"I Seminário Internacional Patrimônio, História intelectual e Cultura na África Ocidental e V Jornada do Centro de Estudos Africanos da UFMG".



O Centro de Estudos Africanos da UFMG/CEA, em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa/INEP de Guiné-Bissau, abre chamada pública para apresentação de comunicações no I Seminário Internacional Patrimônio, História intelectual e Cultura na África Ocidental.

O evento acontecerá entre os dias 02, 03 e 04 de outubro de 2017, no Centro de Atividades Didáticas 2 (CAD2) da UFMG. O objetivo é reunir investigadores com trabalhos que proponham novas perspectivas sobre dinâmicas culturais e intelectuais e sobre História patrimonial, em diferentes períodos históricos, no espaço compreendido entre o Sahel ocidental, a costa atlântica (do Senegal ao golfo do Benin) e imediações do Lago Chade, recorte compreendido como África Ocidental. Neste evento, buscamos fundar um espaço para diálogos contínuos entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros sobre as particularidades dessa região africana, apontando suas dinâmicas próprias e seus impactos locais, regionais e globais, partindo da perspectiva de indivíduos e sociedades africanas.

Durante o Seminário Internacional ocorrerão duas exposições: “Urbanidades da Guiné-Bissau – Arquiteturas e Sítios Históricos com Futuro” sob curadoria da Arquiteta Ana Milheiro (ISCTE-IUL/Lisboa) e “Os Panos da Guiné” da coleção de Odete Semedo (INEP-Guiné-Bissau), sob curadoria da mesma. 


Gumercindo Dórea: nem vilão, nem herói - Resposta a José Nêumanne, por Laura de Oliveira.



A historiadora Laura de Oliveira, Professora do Departamento e do curso de Pós-Graduação em História da UFBA, nos escreveu solicitando publicar uma resposta à crítica ao seu livro “Guerra Fria e Política Editorial”, publicada no blog do jornalista José Nêumanne, no Estadão. Em defesa do debate intelectual aberto e de alto nível, Laura de Oliveira hoje é a historiadora do blog.

Gumercindo Dórea: nem vilão, nem herói/ Resposta a José Nêumanne por Laura de Oliveira (contato Laura.oliveira@ufba.br)

No dia 03 de setembro, José Nêumanne publicou em seu blog “Direto ao assunto”, vinculado ao jornal O Estado de S.Paulo, matéria intitulada “Herói tratado como um vilão”, em que faz crítica direta ao meu livro “Guerra Fria e Política Editorial” (Maringá, PR: EDUEM, 2015). Entre outros adjetivos, o jornalista o qualifica como “stalinista”, “grotesco” e “sofrível”, que por si só justificam meu direito de resposta.

O livro é resultado de pesquisa de doutoramento que desenvolvi durante quatro anos na Universidade Federal de Goiás (UFG), sob orientação da professora Dra. Fabiana de Souza Fredrigo, com período de estágio na Georgetown University, nos Estados Unidos, onde contei com supervisão do professor Dr. Bryan McCann. Ao longo do período, realizei pesquisas em arquivos nos dois países, entre os quais o Arquivo Municipal de Rio Claro (SP), o Arquivo Nacional (RJ), a Mudd Manuscript Library da Princeton University (EUA) e a National Archives and Records Administration, NARA II (EUA). As pesquisas possibilitaram acesso a abundante documentação acerca da história da Edições GRD, fundada pelo Sr. Gumercindo Rocha Dórea em 1956 e objeto da pesquisa.

O rigor na coleta das fontes, a qualidade da análise e os méritos do texto historiográfico produzido a partir delas vêm sendo reconhecidos pela comunidade intelectual brasileira: em 2014, fui finalista do Prêmio de Teses CAPES/MEC e laureada com menção honrosa. No ano seguinte, venci o Prêmio Manoel Salgado de Teses, promovido pela Associação Nacional de História (ANPUH), o mais importante prêmio concedido a teses em História no Brasil. Em seguida, a ANPUH encaminhou o manuscrito à editora da Universidade Estadual de Maringá, filiada à Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU) e identificada pela qualidade científica e técnica dos seus títulos.




João José Reis fala sobre escravidão contemporânea



Por Tharsila Prates

Referência para os estudos da história da escravidão e vencedor do prêmio Machado de Assis, escritor falou com o CORREIO
Referência para os estudos da história da escravidão no século XIX e vencedor, este ano, do prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras (ABL) pelo conjunto da obra, o historiador baiano João José Reis, 65 anos, está engajado em dois novos livros.

Um vai tratar de um cativo trazido da África que virou comerciante rico; e o outro, em estágio mais avançado, é sobre o arrocho fiscal a trabalhadores africanos no século XIX, ainda sem data para o lançamento. “Pretendo produzir muito ainda”, disse ele em entrevista ao CORREIO, por e-mail.

Autor de livros como A Morte é uma Festa e Rebelião Escrava no Brasil: a História do Levante dos Malês em 1835 (ambos pela Companhia das Letras), Reis é formado em História pela Universidade Católica do Salvador, tem mestrado e doutorado pela Universidade de Minnesota e diversos pós- doutorados, que incluem a Universidade de Londres, o Center for Advanced Studies in the Behavioral Sciences, da Universidade Stanford, e o National Humanities Center.

