Entrevista com Toyin Falola

A trajetória de um intelectual africano.
Entrevistadores:
Marcelo Bittencourt e Roquinaldo Ferreira

O senhor organizou uma coleção de livros na Universidade de Rochester, intitulada Africa and African Diaspora, e lançou recentemente uma coletânea de textos sobre a diáspora iorubá, juntamente com Matt Childs. Como o senhor encara o papel de africanistas não africanos – como Paul Lovejoy, Robin Law, Kristen Mann e outros – que têm procurado estabelecer uma ponte entre a história da África e os estudos da diáspora africana?
TF- O lugar dos africanistas não africanos no preenchimento das lacunas que separam a história da África dos estudos sobre a diáspora africana não pode ser superestimado. Entretanto, alguns deles -como os citados Robin Law, Paul Lovejoy e Kristen Mann -desempenharam importante papel no desenvolvimento da historiografia africana. Robin Law, foi assistente de pesquisa do falecido Professor Saburi Oladeni Biobaku, um dos pais-fundadores da Ibadan School of History, publicou sua tese de doutorado sobre o antigo império de Oió em 1977; Paul Lovejoy começou sua carreira como historiador econômico, com uma tese sobre o comércio de noz-de-cola, apresentada à Universidade de Wisconsin-Madison, em 1973. O mesmo se aplica a Kristen Mann, cujo estudo sobre casamento e mulheres em Lagos, no século XIX, teve significativo impacto na emergência de estudos de gênero. Estes acadêmicos viveram na Nigéria e voltaram para casa, após muitos anos de trabalho de campo na África, para criar novos cursos e áreas de especialização. Eles contribuíram muito, abrindo caminho para outros africanistas ocidentais que se interessaram pela África a partir de seus exemplos. Ao lado de sua pesquisa sobre os iorubás, Robin Law publicou estudos sobre a escravidão. Paul Lovejoy, depois de dois anos de pós-doutoramento, atuando como professor na Ahmadu Bello University, em Zaria, tornou-se a mais celebrada autoridade em estudos sobre tráfico de escravos e escravidão na África. Ele juntou esforços com outros acadêmicos, como J.D. Fage, Philip D. Curtin e J.E. Inikori para desenvolver e divulgar a história da diáspora africana. Com suas pesquisas estes acadêmicos forneceram uma consistente energia intelectual que trouxe a história da África e do hemisfério ocidental para mais próximoda realidade contemporânea.
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Professor catedrático na University of Texas, Austin, Estados Unidos.
Acesse texto na integra: http://www.casadasafricas.org.br/site/img/upload/525722.pdf