Considerado
uma referência no estudo da História e da escravidão no século XIX, o
historiador, professor universitário e escritor, João José Reis, é o
coordenador do projeto de Digitalização de 450 mil imagens de Livros de Notas,
produzidas em mais de dois séculos – 1664 a 1889, que estão custodiados no
Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB). O projeto, que durará dois anos,
conta com a parceria da Fundação Pedro Calmon/Secretaria de Cultura do Estado
da Bahia (FPC/SecultBA) e do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH) da Universidade Federal da
Bahia (UFBA), além de apoio da Biblioteca Britânica, mediante o EndangeredArchives Program (Programa Arquivos Ameaçados de Extinção). Em entrevista concedida
à Assessoria de Comunicação da Fundação Pedro Calmon, João Reis disse que os
documentos digitalizados serão disponibilizados online pela British Library,
podendo ser consultados gratuitamente.
Confira:
FPC –
Qual a importância deste projeto de digitalização dos Livros Notas para a
comunidade acadêmica e para a sociedade?
João
Reis - A série documental escolhida para este projeto, os Livros de Notas dos
tabeliães, é fundamental para a escrita da história social e econômica da
Bahia. São documentos que já vêm sendo usados há décadas pelos pesquisadores.
São, com freqüência, consultados pelo público em busca de documentos sobre
história familiar, cadeias sucessórias de imóveis, limites de propriedade, entre
outros assuntos. As imagens digitalizadas serão guardadas em HDs externos,
depositados no Arquivo Público do Estado da Bahia e no Programa de
Pós-Graduação em História da UFBA, onde poderão ser consultados sem ser
necessária a manipulação direta dos documentos originais, o que ajudará na sua
preservação. Outros HDs serão enviados à British Library, que financia este
projeto com uma dotação administrada pela FAPEX, uma fundação de pesquisa
vinculada à UFBA.
FPC –
Como será feito esse projeto, isto é, quais etapas haverá, quantas pessoas
trabalharão na digitalização das imagens e quanto tempo durará para que as 450
mil imagens de livros de Notas estejam disponíveis para o público?
João
Reis - É um projeto muito enxuto quanto à equipe envolvida, apenas dois
técnicos altamente especializados na reprodução de documentos. À frente desse
trabalho estará um pesquisador experiente, Urano Andrade, que conhece bem o
acervo do Arquivo Público do Estado da Bahia e tem muitos anos de prática na
digitalização documental. Ele e um auxiliar serão os únicos profissionais
remunerados, ao longo de dois anos, que é o
tempo contratado com a British Library para finalizar todo o processo de
digitalização. Mas, além disso, planejamos um oficina de digitalização dirigido
por Urano Andrade para funcionários do APEB e a realização de um seminário que
organizarei com a participação de pesquisadores que utilizaram ou estão a
utilizar esses documentos em suas pesquisas.
FPC –
Os livros de notas serão disponibilizados em algum site ou plataforma de
repositório?
João
Reis - Ao final do projeto os documentos digitalizados serão disponibilizados
online pela British Library e poderão ser consultados, sem ônus, em casa ou nas
universidades a partir dos computadores dos interessados.
A Fundação
Pedro Calmon disponibilizará em todos os seus canais de comunicação os links de
acesso a este acervo. Todo o andamento desta digitalização será divulgada no
site da Fundação www.fpc.ba.gov.br