PARA ASSOCIAÇÃO DE ARQUIVISTAS DE SP, ARQUIVO NACIONAL SOFRE DESMONTE



Diretora rebate as críticas e diz que “as mudanças em curso visam aperfeiçoar os serviços oferecidos pelo Arquivo Nacional”

Circula na internet um abaixo-assinado encabeçado pela Associação de Arquivistas de SãoPaulo (ARQ-SP) contra o “desmonte do Arquivo Nacional”. De acordo com a petição, as medidas em curso na instituição “denotam objetivos claros e coerentes, pois contrariam as boas práticas da área de arquivo, as pesquisas realizadas pelas áreas técnicas e as recomendações e orientações emanadas da própria instituição, muitas das quais adotadas pelo Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ)”.

Uma das ações negativas em curso no AN apontadas pela Associação de Arquivistas seria a transferência do Rio de Janeiro para Brasília da Coordenação Geral de Gestão de Documentos e da coordenação do Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo (SIGA) da administração pública federal que “acarretará a dissociação entre as atividades de gestão e as atividades de arquivo permanente, fragilizando a instituição ao restringir a atribuição de sua sede, no Rio de Janeiro, à guarda de arquivos históricos”.

Ainda de acordo com a petição, a diretora-geral do Arquivo Nacional, a bibliotecária Neide de Sordi, que assumiu o cargo em fevereiro deste ano, informou aos servidores da instituição que o órgão está sob a intervenção do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a quem está subordinado desde 2011.

“A par disso, vêm sendo anunciadas medidas que representam um retrocesso nas conquistas alcançadas nas últimas décadas e que, uma vez concretizadas, comprometerão de forma irreversível o cumprimento da missão institucional. Cabe ressaltar que o anúncio das medidas se dá num ambiente de ausência de diálogo com o corpo técnico e de justificativas embasadas em critérios técnicos, legais e administrativos”, diz a petição.

O Arquivo Nacional, que em 2018 completou 180, é um órgão central do Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo (SIGA), da administração pública federal, e tem por competência orientar os órgãos e as entidades do Poder Executivo federal na implementação de programas de gestão de documentos, bem como fiscalizar a aplicação dos procedimentos e das operações técnicas referentes à produção, ao registro, à classificação, ao controle da tramitação, ao uso e à avaliação de documentos, entre outros.

Envolvido no clima político que culminou com o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, o Arquivo Nacional passou por uma série de reveses com seguidas trocas de diretores a partir de 2016. Os servidores da instituição também reivindicam um plano de carreira, a realização de eleições para o cargo de diretor e de concurso público, bem como a volta da entidade para a Casa Civil, onde o Arquivo estava subordinado antes de ir para o Ministério da Justiça.

Em contato com a Biblioo, Neide de Sordi rebateu as críticas e disse que “as mudanças em curso visam aperfeiçoar os serviços oferecidos pelo Arquivo Nacional em face dos desafios do tempo presente e, ainda, criar condições para que ele, de fato, exerça sua missão institucional com efetividade”. Segundo ela, “em lugar de ‘desmonte’, o que se busca é fortalecer a instituição”.

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