Nº 11.
Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor.
Tenho
por dever comunicar a Vossa Excelência, que o doutor Delegado de polícia deste
Termo recebeu hoje do subdelegado do Distrito do Riacho de Santana a
participação de achar-se aquele distrito em grande alarma, por efeito de
notícias ali recebidas de que, no porto do Salgado, da Província de Minas, se
preparava uma grande multidão de Ciganos para descerem o Rio de São Francisco
até o lugar denominado Bom Jesus da Lapa, entrarem por aí, a fim de atacarem o
sobredito Arraial do Riacho de Santana, assassinarem suas legítimas autoridades
e saquearem os povos daquele distrito. Bem que me pareceu estas notícias
exageradas e filhas do pânico, de que se deixou possuir aquele subdelegado,
nesta mesma data, de acordo com o doutor Delegado, foram prontamente dadas todas
as providências congruentes a prevenir semelhante atentado, e tenho fundada esperança
de que a tranquilidade pública de minha Comarca não será alterada. O doutor
delegado parte sem demora para a Vila da Cariranha a fim de mais perto cumprir
os seus deveres, e eu tenciono também brevemente seguir para o Riacho de
Santana, a fim de desvanecer ali o pânico, que ocupa aquela população, e de dar
quaisquer outras providências que me sugerirem as circunstancias que forem
ocorrendo. Deus Guarde a Vossa Excelência, Monte Alto, 8 de maio de 1848.
Ilustríssimo
Excelentíssimo Senhor Presidente desta Província.
O Juiz
de Direito desta Comarca, João Antônio de [Souza] Vianna
(A
lápis: Eu faço ciente, e muito confio em seu zelo e adverte que providenciará
do modo que seja prontamente repelida qualquer agressão, que se tente fazer
contra os habitantes do Riacho de Santana.)
Na
lateral: Respondeu, 3 de julho de 1848.
Fonte: Arquivo
Público do Estado da Bahia / Seção Colonial / Juízes de Monte Alto
Maço:
2488 – Ano: 1842-1859.