Doação anônima resgata livro de notas do século XVIII que é restaurado no Arquivo Público do Estado da Bahia

Uma doação anônima de papel japonês, utilizado para restauração de livros, viabilizou o reparo do Livro de Notas da Capital número 32, do século XVIII (1718-1719) - custodiado pelo Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB) – unidade vinculada á Fundação Pedro Calmon/ Secretaria de Cultura do Estado. O livro, produzido à época pelo tabelião Antonio da Costa Andrade, era de extrema fragilidade, portanto, ameaçado de extinção. Por esta condição, o livro integra o conjunto de documentos que está sendo digitalizado no Arquivo por meio do projeto “Digitalização dos Livros de Notas da Bahia: 1664-1889”, do Arquivo Público. O projeto - coordenado pelo historiador João José Reis - tem apoio do Programa Arquivos Ameaçado de Extinção/ Endangered Archives Programme da Biblioteca Britânica. 

A doação do papel foi motivada a partir de diagnóstico realizado pela equipe técnica de Restauro do Arquivo Público (Janilda Abreu, Clemilda Palmas, Mariete Araújo, Maria da Glória Fernandes, Jaciara Cruz e Arlete Cruz), que constatou a fragilidade do Livro. O exame na capa e no interior do livro identificou a presença de sujeira, acidez, oxidação de tinta, ondulações, dobras e perda de suporte no Livro. A partir disso, teve início o processo de higienização em cada folha do documento. "Velatura" foi a técnica utilizada, que consiste na aplicação de uma folha de reforço do verso das páginas. O trabalho foi finalizado pela equipe em janeiro deste ano, o que possibilitou a posterior digitalização. Os interessados em doar este outros materiais que podem ser utilizados no restauro de documentos deve procurar a direção geral da Fundação Pedro Calmon (veja aqui). Na restauração em questão, foram utilizadas 380 folhas do papel japonês doado.

De acordo com o coordenador técnico do projeto, o historiador Urano Andrade, esses Livros de Notas abrangem uma série de conceitos que permitem a descrição e limitação de toda área rural e urbana da Bahia, endereços, qualidade e quantidade dos imóveis existentes, por exemplo. Os livros estão custodiados no Arquivo Público desde a abertura da entidade, em 1890. Além dele, 480 outros Livros de Notas (450 mil imagens), estão sendo digitalizados até julho de 2017 (saiba mais aqui).

“Cada livro é composto por diversas séries documentais e tem, desde compra e venda de escravos, cartas de liberdade, compra e venda de imóveis e procurações diversas, a doação de dotes para casamento, cartas pessoais e venda de navio negreiro para o tráfico de pessoas”, disse Urano que, em abril, proferiu palestra no Arquivo Público sobre o projeto (veja aqui).


Arquivo Público – Com 126 anos, o Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB), unidade da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura do Estado (FPC/SecultBA), é a segunda mais importante instituição arquivística pública do país. Em seu extenso e rico patrimônio estão custodiados documentos produzidos e acumulados no período colonial, monárquico e republicano brasileiro, que são diariamente consultados por pesquisadores de todo Brasil e de outros países. Um acervo organizado e estruturado desde 1890, quando o então governador do Estado da Bahia, Manoel Victorino Pereira, por meio de Ato, criou o Arquivo Público.
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