterra teceu no Atlântico. Na sequência do
tratado de
1826, a lei de 7 de novembro de 1831 proibiu o comércio de africanos no
Brasil.
Entretanto,
760 mil indivíduos vindos da África foram trazidos entre 1831 e 1856,
num
circuito de tráfico clandestino.
Ora,
a lei de 1831 assegurava a liberdade imediata aos africanos introduzidos
no país
após a proibição.
A
partir daí, os alegados proprietários desses indivíduos livres eram
considerados
sequestradores, incorrendo nas sanções do artigo 179 do Código Criminal
de
1830.
Porém,
o governo imperial anistiou, na prática, os senhores culpados do crime
de
sequestro, deixando livre curso ao crime correlato, a escravização de
pessoas
livres.
Guerreira Angolana Jinga
Imoral
e ilegal
Os
760 mil africanos desembarcados até 1856 -e a totalidade de seus
descendentes-
continuaram sendo mantidos ilegalmente na escravidão até 1888. Ou seja,
boa
parte das duas últimas gerações de indivíduos escravizados no Brasil não
era
escrava. Moralmente ilegítima, a escravidão do Império era ainda
-primeiro e
sobretudo- ilegal.
Tenho
para mim que esse pacto dos sequestradores constitui o pecado original
da
sociedade e da ordem jurídica brasileira. Firmava-se o princípio da
impunidade e
do casuísmo da lei. Consequentemente, não são só os negros brasileiros
que pagam
o preço da herança escravista.
Outra
deformidade gerada pelo sistema refere-se à violência policial.
Depois
da Independência, no Brasil, como no sul dos EUA, o escravismo passou a
ser
consubstancial à organização das instituições nacionais.
Entre
as múltiplas contradições engendradas por essa situação, uma relevava do
Código
Penal: como punir o escravo delinquente sem encarcerá-lo, sem privar o
senhor do
usufruto do trabalho do cativo que cumpria pena de prisão? O quadro
legal
definiu-se em dois tempos. Primeiro, a Constituição de 1824 garantiu, no
artigo
179, a extinção das punições físicas. "Desde já ficam abolidos os
açoites, a
tortura, a marca de ferro quente e todas as mais penas cruéis."
Conforme
os princípios do iluminismo, ficavam preservadas as liberdades e a
dignidade dos
homens livres. Num segundo momento, o artigo 60 do Código Criminal
reatualiza a
pena de tortura: "Se o réu for escravo e incorrer em pena que não seja a
capital
ou de galés, será condenado na de açoites...".
Com
o açoite, com a tortura, podia-se punir sem encarcerar: estava resolvido
o
dilema. Oficializada até o final do Império, essa prática punitiva
atingiu as
camadas desfavorecidas, travando o advento de uma política fundada na
liberdade
individual e nos direitos humanos. Uma terceira deformidade gerada pelo
escravismo afeta o estatuto da cidadania.
É
sabido que até a Lei Saraiva, de 1881, os analfabetos, incluindo negros
alforriados, podiam ser eleitores de primeiro grau, que elegiam
eleitores de
segundo grau, os quais podiam eleger e ser eleitos parlamentares. Depois
de
1881, foram suprimidos os dois graus de eleitores. Em 1882, o voto dos
analfabetos foi vetado.
Decidida
no contexto pré-abolicionista, a proibição buscava barrar o acesso do
corpo
eleitoral aos libertos. Gerou-se uma infracidadania que perdurou até
1985,
quando foi autorizado o voto do analfabeto. Mas a exclusão foi mais
impactante
na população negra, em que o analfabetismo registrava, e continua
registrando,
taxas proporcionalmente mais altas do que entre os brancos.
Nascidas
no século 19, as arbitrariedades engendradas pelo escravismo submergiram
o país
inteiro. Por essa razão, ao agir em sentido contrário, a redução das
discriminações que ainda pesam sobre os negros consolidará nossa
democracia.
Democracia
Não
se trata aqui de uma lógica indenizatória, destinada a garantir direitos
usurpados de uma comunidade específica -como foi o caso, em boa medida,
nos
julgamentos sobre as terras indígenas. Trata-se, sobretudo, de inscrever
a
discussão sobre as cotas no aperfeiçoamento da democracia.
Nesse
sentido, a arguição de inconstitucionalidade impetrada no Supremo
Tribunal
Federal [que analisa a constitucionalidade do sistema de cotas da
Universidade
de Brasília] revela-se obsoleta. Na verdade, as cotas raciais
beneficiaram e
beneficiam dezenas de milhares de estudantes nas universidades privadas
no
quadro do ProUni e 52 mil estudantes nas universidades públicas,
funcionando há
vários anos, com grande proveito para a comunidade acadêmica e para o
país.
Os
incidentes suscitados pelas cotas raciais são mínimos e muitíssimo menos
graves
do que as truculências perpetradas nos trotes universitários. Como no
caso do
plebiscito sobre o presidencialismo e o parlamentarismo, o debate sobre
as cotas
raciais atravessa as linhas partidárias. Aliás, as primeiras medidas de
política
afirmativa relativas à população negra foram tomadas, como é conhecido,
pelo
governo FHC.
A
existência de alianças transversais deve nos conduzir, mesmo em ano de
eleição,
a um debate onde os argumentos possam ser analisados a fim de contribuir
para a
superação da desigualdade racial que pesa sobre a democracia
brasileira.
(Folha
de SP, 7/3)
Colaborador desta postagem: J. J. Reis
CEAO/UFBA - Seleciona Professores/as Autores/as e Formadores/as
O Centro de
Estudos
Afro-Orientais seleciona Professores/as Autores/as e Formadores/as
para o
Curso de Formação para o Ensino de História e Cultura
Afro-brasileiras, à
distância, promovido em parceria com o Ministério da Educação
(Programa
UNIAFRO). O curso será voltado a professores/as e gestores/as da
rede
pública do Estado da Bahia, na modalidade Atualização, com carga
horária
de 120 horas.
Para mais
informações, seguem anexos os editais.
Atenciosamente,
Zelinda
Barros
(Coordenadora
Pedagógica)
Programa Preparatório para a Promoção
da Igualdade Étnico-racial na Educação
Centro de Estudos Afro-Orientais / Universidade Federal da Bahia
Largo Dois de Julho, Centro
40025-010 Salvador - Bahia - Brasil
tel.55-71-3283-5504 cel. 55-71-8898-8387
ACESSSE: http://www.ceao.ufba.br/2007/
Centro de Estudos Afro-Orientais / Universidade Federal da Bahia
Largo Dois de Julho, Centro
40025-010 Salvador - Bahia - Brasil
tel.55-71-3283-5504 cel. 55-71-8898-8387
CONCURSO - UFRB
São 43 vagas para diversas Matérias/Áreas de Conhecimento. As inscrições estarão abertas no período de 29/03/2010 a 29/04/2010.
ACESSE: http://www.ufrb.edu.br/concursos/
ACESSE: http://www.ufrb.edu.br/concursos/
Inquisição de Lisboa on-line já disponível
O projecto Inquisição de Lisboa on-line,
em curso no Arquivo Nacional da Torre do Tombo desde finais de Julho de
2007 e tornado possível pelo mecenato da REN - Redes Energéticas
Nacionais SGP, S.A., está finalmente acessível ao público através da
Internet.
O trabalho foi desenvolvido em várias vertentes, desde o
imprescindível tratamento e descrição arquivística, passando pela
intervenção curativa de alguma documentação, até à digitalização dos
processos e dos livros da Inquisição de Lisboa, permitindo o acesso remoto e
gratuito a uma vastíssima quantidade de documentos.
Pode consultar os quase 18.000 registos de descrição de processos
e documentação dispersa, e ver algumas das imagens associadas, estando
também disponíveis as diversas séries de livros, como os Cadernos do promotor, Nefandos ou de Denúncias, entre muitos outros.
http://antt. dgarq.gov. pt/noticias/ inquisicao- de-lisboa- on-line-ja- disponivel/
A TEORIA NEGREIRA DO DEM SAIU DO ARMÁRIO
ELIO GASPARI
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) é uma espécie de líder
parlamentar da oposição às cotas para estimular a entrada de negros
nas
universidades públicas. O principal argumento contra essa iniciativa
contesta
sua legalidade, e o caso está no Supremo Tribunal Federal, onde
realizaram-se
audiências públicas destinadas a enriquecer o debate.
Na quarta-feira o senador Demóstenes foi ao STF, argumentou contra as cotas e disse o seguinte:
"[Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. Gilberto Freyre, que hoje é renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual".
O senador precisa definir o que vem a ser "forma muito mais consensual" numa relação sexual entre um homem e uma mulher que, pela lei, podia ser açoitada, vendida e até mesmo separada dos filhos.
Gilberto Freyre escreveu o seguinte:
"Não há escravidão sem depravação sexual. É da essência mesma do regime".
"O que a negra da senzala fez foi facilitar a depravação com a sua docilidade de escrava: abrindo as pernas ao primeiro desejo do sinhô-moço. Desejo, não: ordem."
"Não eram as negras que iam esfregar-se pelas pernas dos adolescentes louros: estes é que no sul dos Estados Unidos, como nos engenhos de cana do Brasil, os filhos dos senhores, criavam-se desde pequenos para garanhões. (...) Imagine-se um país com os meninos armados de faca de ponta! Pois foi assim o Brasil do tempo da escravidão."
Demóstenes Torres disse mais:
"Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (...) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da economia africana".
Nós, quem, cara-pálida? Ao longo de três séculos, algo entre 9 milhões e 12 milhões de africanos foram tirados de suas terras e trazidos para a América. O tráfico negreiro foi um empreendimento das metrópoles europeias e de suas colônias americanas. Se a instituição fosse africana, os filhos brasileiros dos escravos seriam trabalhadores livres.
No início do século 20 os escravos não eram o principal "item de exportação da economia africana". Àquela altura o tráfico tornara-se economicamente irrelevante. Ademais, não existia "economia africana", pois o continente fora partilhado pelas potências europeias. Demóstenes Torres estudou história com o professor de contabilidade de seu ex-correligionário José Roberto Arruda.
O senador exibiu um pedaço do nível intelectual mobilizado no combate às cotas.
Na quarta-feira o senador Demóstenes foi ao STF, argumentou contra as cotas e disse o seguinte:
"[Fala-se que] as negras foram estupradas no Brasil. [Fala-se que] a miscigenação deu-se no Brasil pelo estupro. Gilberto Freyre, que hoje é renegado, mostra que isso se deu de forma muito mais consensual".
O senador precisa definir o que vem a ser "forma muito mais consensual" numa relação sexual entre um homem e uma mulher que, pela lei, podia ser açoitada, vendida e até mesmo separada dos filhos.
Gilberto Freyre escreveu o seguinte:
"Não há escravidão sem depravação sexual. É da essência mesma do regime".
"O que a negra da senzala fez foi facilitar a depravação com a sua docilidade de escrava: abrindo as pernas ao primeiro desejo do sinhô-moço. Desejo, não: ordem."
"Não eram as negras que iam esfregar-se pelas pernas dos adolescentes louros: estes é que no sul dos Estados Unidos, como nos engenhos de cana do Brasil, os filhos dos senhores, criavam-se desde pequenos para garanhões. (...) Imagine-se um país com os meninos armados de faca de ponta! Pois foi assim o Brasil do tempo da escravidão."