Bastante aplaudido durante a última edição, em julho, da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), onde participou da mesa Fora de Série, com a escritora cearense Ana Miranda, ele afirmou querer sua identidade reconhecida como historiador, e não como romancista.

Com o livro A Morte é uma Festa, João Reis venceu o prêmio Jabuti em 1992. O trabalho trata, de maneira detalhada, sobre o levante que terminou na destruição do recém-inaugurado cemitério do Campo Santo, em Salvador, em 1836. Se você nunca ouviu falar no episódio que ficou conhecido como Revolta da Cemiterada, a leitura do livro é obrigatória.


Nesta entrevista, ele fala sobre a escravidão contemporânea, os novos projetos e sobre a Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde ingressou em 1979 como professor. Confira:


Projeto pioneiro no Brasil cria acervo digital com documentos históricos do Judiciário paraibano

A equipe iniciou o trabalho em 2015

Por Marília Araújo

Cinco livros e mais 1.960 itens individuais, datados dos séculos XVIII e XIX, foi o total de documentos notariais e criminais do Poder Judiciário do Estado da Paraíba, que um grupo de historiadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) digitalizou, para a criação de um acervo eletrônico. O resultado foi de 151.144 imagens produzidas, que serão disponibilizadas posteriormente na internet.

O projeto é uma atividade dentro de um programa de extensão da UFPB, coordenado pelos doutores em História: Marshall Eakin e Courtney Campbell, da Universidade Vanderbilt, e Maria Vitória Lima e Solange Pereira da Rocha, da Universidade Federal da Paraíba. Para executar todo o procedimento, estiveram envolvidas 14 pessoas dos cursos de História, Arquivologia, Matemática Computacional e Engenharia da Computação da UFPB.

A ação recebeu o apoio do Tribunal de Justiça da Paraíba que, por meio da Gerência de Acervos, providenciou um acompanhamento na busca dos documentos e concedeu uma sala na sede do Judiciário estadual para a realização da atividade.

O objetivo é resgatar, por meio de um processo de digitalização, documentos históricos do Judiciário estadual, os mais antigos e mais desgastados pelo tempo. Foi levado em consideração que “esses são registros fundamentais para estudos da escravidão e da abolição, sobre os órfãos e as custódias, atividades comerciais, os crimes e os direitos de propriedade no Nordeste brasileiro”, conforme relata a professora Maria Vitória.

O arquivamento digital teve início em agosto de 2015, com documentos cartoriais das comarcas de João Pessoa, São João do Cariri e Mamanguape. Segundo Maria Vitória, “encontrar todo o acervo fora de organização retardou um pouco o processo. Iniciamos com etapas de higienização, folha a folha, encapilhamento e nomeação, para poder dar início à digitalização e ao resumo. Também era fundamental ter o maior cuidado possível, por ser um material já ameaçado pelo tempo e desgastado”, declarou.

Ao final de todo o processo, cada unidade do Judiciário, que teve seus documentos digitalizados, receberá as cópias completas dos arquivos, assim como a Gerência de Acervos do Tribunal de Justiça da Paraíba, o Núcleo de Estudos e Pesquisas Afrodescendentes e Indígenas da UFPB (NEABI), o Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional da UFPB (NDIHR) e a biblioteca digital internacional The Jean and Alexander Heard Library, da Universidade de Vanderbilt, do Estado do Tennessee, nos Estados Unidos.

A partir do ano de 2018, a galeria também será disponibilizada, online, nos sites: http://www.vanderbilt.edu/esss/about/project-teams.php http://afro.culturadigital.br/neabiafroparaiba/

No entanto, a professora Maria Vitória destaca: “os pesquisadores interessados já podem nos procurar para consultar esses arquivos”. Agora, o trabalho está em fase de revisão final de algumas imagens e elaboração dos últimos resumos.

Casos de destaque

Durante a catalogação, alguns casos se destacaram, despertando interesse, a exemplo de um inventário, datado de 1782, em nome de uma senhora de iniciais C.M.J. que, em vida, foi casada com D.G.N. O marido solicitou o divórcio para se casar com sua ex-escrava. C.M.J. deixou, em seu testamento, a história de seu divórcio e declarou suas vontades, incluindo o que devia ser feito em relação a seus submissos. Entre os bens deixados por ela, estavam alguns escravos e uma saia de xamalote azul.


Outra situação que chamou a atenção dos historiadores, foi um processo do século XIX, uma época em que “a mulher não tinha voz, nem vez” e, quando ficava viúva, o juiz de órfãos colocava como tutor e testamenteiro dos órfãos não a mãe, mas um homem que podia ser da família ou não. Nesse caso, a mulher não aceitou essa decisão. Então enviou uma carta para a rainha de Portugal, de onde o Brasil era colônia, solicitando a tutela das crianças, alegando ter condições de ser responsável pelos bens, pelos filhos órfãos e pelo patrimônio construído junto ao marido. A rainha aceitou o pedido. “Desse período, até agora, não há conhecimento de outro caso dessa natureza”, declarou a historiadora Maria Vitória.
ACESSE A FONTE: