EMENTA:
A produção historiográfica
sobre as experiências africanas na diáspora vem se avolumando desde a década de
1980. No Brasil, em particular, a pesquisa empírica em variadas fontes –
algumas inéditas – como os testamentos e inventários post-mortem, possibilitaram
aproximarmo-nos das expectativas e perspectivas dos africanos. Mais do que
informações sobre a vida material de libertos, testamentos e inventários são
pertinentes documentos acerca das relações sociais, medos, anseios, laços
familiares e afetivos, graus de parentescos entre livres, forros e cativos. Por
outro lado, a documentação eclesiástica, que possui uma forte tradição em
estudos de demografia e família na Europa vem sendo constantemente utilizada
pelos historiadores sociais no Brasil. Através dos registros paroquiais é
possível remontarmos também as redes de compadrio de cativos, forros e livres,
além de ser uma ótima ferramenta para perscrutarmos as nações e identidades
transétnicas que foram sendo reinventadas nas Américas. Vale ressaltar que os
estudos sobre os africanos no Brasil são intensos na região Sudeste e no estado
da Bahia. Embora Pernambuco tenha sido a terceira capital do Império a receber
grande número de pessoas da África para serem escravizadas, as pesquisas ainda
são tímidas no tocante as experiências desses indivíduos na região. Este curso
pretende, portanto, discutir como estas e outras fontes podem ser utilizadas na
reconstrução da história dos africanos na capital pernambucana na segunda
metade do Império.