UM CURIOSO MANDADO DE SEGURANÇA, O PÚBLICO E O PRIVADO NA DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA DO APEB EM 1944


Há mais de 20 anos realizo pesquisas no Arquivo Público do Estado da Bahia, em sua maioria pesquisas acadêmicas, mas, vez ou outra, questões ligadas a comprovação de cidadania, litígios relacionados a herança e titulação de terras aparecem. Historicamente as terras no Brasil foram doadas as elites coloniais; ao longo do tempo a usurpação das terras indígenas e das comunidades quilombolas foram e continuam sendo usurpadas. A lei de terras de 1850, veio substituir as sesmarias e legitimar no Império essa usurpação,  sendo um marco nessa questão, ver: "Lei de terras de 1850: uma abordagem decolonialDeixando margem para diversas interpretações, até hoje são ressaltadas na jurisprudência brasileira. Existe no APEB, a série Registros Eclesiásticos de Terras, constando nome dos proprietários, limites, marcos naturais, dentre outras, por Freguesias no século XIX. Em 1944, o Bel. Deraldo Ignacio de Souza solicita um desses livros da Região de Conquista, hoje Vitória da Conquista, solicitando diversas certidões sobre o conteúdo do livro, o que foi fornecido, não satisfeito solicita que ele mesmo faça a pesquisa no livro, entretanto, o Diretor à época, Alfredo Vieira Pimentel, nega a solicitação e o Bel. Deraldo, não satisfeito, impetra mandado de segurança para ter acesso ao livro. Em relatório para o ano de 1944, o Diretor do APEB, trata e relata o fato como: “Um curioso mandado de segurança”. Este relatório é revelador e demonstra a importância e critérios do uso da documentação pública e a relação entre o público e o privado que permeia nossa história ao longo do tempo. Segue o relatório:





FONTE: APEB, Anais do Arquivo Público do Estado da Bahia, Volume: XXIX, Disponível na Biblioteca Francisco Vicente Viana.