Escavações na zona portuária do Rio de Janeiro revelam retrato pouco conhecido da escravidão

Uma das “casas de carne” do mercado do Valongo na visão algo otimista de Debret ao mostrar poucos escravos vigiados pelo comerciante. 

Mercado de escravos na rua do Valongo, Debret, aquarela sobre papel, c. 1816-1828. reprodução do livro Debret e o Brasil – obra completa, ed. capivara, 2009


O Instituto Nacional de Criminalística estabelece uma série de procedimentos para se investigar um crime: o reconhecimento, que delimita a extensão da cena do crime e a preserva; a documentação cuidadosa e a observação científica do lugar; a procura de provas e evidências a serem coletadas; a análise científica num laboratório das provas recolhidas pelo perito. É na junção dessas áreas que se encontra a solução de, por exemplo, um assassinato. Seria possível usar os mesmos procedimentos para “desvendar” um crime cometido há vários séculos, com milhões de vítimas? Pesquisas recentes feitas em universidades brasileiras indicam que a adoção da mesma interdisciplinaridade, reunindo historiadores, arqueólogos, geneticistas (paleogenéticos) e patologistas, poderá, enfim, dar conta de um dos maiores crimes já cometidos: a escravidão. 

Ossos que falam: Escavações na zona portuária do Rio de Janeiro revelam retrato pouco conhecido da escravidão. Carlos Haag. Edição Impressa 190 - Dezembro 2011   





Artigo científico
JAEGER, L. H. et al. Mycobacterium tuberculosis complex detection in human remains: tuberculosis spread since the 17th century in Rio de Janeiro, Brazil. Infection, Genetics and Evolution. No prelo. 

Sensor detecta deterioração de obras de arte


Dispositivo mede alterações físico-químicas causadas pelas condições ambientais de museus em materiais que compõem bens do patrimônio cultural ("Independência ou Morte", óleo sobre tela de Pedro Américo, 1888, do acervo do Museu Paulista)


Por Elton Alisson

Agência FAPESP – As condições climáticas e ambientais de museus e outros espaços fechados dedicados à exposição de arte podem causar impactos na conservação das obras que integram seus acervos.
Com o objetivo de avaliar possíveis danos que as características ambientais desses espaços podem provocar nos bens do patrimônio cultural que abrigam, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um sensor que indica o grau de degradação sofrida por materiais que compõem obras de arte em diferentes ambientes.
O dispositivo, que já passou por várias etapas de aprimoramento, é resultado de um projeto de pesquisa apoiado pela FAPESP por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes.
Durante o estudo, pesquisadores da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, campus Leste, pretendiam desenvolver uma ferramenta que possibilitasse medir simultaneamente a temperatura, umidade, iluminação e os níveis de poluição interna apresentados por museus situados em áreas urbanas e o grau de deterioração sofrido ao longo do tempo por resinas orgânicas usadas em obras de arte. Para isso, eles se associaram a um grupo de pesquisa do Instituto de Química da USP, liderado pela professora Dalva Lúcia Araújo de Faria.
Reunindo conhecimentos de química analítica com habilidades em eletrônica e microprocessamento de um pós-doutorando que integrou o grupo – Carlos Antonio Neves –, os pesquisadores conseguiram criar um aparelho miniaturizado que funciona automaticamente e mede as alterações físico-químicas causadas pelas condições ambientais de museus em alguns materiais orgânicos que compõem obras de arte.
“O equipamento fornece um conjunto de efeitos provocados pela temperatura, umidade, iluminação e presença de poluentes em um ambiente sobre materiais orgânicos que compõem algumas obras de arte”, disse Andrea Cavicchioli, professor da USP e coordenador do projeto àAgência FAPESP.
O sensor é baseado em uma microbalança de quartzo, constituída por pequenos cristais do mineral com aproximadamente 1 centímetro de diâmetro que vibram a frequências muito elevadas, de 10 MHz.
Para analisar as possíveis alterações físico-químicas sofridas por um determinado material em um ambiente, é depositada uma fina camada dele sobre os cristais de quartzo e colocado o aparelho no ambiente onde se pretende monitorar.
Cristais de quartzo captam as transformações do material no ambiente, como variações de frequência, que são registradas e gravadas em uma memória incorporada ao sistema eletrônico do aparelho.
“Quanto mais rapidamente variar a frequência, mais rapidamente o material estará se degradando, indicando que o ambiente é muito agressivo”, explicou Cavicchioli.
Os pesquisadores utilizaram um tipo de verniz muito usado em obras de arte para testar o aparelho em alguns ambientes de dois museus em São Paulo: o Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP) – mais conhecido como Museu do Ipiranga – e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, em parceria com as equipes das conservadoras Teresa Cristina Toledo de Paula e Valéria Mendonça.
Após deixar o aparelho contendo a amostra do verniz por um determinado período de tempo nos dois lugares, o grupo constatou que, em comparação com a Pinacoteca, o Museu Paulista apresenta condições menos favoráveis para conservação de materiais associados às pinturas.
A diferença, segundo Cavicchioli, se deve à dificuldade de o Museu Paulista implementar condições mais adequadas para a conservação dos bens culturais que abriga, uma vez que a edificação é tombada.
“O Museu Paulista, apesar de ter plena consciência da necessidade de controle ambiental para a proteção dos bens culturais, ainda tem ambientes pouco adaptados devido à própria edificação ser um objeto cultural. Já a Pinacoteca é um ambiente mais transformado e passou por um processo de readequação que possibilitou a implementação de algumas medidas mitigatórias, como a instalação de aparelhos de ar condicionado, filtros de ar para que poluentes externos não penetrem no interior do museu e dispositivos para controlar a luminosidade”, comparou.
Atualmente o Museu Paulista também está passando por um processo de adaptação de seus ambientes, apoiado pela FAPESP por meio do Programa Infra-Estrutura – Museus, com o objetivo de melhorar as condições de conservação das obras que possui. De acordo com Cavicchioli, ao fim desse processo será possível fazer nova avaliação utilizando o sensor e constatar se a reforma possibilitou a melhora das condições microambientais da instituição.
Acesse na íntegra: http://agencia.fapesp.br/14975 

