NEM TUDO ERA ARTE NA BAHIA SETECENTISTA


Nem tudo era arte na Bahia setecentista, pelo menos aos olhos do Ouvidor Geral da Comarca da Bahia, que em denúncia feita a Sua Majestade em 1733, alertava a Metrópole sobre a presença de um Teatro nas dependências da Câmara de Vereança da Bahia. Segundo ele o local era composto de um tablado de comédias e de indecorosas manifestações.    

5 de outubro de 1734.
Do Conselho Ultramarino.
O Vice Rei do Brasil dá conta de uma ordem que se passou por este Conselho ao ouvidor geral da Comarca daquela Cidade a respeito de um Teatro que achara junto das casas da Câmara era viciada e em menos cabo do mesmo Vice Rei; e vão os documentos e cópias que se acusa.   


Dom João. Etc. Faço saber a vos Jozê dos Santos Varjão Ouvidor geral da Comarca da Bahia, que serviu a vossa Carta de 8 de Maio deste presente ano em que me dava conta de que, entrando em correição na Casa da Câmara dessa Cidade avirei indecorosamente ocupada de um tablado de comédias e de uns palanques para acento do auditório, permanecendo sempre armado há três para quatro anos, em que além das representações sérias, se passava a outras de injuriosos arremedos em opróbrio de várias pessoas, por cuja causa parecendo-vos esta indecência indigna de tão veneranda Casa, destinada somente para as mais graves dependências e emprego da República, mandareis vocalmente em presença dos Oficiais da Câmara ao Procurador dela, que dentro de quinze dias fizesse tirar aquele tablado e porque passando quase o referido termo, tornando vós a Câmara, encontrastes nela persistente o mesmo teatro sem que o dito Procurador desse a mais leve causa desta omissão, o mandarei prender; porém que tomando o Visse Rei como própria esta causa, o mandara soltar, ficando o tablado na Câmara, e vendo as mais circunstâncias que precederam e houve nesta matéria. Me pareceu ordena-vos que logo mandeis lançar fora da Casa da Câmara o tablado, sem embargo de qualquer ordem do Vice Rei ou da referida Câmara. El Rei nosso Senhor o mandou pelos Doutores Manoel Francisco Vargas e Alexandre Mettello de Souza e Menezes Conselheiro de seu Conselho Ultramarino. Theodozio de Cobelos Pereira a fez em Lisboa a 9 de outubro de 1733.        
FONTE:
Projeto Resgate - Bahia Avulsos. 
Caixa 49 - Documento 4321. 
Disponível em resgate.bn.br