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A INDÚSTRIA DOS SAVEIROS
O
país vai ler o comunicado que a abaixo publicamos; vai sentir o valor das
encrespações que havemos feito aos portugueses, que vivem entre nós: vai
apreciar por si mesmo se assiste sobeja razão para sustentar que se eles
intrometem em todos os [...] negócios domésticos; vai julgar [...] não uma
verdade o que [...] da influencia perturbadora [...] [...] do comercio, de que
[...] e da acumulação dos capitais [...] mãos.
Digam-nos
depois que não é por [...] da verdade e do país, que escreve e que continuaremos
a escrever em pró da nacionalidade brasileira!
Quatro
brasileiros beneméritos, bem dignos irmãos, amigos do povo e da pátria, compram
uns 60 saveiros, os quais distribuíram por nacionais, que a pouco e pouco
fossem pagando com muita módica quantia (160 réis por dia, dizem-nos) aquele
empréstimo generoso.
Em
mãos de africanos cativos de portugueses, pela maior parte, estava toda a indústria
de remar saveiros, cujo numero em nosso porto excedia talvez de mil.
Havia
aí uma lei, que facultava esta indústria a pessoas livres; isto é, que
reconhecia o monopólio para escravos; que tendia a dar cabo daquele terrível
núcleo de insurreições, que não era ainda nem proteção a nacionais, nem
reconhecimento de suas necessidades todas.
E
esta lei o que é que ela poderia trazer de proveito, se uma sociedade
brasileira não houvesse emprestado um capital aos proletários do país? [Por]
bem existir a cem anos a lei; [se] aquele empréstimo nem um [benéfico] [podia]
lhe trazer.
Mas
é assim que a vontade do povo é lei,
É assim
que a vontade do povo impera;
É
assim que o povo é mais forte que o governo;
É
assim que a soberania do povo se manifesta.
No
dia 1º de novembro de 1850 foi dada aos nacionais a permissão de dirigirem eles
sós saveiros em estações determinadas. Não erão certamente as melhores estas
estações.
E o
que fazem os portugueses monopolizadores? Não satisfeitos de negarem-se a
vender alguns saveiros que servissem para este primeiro passo da nacionalização
da indústria; não satisfeitos de tentarem arredar os homens livres daquele
trabalho que pintavam como ímprobo; vendo que são poucos para o trato do
comercio os saveiros possuídos por brasileiros, retiram todos os seus escravos
á um tempo daquele serviço, posto que somente três dos cais fossem destinados
para pessoas livres, para desta arte pretextarem depois que os brasileiros não
tem meios de satisfazerem as necessidades do comercio, e guerreando a indústria
brasileira exigirem depois a revogação da lei, que o povo faz executar, e a
medida adotada pelo governo, isto é, exigirem a continuação de seu monopólio.
É um
desaforo que eles não praticariam, se capitalistas brasileiros unindo-se em
sociedade fornecessem o capital conveniente para se obter um número suficiente
de saveiros.
É um
desaforo, que os bons dentre eles não podem, não devem deixar de reprovar.
Não
se zomba assim com o pão quotidiano do povo...
Bahia,
sábado, 9 de novembro de 1850.