Demóstenes Torres disse mais:
"Todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América. Lamentavelmente. Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos. Mas chegaram. (...) Até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da economia africana".
Nós, quem, cara-pálida? Ao longo de três séculos, algo entre 9 milhões e 12 milhões de africanos foram tirados de suas terras e trazidos para a América. O tráfico negreiro foi um empreendimento das metrópoles europeias e de suas colônias americanas. Se a instituição fosse africana, os filhos brasileiros dos escravos seriam trabalhadores livres.
No início do século 20 os escravos não eram o principal "item de exportação da economia africana". Àquela altura o tráfico tornara-se economicamente irrelevante. Ademais, não existia "economia africana", pois o continente fora partilhado pelas potências europeias. Demóstenes Torres estudou história com o professor de contabilidade de seu ex-correligionário José Roberto Arruda.
O senador exibiu um pedaço do nível intelectual mobilizado no combate às cotas.
Colaborador desta postagem: J .J. Reis
SENADO APROVA A REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE HISTORIADOR
Niterói, 14 de março de 2010.
Na última
quarta-feira foi aprovada pela CAS (Comissão de Assuntos Internos)
do
Senado a profissão de historiador. O projeto de lei PLS 368/09, do
senador
Paulo Paim (PT-RS) e que teve como relator o senador Cristovam
Buarque
(PDT-DF), foi aprovado em decisão terminativa.
Esta aprovação não significa a proibição do exercício da atividade por aqueles que não possuem graduação ou mestrado ou doutorado em História, no entanto, garante, em concursos públicos, vagas aos indivíduos com formação na área. Vagas para o magistério estão incluídas nesta mudança, bem como estabelece-se a necessidade de participação do historiador na avaliação e seleção de documentos para preservação, na organização de informações para exposições, publicações e eventos, em serviços de pesquisa, e, ainda, a elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos.
Ao votar pela aprovação, Buarque destacou em seu discurso que, hoje, o campo de atuação do historiador não é mais restrito às salas de aulas, apontando, além de museus e centro culturais, a atuação do profissional em empresas do campo do turismo, da publicidade, do jornalismo, do cinema e da TV. Pela crescente importância deste ofício, o senador vê a regulamentação como meio legal de reconhecimento e valorização da profissão.
Apesar deste importante passo, isto não significa que a profissão de historiador esteja, ainda, regulamentada. O projeto continua a tramitar no Congresso Nacional. Resta, agora, acompanhar os próximos passos desta história.
"SENADO FEDERAL
PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 368, DE 2009
Regula o exercício da profissão de Historiador e dá outras providências.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º Esta Lei regulamenta a profissão de Historiador, estabelece os requisitos para o exercício da atividade profissional e determina o registro em órgão competente.
Art. 2º É livre o exercício da atividade profissional de Historiador, desde que atendidas às qualificações e exigências estabelecidas nesta Lei.
Art. 3º O exercício da profissão de Historiador, em todo o território nacional, é privativa dos:
I - portadores de diploma de curso superior em História, expedido por instituições regulares de ensino;
II - portadores de diploma de curso superior em História, expedido por instituições estrangeiras e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação;
III - portadores de diploma de mestrado, ou doutorado, em História, expedido por instituições regulares de ensino superior, ou por instituições estrangeiras e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação.
Art. 4º São atribuições dos Historiadores:
I - magistério da disciplina de História nos estabelecimentos de ensino fundamental, médio e superior.
II - organização de informações para publicações, exposições e eventos em empresas, museus, editoras, produtoras de vídeo e de CD-ROM, ou emissoras de Televisão, sobre temas de História;
III - planejamento, organização, implantação e direção de serviços de pesquisa histórica;
IV - assessoramento, organização, implantação e direção de serviços de documentação e informação histórica;
V - assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos, para fins de preservação;
VI - elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos.
Art. 5º Para o provimento e exercício de cargos, funções ou empregos de Historiador, é obrigatória a apresentação de diploma nos termos do art. 3º desta Lei.
