DENÚNCIA: ACERVO HISTÓRICO DE SALVADOR CORRE PERIGO!


Repassando a mensagem. 
Prezados, Venho através desta mensagem solicitar à Fundação Gregório de Mattos atenção para as condições do AHMS - Arquivo Histórico Municipal de Salvador. A referida instituição é responsável por um dos acervos de maior importância para a história do Brasil, composto pelo código de posturas do século XVIII e do fundo da documentação municipal iniciando no século XVI ao XX, que compõe escrituras de compra e venda de escravos, certidões diversas, documentação eleitoral e os EPUCS (Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador) capitaneado pelo engenheiro Mario Leal Ferreira. Essa documentação é utilizada por diversos estudantes e pesquisadores, de diversos níveis e programas de graduação e pós; assim como a sociedade civil, que com frequência recorre aos serviços prestados pelo arquivo em busca de certidões. Um bom exemplo é a consulta de certidões de nascimento; uma vez localizada, o usuário pode solicitar

DENÚNCIA: ACERVO HISTÓRICO DE SALVADOR CORRE PERIGO!

Chamamos a atenção e buscamos explicações da Fundação Gregório de Mattos para as péssimas condições do AHMS - Arquivo Histórico Municipal de Salvador. O Arquivo representa um dos acervos de maior importância para a história do Brasil, uma vez que Salvador foi a primeira capital da América Portuguesa durante mais de dois séculos, de 1549 a 1763, e permaneceu importante núcleo urbano colonial, imperial e republicano. O acervo histórico é composto de preciosidades documentais, como códigos de posturas dos séculos XVIII e XIX, certidões diversas, listas eleitorais e documentos do EPUCS (Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador), capitaneado pelo engenheiro Mario Leal Ferreira. Salvador está entre as principais cidades escravistas do Atlântico Negro, só perdendo para o Rio de Janeiro no número de cativos trazidos da África. Uma parte fundamental dessa história se encontra no Arquivo Municipal, a exemplo dos registro de navios negreiros, das escrituras de compra e venda de escravizados, do registro de ganhadores e ganhadeiras que vendiam e transportavam todo tipo de mercadorias nas ruas da cidade, entre outros documentos, entre outras séries documentais relevantes para a memória da população negra soteropolitana.


A documentação do AHMS tem sido utilizada por estudantes e pesquisadores de diversos níveis, ligados a, escolas, universidades, e nestas, a cursos de graduação e programas de pós-graduação. Numerosos pesquisadores estrangeiros também já se debruçaram sobre esses papeis, em projetos sediados em universidades como Harvard, Texas, Johns Hopkins, Paris/Sorbonne, Londres etc. Mas também o cidadão soteropolitano usa o Arquivo com frequência em busca de certidões as mais diversas. Um bom exemplo é a consulta de certidões de nascimento, as quais, uma vez localizadas, os usuários  podem solicitar cópias autenticadas gratuitamente. Cabe destacar que este serviço é atualmente realizado por um único funcionário, que além de transcrever o documento, precisa se desdobrar para atender o público.

 É preciso destacar, ainda, que a Fundação Gregório de Mattos foi transferida para um novo prédio na rua da Barroquinha, deixando para trás o AHMS e seu único funcionário. O argumento recorrente para que o arquivo ficasse onde está, e praticamente inativo, é que será futuramente transferido para uma nova sede localizada no Comércio. Cabe aqui outro detalhe: pelo que se sabe  tal prédio sequer começou a ser construído ou reformado. Com que prazo a Prefeitura trabalha? Torcemos para que, quando isso aconteça, o precioso acervo ainda exista, o que será quase um milagre diante das condições precárias de acomodação dos documentos históricos, sujeitos, inclusive, a serrem consumidos pelo fogo devido à situação calamitosa das instalações elétricas locais (vejam as fotos aqui anexadas).

Recentemente foi publicado no Diário Oficial do Município nº 7522 em 10.12.2019 ( http://www.dom.salvador.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6230:dom-7522&catid=1:dom pág.33), a contratação de um consultor individual, especialista em arquivos, pelo considerável valor de R$ 362.354,40. Aguarda-se uma palavra do contratado, que imaginamos ter uma ideia do que fazer daqui para frente, a começar por um diagnóstico daquilo que viu para elaborar sua proposta.

Como último apelo, chamamos atenção para a contratação de pessoal. É humanamente impossível que um único funcionário seja o responsável por todo o atendimento. Além do atendimento a pesquisadores, especificamente, e ao público em geral, há que ter gente para cuidar da documentação, que precisa ser organizada, higienizada e em grande parte restaurada. Precisa inclusive ser completamente digitalizada para que possamos continuar a acessá-la caso o pior aconteça: um incêndio que destrua toda ela.