Filho de
Manuel Carigé Baraúna e Emília Augusta Carigé Baraúna, Eduardo Carigé tinha 36
anos, era casado, e em 1887 morava com a família às portas do Carmo, no sobrado
n.° 08, 2°andar, no atual Pelourinho, no centro de Salvador. Segundo suas
próprias declarações, “vivia de imprensa”, mais especificamente das reportagens
que fazia para a Gazeta da Tarde, órgão
abolicionista de propriedade de Pamphilo de Santa Cruz. Nas páginas desse
periódico, sob o pseudônimo de Martilius, ele
escreveu as Cartas ao Imperador. Considerado
pelos coevos como o principal líder abolicionista baiano, Carigé era sem dúvida
a personagem mais ativa da Sociedade Libertadora Bahiana, da qual se
intitulava “procurador”. E foi nesta condição que ele agenciou não só a moção
de centenas de ações de liberdade como também peitou de frente poderosas
famílias baianas para defender os interesses dos escravos.
Atuando na
capital e no Recôncavo, esta organização mostrou-se, contudo, muito mais
combativa devido à enérgica atuação de seus membros e sobretudo às estratégias utilizadas,
como a promoção de fugas, o acoitamento de escravos e, acima de tudo, o estímulo à
promoção de ações de liberdade na justiça. Além dos nomes já citados, entre os seus
membros também estavam o jornalista Pamphilo Santa Cruz, redator do jornal abolicionista
Gazeta da Tarde, o advogado Frederico
Lisboa, o sapateiro Manuel Roque, o major Francisco Pires de Carvalho, dentre
outros.
Texto de Ricardo Tadeu Caires Silva, disponível em:
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