Biblioteca Nacional digitaliza
sua hemeroteca e contribui para a consolidação de uma verdadeira revolução no
trabalho de pesquisa acadêmica
Os historiadores brasileiros
podem comemorar mais uma excelente notícia no que se refere a oferta de
documentos na internet: a Biblioteca Nacional está digitalizando todo o seu
acervo de jornais e revistas não-correntes (que deixaram de circular). São milhares
de periódicos produzidos entre os séculos XIX e XX e que poderão auxiliar – de
forma gratuita – pesquisadores no Brasil e no exterior que investigam os mais
diferentes temas e áreas. O acesso poderá ser feito a distância, via um banco
de conteúdos online.
O projeto da Biblioteca
Nacional é bastante ambicioso. Até o momento foram digitalizados 638 periódicos
– pequenos, grandes, raros e populares. A maior parte cobrindo o período que
vai do início do século XIX até os anos 1950. E, segundo os funcionários da
Biblioteca Nacional, há muito material sendo preparado, incluindo periódicos da
segunda metade do século XX. Além do volume significativo de documentos, a
hemeroteca digital ainda conta com um muito bem-vindo sistema inteligente. Há
alguns anos, os primeiros projetos de digitalização de fontes históricas
preocupavam-se muito com a qualidade visual do material, mas quase sempre
deixavam a desejar no quesito a pesquisa do acervo. No caso da Biblioteca
Nacional, não. Os conteúdos contam com um sistema de buscas que funciona muito
bem. É possível virar e revirar todo o banco de dados através de pesquisas
precisas por periódico, por período e por local.
Entre os periódicos, já é
possível encontrar grandes jornais do período republicano, como “Correio da Manhã”
e “Diário Carioca”, e também os pequenos, mas não menos ilustres, como “O
Despertar” e “Nova Luz Brazileira”, da época do Império. Alguns poucos jornais
não autorizaram a digitalização de seu acervo de forma alguma. É o caso do
carioca “O Jornal”. Outros, liberaram parcialmente: o acesso não pode ser feito
remotamente, mas somente in loco. Por isso, principalmente, a Biblioteca
Nacional já está se equipando: dezenas de computadores com acesso a internet
farão companhia as já conhecidas máquinas leitores de microfilmes. Além disso,
jornais que passaram por processos de digitalização incompletas e/ou
problemáticas, como é o caso do “Jornal do Brasil” e do “Última Hora”, serão
redigitalizados e acrescentados ao banco de dados.
A iniciativa da Biblioteca Nacional
é um acerto na política de democratização do conhecimento da instituição
(aquilo que deve ser, no fundo, a vocação de qualquer biblioteca). Para o
historiadores, os benefícios da digitalização de fontes são imensos, para não
dizer revolucionários. As pesquisas por “palavras-chave”, e por diferentes
entradas, tornam as pesquisas mais rápidas e mais precisas. Liberam tempo para
análises e para ampliação de objetos de estudos. E não é só: a digitalização e
disponibilização de um acervo como o da Biblioteca Nacional – a oitava maior do
mundo – permite a ampliação das pesquisas no país (fuga do excessivo
localismo), desafoga o atendimento presencial (melhora a sua qualidade) e ainda
preservam os originais. Se as novas mídias estão transformando o ofício do historiador,
a digitalização, neste sentido, é uma destas dimensões transformadoras.
Para conferir esse grande
trabalho – ainda em processo – acesse o site: www.memoria.bn.br ou http://bndigital.bn.br. Atenção: ainda em
teste, o site pode sair do ar em alguns momentos.
Fonte: Café História