Maximiliano de Habsburgo em Ilhéus




Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor
Nº 4
Confidencial
            Apresso-me em comunicar a Vossa Excelência que chegando no dia 18 do corrente a Vila de Ilhéus, fiz logo entrega dos ofícios que de que de Vossa Excelência recebi para as autoridades daquele lugar. Ali encontrei fundeado o vapor Elizabeth que conduz Sua Alteza o Arquiduque Maximiliano, e pelo comandante do mesmo vapor fui informado que sua Alteza se achava no engenho da Vitória embrenhado nas floretas com alguns indígenas que o acompanhavam a caça, que estava muito satisfeito, pois tem tido sempre em todo o seu trajeto bom acolhimento: informou-me mais que de Ilhéus seguia diretamente para o Rio de Janeiro onde demoraria uns cinco dias, seguindo depois para o Espírito Santo a fim de se encontrar ali com o nosso Imperador feito o que regressará a Bahia.

Para maiores informações sobre a estadia de  Maximiliano de Habsburgo em Ilhéus acesse: 

Fonte: Arquivo Público da Bahia 
Seção Colonial/Provincial 
Série: Polícia do Porto - Embarcações Assuntos. 
Maço: 3193 
Ano: 1861-1889 

Fundos e documentos relativos a países da CPLP



A divulgação do património arquivístico comum com os países da CPLP é um objetivo estratégico da Direção-Geral de Arquivos que se insere na afirmação da importância da Língua Portuguesa como instrumento de identidade de Portugal no mundo.
O trabalho que agora se inicia pretende tornar acessível a todos os utilizadores interessados, através da ligação às bases de dados em linha geridas pela Direção-Geral de Arquivos, de um valioso e diversificado património arquivístico e fotográfico, fonte de informação e do conhecimento sobre um longo passado comum e um instrumento do saber capaz de ajudar a traçar novos caminhos para o futuro da Comunidade dos Países Lusófonos.
Este trabalho é dirigido a todos os interessados e especialmente a professores e alunos, organismos e associações, públicas ou privadas, que trabalham no âmbito da Lusofonia.
Para cada um destes países disponibiliza-se uma sumária mostra de documentos que cronologicamente abrangem todo o período de história comum.
Assim, começamos por apresentar, por ordem alfabética, os ficheiros temáticos sobre Angola, Brasil e Cabo Verde. Num futuro próximo seguir-se-ão Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Através de vários pontos de acesso (datas de produção, título, código de referência, cota, URL do documento) o utilizador pode aceder à representação digital dos documentos ou apenas aos dados de referência disponíveis nas bases de dados.
Indicamos igualmente o URL do Fundo Documental de que o documento é parte integrante, chamando assim a atenção para outros documentos do mesmo Fundo igualmente pertinentes para a investigação. A diversidade aqui apresentada pretende sublinhar as potencialidades de uma pesquisa abrangente realizada através da pluralidade de Fundos Documentais à guarda dos Arquivos.
Caso pretenda a digitalização de documentos pode solicitá-la através do nosso serviço online: