Na
década de 1920 as obras do prefeito Pereira Passos já haviam alterado a
geografia física e social da cidade do Rio de Janeiro. A modernidade baseada no
modelo francês consolidara a burguesia como classe dominante, e a sociedade,
econômica e culturalmente, a ela se adaptava.
Para o
cidadão médio, atravessado pela mudança de uma economia agrária para uma
economia industrial, as mudanças em sua vida seriam profundas, e as relações
com o outro (o vizinho, a esposa, o colega, o patrão, o Estado) também
sofreriam tais mudanças. Da mesma maneira, mudava o Estado e mudavam as formas
de controle sobre a população, visando tanto a submissão como a produtividade.
Estabelece-se toda uma intrincada rede de relações a fim de atender estes
objetivos, onde a maior liberdade em certos espaços complementa a repressão e o
condicionamento em outros.
A fim
de fugir deste condicionamento, do rigor de horários e de obediências, da
submissão, o cidadão médio tinha a noite. Era nela que ele se refugiava, se
divertia, e cometia os atos que o Estado proibia. A noite era o lugar da
transgressão. E é deste espaço que trata Nas Horas Mortas: A vida noturna no
Centro do Rio de Janeiro (1920-1929), obra que Maurício Limeira apresentou como
monografia de final de curso na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde
cursou História, e agora lança, como livro independente.
Nas
Horas Mortas procura analisar, baseado principalmente na leitura de jornais da
época, o funcionamento destes espaços dedicados à transgressão, à fuga da
opressão do Estado. Dividido em duas partes.
A Noite
Iluminada (onde aborda a vida noturna autorizada pelo Estado, como as festas
populares, o teatro e o cinema) e A Noite Obscura (em que trata das formas
ilegais de transgressão, como o jogo, a prostituição e as drogas), o livro
apresenta diversas curiosidades.
Seja
acompanhando de perto os passos de autores como João do Rio, Benjamin Costallat
e Ribeiro Couto, ou de anônimos das páginas do jornal Correio da Manhã, Nas
Horas Mortas atravessa blocos de carnaval, entra nos espetáculos teatrais da
Praça Tiradentes, acompanha a ação dos bolinas na nascente Cinelândia. Indo
além, mergulha no funcionamento do jogo do bicho, dos clubes noturnos, dos
prostíbulos e cabarés, das casas de ópio. Descreve com minúcias o variado
comércio noturno e suas atividades de sedução, fornece endereços, reproduz
diálogos e vocabulários, analisa a ação (ou a vista grossa) da polícia, e
aproxima o contexto da época com o atual.
O autor
MAURÍCIO
LIMEIRA é carioca, funcionário público formado em História. Escreve desde a adolescência
e vem publicando parte deste material na internet, ou inscrevendo em prêmios
literários, ou ainda através da autoedição. Dois de seus contos foram
publicados na revista Cult, um foi premiado em concurso da Fundação Ceperj.
Lançou o romance de terror O Adversário, a novela de humor Taras, Fobias &
Contas a Pagar e a monografia Nas Horas Mortas: A vida noturna no Centro do Rio
de Janeiro (1920-1929). Seu terceiro romance, O TERRAÇO E A CAVERNA foi
premiado pela Fundação Cultural do Estado do Pará.
Onde
encontrar
Nas Horas Mortas está
disponível no site Portal dos Livreiros, em Possui 138 páginas e custa R$ 20,00 + frete.
ACESSE: Portal dos Livreiros