Nestes
contos estão presentes imagens fortes e reais de Salvador. Não aquela
cidade que vende entradas para fantasias que turistas do mundo todo
cobiçam. Não a Salvador escrita pelos "Amados", cantadas pelos "Velosos"
e fotografada pelos "Guerras", mas uma Salvador que não encanta: a
Salvador dos contos do vigário, do conflito de cor e da democracia que
brilha mais sobre o sol de uns do que de outros.
Seu
autor é moleque maduro. Velho conhecido do povo da rua, das rodas de
capoeira, das feiras livres e das casas que louvam deuses que não
castigam. E escreve. Para ele, escrever é como a religião, tem que se
vivenciar, e por isso rabisca sem rodeios sobre o que sabe, sobre o que
viu e sobre o que viveu pelas ladeiras de um centro que historicamente
não é um lugar de contemplação, mas sim, de confrontamento. A crueza e a
contundência do discurso, exibe o vigor das narrativas contidas neste livro; histórias que estão em permanente diálogo, mapeando um local que radia sentimentos de amor e rancor...
Marciano Ventura / Ciclo Contínuo de Literaturas
Marciano Ventura / Ciclo Contínuo de Literaturas