TIAGO
DÉCIMO, SALVADOR - O Estado de S.Paulo
10
de junho de 2012 | 3h 07
Considerado
o segundo arquivo público mais importante do País em documentação histórica,
atrás apenas do Arquivo Nacional, no Rio, o Arquivo Público da Bahia, instalado
em uma construção do século 16, está parcialmente às escuras há 15 meses.
A
medida foi tomada depois de um princípio de incêndio na central de força do
prédio, localizado no lado externo, em março do ano passado. Na época foi
constatada a necessidade de reforma no sistema de distribuição de energia
elétrica no local.
"Os
arquivos não foram afetados, mas só o fato de sabermos que poderia haver riscos
nos levou a desligar a energia", explica a diretora da unidade, Teresa
Matos. "Temos documentos da época da colônia, do império, que não existem
em outro lugar."
Os
estudos para a reconfiguração do sistema de energia duraram seis meses. Foram
mais três para o início da licitação, que foi concluída em 18 de janeiro. A
reforma da rede custará R$ 843 mil. O contrato para o serviço foi assinado no
fim de abril e a expectativa é de que a energia volte ao normal em setembro.
Enquanto
as obras não começam, os 400 pesquisadores que vão mensalmente ao local usam
uma das duas pequenas salas nas quais a iluminação foi religada - na outra,
funciona provisoriamente a administração do órgão. "Só religamos a energia
nessas salas depois que uma vistoria técnica confirmou que não haveria
riscos", disse a diretora. Visitas de grupos escolares, eventos e
exposições estão suspensos.
Histórico.
Criado em 1890, o Arquivo Público da Bahia está instalado desde 1980 na sede da
Quinta do Tanque, edificação que teve sua construção iniciada no século 16,
para servir de casa de repouso para os jesuítas.
O
prédio foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) em 1949. A última reforma estrutural foi concluída com a chegada do
Arquivo ao local.
Hoje,
a imponente construção tem paredes descascadas, sinais de infiltração em todos
os ambientes e problemas estruturais diversos. "A situação é muito
grave", admite Teresa. "Os problemas foram causados pela falta de
investimentos."
Segundo
ela, o orçamento do arquivo para manutenção do acervo é, em média, de R$ 300
mil por ano. Ele está disposto em prateleiras que, ligadas horizontalmente,
cobririam 25 km. "Além da falta de recursos, o prédio tem problema de configuração,
por não ter sido pensado para abrigar um arquivo público, que tem necessidades
específicas." Segundo a Fundação Pedro Calmon, responsável pelo Arquivo
Público da Bahia, já foram iniciados os estudos para reforma e requalificação
do prédio.