Art. 6º A entidades que prestam serviços em História manterão, em seu quadro de pessoal ou em regime de contrato para prestação de serviços, Historiadores legalmente habilitados.
Art. 7º O exercício da profissão de Historiador requer prévio registro na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do local onde o profissional irá atuar.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
O campo de atuação do historiador não tem se restringido mais à sala de aula, tradicional reduto desse profissional. Sua presença é cada vez mais requisitada não só por entidades de apoio à cultura, para desenvolver atividades e cooperar, juntamente com profissionais de outras áreas, no resgate e na preservação do nosso patrimônio histórico, mas também por estabelecimentos industriais, comerciais, de serviço e de produção artística.
No âmbito industrial, o historiador vem trabalhando na área de consultoria sobre produtos que foram lançados no passado, para análise de sua trajetória e avaliação sobre a viabilidade de seu relançamento no mercado consumidor, ou ainda, para o estudo das causas de seu sucesso ou fracasso.
Pelas suas qualificações, o historiador é imprescindível para os estabelecimentos do setor de turismo, que contratam seus serviços para desenvolver roteiros turísticos para visitação de locais com apelo histórico e cultural.
Entidades públicas e privadas recorrem ao historiador para recolherem e organizarem informações para publicação, produção de vídeo e de CD-ROM, programas em emissoras de televisão, exposições, eventos sobre temas de história.
Não menos valiosa é a sua colaboração nas artes, onde o historiador faz pesquisa de época para os produtores de teatro, cinema e televisão, quer auxiliando na elaboração de roteiros, quer dando consultoria sobre os cenários e outros elementos da produção artística.
Num mundo onde a qualidade e a excelência de bens e serviços vêm se sofisticando cada vez mais, os historiadores devem ter sua profissão regulamentada, pois seu trabalho não mais comporta amadores ou aventureiros de primeira viagem.
Assim, julgamos ter chegado o momento de regulamentarmos o exercício da profissão de historiador que hoje congrega, em todo o país, milhares de profissionais que reivindicam, há muito, o reconhecimento e valorização de seu trabalho.
Por essas razões, esperamos contar com o apoio de nossos nobres pares para a aprovação deste projeto de lei.
Sala das Sessões,
Senador PAULO PAIM
Esta aprovação não significa a proibição do exercício da atividade por aqueles que não possuem graduação ou mestrado ou doutorado em História, no entanto, garante, em concursos públicos, vagas aos indivíduos com formação na área. Vagas para o magistério estão incluídas nesta mudança, bem como estabelece-se a necessidade de participação do historiador na avaliação e seleção de documentos para preservação, na organização de informações para exposições, publicações e eventos, em serviços de pesquisa, e, ainda, a elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos.
Ao votar pela aprovação, Buarque destacou em seu discurso que, hoje, o campo de atuação do historiador não é mais restrito às salas de aulas, apontando, além de museus e centro culturais, a atuação do profissional em empresas do campo do turismo, da publicidade, do jornalismo, do cinema e da TV. Pela crescente importância deste ofício, o senador vê a regulamentação como meio legal de reconhecimento e valorização da profissão.
Apesar deste importante passo, isto não significa que a profissão de historiador esteja, ainda, regulamentada. O projeto continua a tramitar no Congresso Nacional. Resta, agora, acompanhar os próximos passos desta história.
"SENADO FEDERAL
PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 368, DE 2009
Regula o exercício da profissão de Historiador e dá outras providências.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º Esta Lei regulamenta a profissão de Historiador, estabelece os requisitos para o exercício da atividade profissional e determina o registro em órgão competente.
Art. 2º É livre o exercício da atividade profissional de Historiador, desde que atendidas às qualificações e exigências estabelecidas nesta Lei.
