Documento de 1832 ganha certificação da Unesco após ser restaurado



A Bahia foi contemplada com a certificação do registro nacional do Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Intitulado de Relíquia da Irmandade Devoção de Nossa Senhora da Solidade dos Desvalidos, livro de termos do ano de 1832, o documento foi um dos 10 selecionados em uma candidatura.
Foram reunidos 29 proponentes com importantes acervos brasileiros, e este foi o único da Bahia incluído nesta seleta lista. O manuscrito certificado pertence à Associação Protetora dos Desvalidos, antiga Sociedade Protetora dos Desvalidos, uma instituição remanescente da Irmandade dos Desvalidos.
É uma ata que fala sobre o cotidiano de uma das primeiras Irmandades compostas apenas por negros, ex-escravos e com trabalho de ganho, em que o intuito era o auxílio mútuo entre seus irmãos. A ata foi produzida entre os anos 1832 e 1847, em tinta ferrogálica e em tinta orgânica, em papel avergoado. É um documento importantíssimo para a história da presença dos negros na cidade do Salvador no século XIX.
No início deste ano, este mesmo documento já havia sido contemplado pela Prince Claus Fund, de Amsterdam, em um edital para recuperação de acervos documentais relevantes e em vias de desaparecerem, também proposto pela Profa. Dra. Vanilda Salignac Mazzoni (Memória & Arte - ateliê de conservação e restauração de acervo em papel), que o restaurou com o financiamento da empresa europeia.
Após ser recuperado, foi submetido ao edital MOW – Memória do Mundo/Unesco, em uma parceria entre o SPD, representado pela presidente Lígia Margarida Gomes de Jesus; Vanilda Mazzoni (Memória & Arte), Fabiano Cataldo (UniRio), Maria Cláudia Santiago (FioCruz), com o apoio dos pesquisadores Prof. Dr. João Reis (UFBA), Prof. Dr. Jorge Augusto Alves (Uesb) e Prof. Me. Lucas Campos (Uneb).
A certificação e reconhecimento do documento enquanto patrimônio histórico mundial é importante em um momento em que se discute a guarda e o destino do acervo cultural brasileiro, que recebe pouca atenção por parte do governo, pois prêmio como este incentiva todas as instituições a preservarem seus acervos.
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