Despertar na comunidade acadêmica brasileira o interesse pelos
estudos das línguas e culturas africanas mostrando a sua importância
para a formação e sentido do Brasil. O continente africano vem
provocando o interesse de inúmeros pesquisadores contemporâneos e sendo
tomado como base para se estabelecer profundas discussões sobre a
diversidade étnica e o modo como as hierarquias de base étnico-raciais
são reiteradas. Discutir sobre a influência da África no Brasil é
reconhecer a necessidade de se refletir sobre a história e os mitos que
foram estabelecidos em torno do nosso descobrimento e sobre conceitos
cristalizados de raça, etnia, nação e nacionalismo. O estudo dessas
questões nos mostra a urgência de se recontar a história e dar voz aos
cantos silenciados.
Conhecer a África é abrir os olhos a matrizes que interferem no nosso modo de ser e estar no mundo.
Freqüentemente associadas às fronteiras do preconceito, as culturas e
as línguas africanas foram relegadas, historicamente, a uma imagem
pejorativa e destrutiva do escravo, sempre considerado inferior do ponto
de vista cultural e, conseqüentemente, do ponto de vista social. Essa
visão ideológica e equivocada do outro criou os estereótipos sobre os
negros: um clichê aviltado, simplificado preconceituosamente. Entretanto
hoje vários estudos são desenvolvidos voltando-se para o reverso dos
estereótipos e a produção de identidades minoritárias como construções
sociais complexas e em continua transformação.
Discutir sobre a influência da África no Brasil;
despertar na comunidade acadêmica brasileira o interesse pelos estudos das línguas e culturas africanas;
discutir a importância desses estudos para o entendimento da formação e sentido do Brasil.
Promover um evento sobre as línguas e culturas africanas é muito
pertinente, principalmente ao se considerar a lei 10.639, sancionada em 9
de maio de 2003, pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva, que torna
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileiras nos
estabelecimentos de ensinos fundamental e médio, oficiais e articulares,
contemplando o estudo da História da África e dos africanos.
Discutir sobre as culturas africanas na Universidade é, sobretudo,
das oportunidades à comunidade acadêmica para construir conceitos
necessários para melhor entender a questão racial no Brasil e
estabelecer uma educação antirracista, evitando a reprodução de
preconceitos, possibilitando a inserção social igualitária e combatendo a
idéia de inferioridade/superioridade entre os indivíduos. O significado
de diferenças étnicas, de gênero e identidade é crucial para a
compreensão de novos paradigmas literários e culturais.