ARQUIVO
GERAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Até hoje,
quase 110 anos depois, não se sabe ao certo o que levou o comandante do Minas
Gerais, João Batista das Neves, a ordenar que o marinheiro Marcelino Rodrigues
Menezes levasse 250 chibatadas: a suspeita de ter embarcado, às escondidas, com
duas garrafas de cachaça; a acusação de ter agredido um cabo com uma navalha;
ou um pouco dos dois.
Em 1910,
faltas leves eram punidas pelos oficiais da Marinha com a prisão em solitária,
a pão e água, por um período de três a seis dias. Já as ofensas mais graves,
como desrespeito à hierarquia, recebiam como castigo 25 chibatadas, na frente
de toda a tripulação e ao som do rufar de tambores.
O fato é
que, no dia 21 de novembro daquele ano, a sentença imposta a Marcelino,
amarrado a um mastro do convés e nu da cintura para cima, revoltou um grupo de
marinheiros negros que, cansado de sofrer castigos físicos de seus oficiais
brancos, resolveu organizar um motim.
No dia
seguinte, às 22h, o clarim não pediu silêncio. Chamou para o combate. Sob a
liderança de João Cândido, 2.379 marinheiros — em sua maioria, negros e pardos
— assumiram o comando de quatro navios de guerra — Minas Gerais, São Paulo,
Bahia e Deodoro —, que estavam ancorados na Baía de Guanabara.
Aos
gritos de "Viva a liberdade!" e "Abaixo a chibata!", a
marujada içou bandeiras vermelhas de insurreição, apontou 80 canhões na direção
do Rio de Janeiro e ameaçou bombardear a então capital da República, caso suas
exigências não fossem cumpridas: melhores salários, anistia aos revoltosos e,
principalmente, o fim dos castigos.
ACESSE NA ÍNTEGRA: