Colóquio Internacional Aimé Césaire

Colóquio Internacional Africanidades e pensamento negro na Fundação Pedro Calmon, Biblioteca Pública do Estado da Bahia, dia 25 de maio, às 18 horas.
 
Aimé Césaire é um dos mais interessantes poetas vivos pelo mundo afora. Foi ele que, ao lado de Léopold Sédar Senghor, encabeçou o movimento da negritude no final dos anos 30. Aliás, foi ele quem cunhou este termo que passou a ser usado em toda manifestação de afirmação dos negros ao ponto de perder a força original (Césaire queria tirar a palavra de sua condição pejorativa e usá-la ao favor de uma cultura: a cultura das "folhas que resistem ao vento". Em outras palavras: transformar o tabu em totem.)

Assim como seu camarada, Césaire é uma das melhores cabeças que surgiram no século XX.


Deixo aqui a minha homenagem: a tradução de um poema recente, publicado em um livro chamado "Moi, Laminaire". Saravá Césaire (que significa ave caesar)!


Palavra-Macumba


a palavra é mãe dos santos
a palavra é pai dos santos
com a palavra serpente é possível atravessar um rio
povoado de jacarés
me acontece eu desenhar uma palavra no chão
com uma palavra fresca pode-se atravessar o deserto de um dia
existem palavras remo para afastar tubarão
existem palavras iguana
existem palavras sutis essas são palavras bicho-pau
existem palavras de sombra com despertadores em cólera faiscante
existem palavras Xangô
me acontece de nadar malandro nas costas de uma palavra golfinho

le mot est père des saints/ le mot est mère des saints/ avec le mot couresse on peut traverser un fleuve/ peuplé de caïmans/ il m’arrive de dessiner un mot sur le sol/ avec un mot frais on peut traverser le désert/ d’une journée/ il y a des mots bâtons-de-nage pour écarter les squales/ il y a des mots iguanes/ il y a des mots subtils ce sont des mots phasmes/ il y a des mots d’ombre avec des réveils en colère d’étincelles/ il y a des mots Shango/ il m’arrive de nager de ruse sur le dos d’un mot dauphin
(leia mais poemas de aimé césaire aqui: www.salamalandro.redezero.org)