Remeteu
pela Presidência da Província em 28 de abril de 1869.
Diz
Sara Luiza, mais conhecida por Serafina, natural da Vila da Barra do Rio
Grande, casada há quatro anos no Rio de Janeiro com Paschoal José Antonio, ambos
libertos, a suplicante por 1:500#réis e o dito seu marido por 2:000#réis, com o
produto de um bilhete de loteria ali premiado, tendo sido ela escrava de Luiz
Antonio Alves Carvalho, morador na Praia do Flamengo, com Chácara na Rua do Catete,
e seu referido marido da Excelentíssima Viscondessa de Campos de São Salvador.
Que, sendo a suplicante e o mesmo seu marido, hoje moradores em Pirajá, com
roça que arrendaram e plantaram de mandioca, milho e cana, em mão de Henrique
de Tal e sua mulher Dona Hilária, aconteceu, que na noite de 18 do corrente,
abril, fosse sem razão legal, ou ao menos plausível, recrutado o marido da
suplicante, por ser, ao que então se disse, pessoa suspeita, visto não poder comprovar
o seu estado de casado por documentos, que possuía, é verdade, mas que tivera a
infelicidade de perder aqui nesta cidade, no sábado da Aleluia do presente ano.
E
porque Excelentíssimo Senhor Conselheiro Presidente, o marido da suplicante é ótimo
esposo, muito trabalhador, trata verdade, e amigo dedicado extremoso dela, com
quem tem até hoje vivido vida exemplarmente marital, único arrimo de quem
recebe a suplicante proteção; e pelas Instruções de 10 de junho de 1822, e
Decreto de 2 de novembro de 1835, artigo 2º, os casados na condição do referido
seu marido não podem jamais ser recrutados, gozando do indulto e isenção legal.
A suplicante vem requerer a Vossa Excelência a pronta soltura do dito seu
marido, dispensando Vossa Excelência, por equidade, que a suplicante justifique
o estado de casado do mesmo, não porque receie ela o triunfo da verdade, que
não pode ser duvidoso, mas por ser minimamente pobre, e dificultar-se assim
para ela a justa soltura de seu marido e protetor.
Afim
que,
Para
Vossa Excelência se digne de deferir-lhe com a sua costumada retidão e justiça.
E. R.
Mª. / A rogo da suplicante, Benedito Mariano, Rio Grande.
Arquivo
Público da Bahia
Seção
Colonial/Provincial
Maço:
2886.