Art. 3º O exercício da profissão de Historiador, em todo o território nacional, é privativa dos:
I - portadores de diploma de curso superior em História, expedido por instituições regulares de ensino;
II - portadores de diploma de curso superior em História, expedido por instituições estrangeiras e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação;
III - portadores de diploma de mestrado, ou doutorado, em História, expedido por instituições regulares de ensino superior, ou por instituições estrangeiras e revalidado no Brasil, de acordo com a legislação.
Art. 4º São atribuições dos Historiadores:
I - magistério da disciplina de História nos estabelecimentos de ensino fundamental, médio e superior.
II - organização de informações para publicações, exposições e eventos em empresas, museus, editoras, produtoras de vídeo e de CD-ROM, ou emissoras de Televisão, sobre temas de História;
III - planejamento, organização, implantação e direção de serviços de pesquisa histórica;
IV - assessoramento, organização, implantação e direção de serviços de documentação e informação histórica;
V - assessoramento voltado à avaliação e seleção de documentos, para fins de preservação;
VI - elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos.
Art. 5º Para o provimento e exercício de cargos, funções ou empregos de Historiador, é obrigatória a apresentação de diploma nos termos do art. 3º desta Lei.
Art. 6º A entidades que prestam serviços em História manterão, em seu quadro de pessoal ou em regime de contrato para prestação de serviços, Historiadores legalmente habilitados.
Art. 7º O exercício da profissão de Historiador requer prévio registro na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do local onde o profissional irá atuar.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
O campo de atuação do historiador não tem se restringido mais à sala de aula, tradicional reduto desse profissional. Sua presença é cada vez mais requisitada não só por entidades de apoio à cultura, para desenvolver atividades e cooperar, juntamente com profissionais de outras áreas, no resgate e na preservação do nosso patrimônio histórico, mas também por estabelecimentos industriais, comerciais, de serviço e de produção artística.
No âmbito industrial, o historiador vem trabalhando na área de consultoria sobre produtos que foram lançados no passado, para análise de sua trajetória e avaliação sobre a viabilidade de seu relançamento no mercado consumidor, ou ainda, para o estudo das causas de seu sucesso ou fracasso.
Pelas suas qualificações, o historiador é imprescindível para os estabelecimentos do setor de turismo, que contratam seus serviços para desenvolver roteiros turísticos para visitação de locais com apelo histórico e cultural.
Entidades públicas e privadas recorrem ao historiador para recolherem e organizarem informações para publicação, produção de vídeo e de CD-ROM, programas em emissoras de televisão, exposições, eventos sobre temas de história.
Não menos valiosa é a sua colaboração nas artes, onde o historiador faz pesquisa de época para os produtores de teatro, cinema e televisão, quer auxiliando na elaboração de roteiros, quer dando consultoria sobre os cenários e outros elementos da produção artística.
Num mundo onde a qualidade e a excelência de bens e serviços vêm se sofisticando cada vez mais, os historiadores devem ter sua profissão regulamentada, pois seu trabalho não mais comporta amadores ou aventureiros de primeira viagem.
Assim, julgamos ter chegado o momento de regulamentarmos o exercício da profissão de historiador que hoje congrega, em todo o país, milhares de profissionais que reivindicam, há muito, o reconhecimento e valorização de seu trabalho.
Por essas razões, esperamos contar com o apoio de nossos nobres pares para a aprovação deste projeto de lei.
Sala das Sessões,
Senador PAULO PAIM
(À Comissão de Assuntos Sociais.)
Publicado no DSF, 29/08/2009.
Secretaria Especial de Editoração e Publicações do Senado Federal - Brasília-DF
OS: 15781/2009"
Publicado no DSF, 29/08/2009.
Secretaria Especial de Editoração e Publicações do Senado Federal - Brasília-DF
OS: 15781/2009"
Colaborador desta postagem: J.J. Reis
Documentado extraído de: http://www.anpuh.org/
Documentado extraído de: http://www.anpuh.org/
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