Profa. Dr. Elizete da Silva (Universidade Estadual de Feira
de Santana)
O campo religioso baiano desde
o período colonial se configurou de forma plural, mesmo na vigência do Padroado
Régio, que estabelecia o catolicismo como instituição vinculada ao estado
português. Além da Igreja Católica, as religiões de matrizes africanas e as
religiões indígenas compuseram o cenário dos fenômenos sagrados na Bahia.
Reformados e judeus foram repelidos como hereges, estranhos à ideia de
cristandade que permeava o imaginário colonial. As transformações advindas do
contexto político do inicio do século XIX propiciaram também mudanças no quadro
religioso. Após 1810, com a presença da família real no Brasil e em decorrência
de tratados econômicos com a Inglaterra, o governo do Príncipe Regente D. João
abriu os portos e as portas do Brasil à Igreja Anglicana e por extensão ao
protestantismo. Após a independência o catolicismo continuou religião oficial
do Império. Na segunda metade do século XIX, além da Igreja Presbiteriana e da
Denominação Batista, instalou-se o Espiritismo Kardecista na capital da
Província Baiana, provocando conflitos e polêmicas com a hierarquia católica.
A partir da primeira metade do
século XX, outros grupos protestantes e uma sinagoga judaica diversificaram,
ainda mais, a paisagem religiosa de Salvador. No interior do Estado, no que
pese a predominância da Igreja Católica, espíritas e protestantes organizaram
seus templos e passaram a conquistar fiéis e espaço no contexto social. O
Recôncavo Baiano ficou famoso pela presença de Terreiros de Candomblé, porém em
outras regiões da Bahia as principais nações de Candomblé, inclusive o de
Caboclo sobreviveram, apesar das perseguições. Atualmente, observa-se profundas
transformações no campo religioso baiano, com um número crescente de
protestantes, especialmente neopentecostais, disputando fiéis e espaço político
partidário.
Local: sala Katia Mattoso, 3º
andar da Biblioteca Pública do Estado da Bahia
Data: 03 de setembro
de 2012
Horário: 17h