A
transferência do mercado de escravos da região da Rua Primeiro de Março (antiga
Rua Direita) para a do Valongo implicou mudança do Cemitério dos Pretos Novos
do Largo de Santa Rita para o Caminho da Gamboa - hoje a Rua Pedro Ernesto 32,
endereço do Instituto Pretos Novos (IPN). Pretos Novos eram os cativos
recém-chegados ao Brasil. Muitas vezes, não resistiam aos maus tratos da viagem
desde a África e morriam pouco depois de desembarcar. O sítio arqueológico foi
descoberto em 1996, quando moradores reformavam a casa. Arqueólogos
identificaram milhares de fragmentos de restos mortais de jovens, homens,
mulheres e crianças, africanos recém-chegados.
Considerado
o maior cemitério de escravos das Américas, estima-se que tenham sido
enterrados de 20 a 30 mil pessoas, embora nos registros oficiais esses números
sejam menores, 6.122 entre 1824 e 1830. Seus corpos foram jogados em valas e
queimados. A área servia também como depósito de lixo, o que revela o
tratamento indigno aos africanos escravizados. Além de ossos humanos, havia
também pertences dos pretos novos, como restos de alimentos e objetos de uso
cotidiano descartados pela população. A análise do sítio constatou que a maior
parte dos ossos pertence a crianças e adolescentes. Hoje a casa funciona como
centro cultural para o resgate da história da cultura africana e oferece cursos
e oficinas, além de uma biblioteca sobre a temática negra.
O IPN
fica aberto de terça a sexta-feira, das 13h às 18h. Para visitar aos sábados,
domingos e feriados, é preciso agendar pelo telefone (21) 2516-7089.