Esta noite me dirigi ao IML, onde, durante a madrugada, encontrei vários comunistas que migraram para o mesmo destino. Alguns minutos antes eu acabara de ligar o computador e pelo bate-papo do orkut uma camarada me informava que alguns instantes antes os camaradas Paulo Colombiano e Catarina haviam sido chacinados no Bairro de Brotas, próximo ao IPERBA.
 
Inicialmente achei que era alguma brincadeira de mal gosto, mas logo percebi que, de fato, todos estavam se deslocando para o local do delito ou para o IML, d'onde os corpos já se encontravam.
 
Foi uma noite difícil esta, eu os conhecia a mais de vinte anos.
 
O Colombiano era uma figura folclórica, meio exótico, muito conhecido no meio sindical. Desses lutadores incansáveis, notável por seu radicalismo e extrema fidelidade as decisões coletivas. era uma espécie de pau prá toda obra, o cara não escolhia tarefa fácil, não. Por muitos anos ele esteve na oposição do sindicato dos rodoviários, e na ultima gestão da entidade, uma composição política o colocou na tesouraria da instituição, papel que vinha desempenhando até então.
 
Catarina, além de esposa de Colombiano e irmã do amigo Geraldo Galindo, era uma funcionária exemplar do nosso partido. Estava à frente de tudo, dos eventos, das viagens, da organização da vida militante. Afetiva, meiga, sempre sorridente, não havia um só dia que eu chegasse na sede dos Barris, ela lá não estivesse. 
 
Difícil não conter as lágrimas, a primeira impressão do ocorrido é que não se trata de assalto. Talvez um crime decorrente das próprias disputas sindicais, uma vez que o sindicato dos rodoviários a muito se notabiliza pelas ações de gangsterismo, algo que não conhecemos em outros espaços de classe em salvador.
 
Agora pela manhã chove em Salvador, a cara da cidade parece refletir a perda de Colombiano e Cat.
 
Saudações comunistas,
 
 
Ricardo Moreno