HISTÓRIAS DE LIBERDADE: BANCO DE DADOS RESGATA CARTAS DE ALFORRIA NA BAHIA

 


A investigação foi feita com apoio do Pulitzer Center

Antônio, natural da costa da África, foi escravizado em Alagoas no início do século 17 e obteve sua liberdade por 350 mil-réis. No entanto, mesmo após seis anos de alforria, seu antigo senhor, Joaquim do Ó, tentou voltar a escravizá-lo repetidamente. Para proteger sua liberdade, Antônio registrou sua carta de alforria em um tabelionato distante do seu ex-senhor, em Salvador.

 


Em outro caso, Joaquim teve sua alforria escrita em 1825, quando tinha sete anos. Mas a carta só foi registrada seis anos depois e, mesmo assim, seu antigo senhor impôs a condição de que ele continuasse como seu acompanhante e fosse submetido a castigos domésticos. 

Esses são apenas alguns dos mais de cinco mil casos documentados no banco de dados de cartas de alforria (“Manumission Papers Database”) que o historiador e pesquisador freelancer Urano Andrade desenvolve há mais de uma década, como técnico coordenador e digitalizador de imagens do projeto, que é liderado pelo historiador e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), João José Reis. Digitalizando registros históricos armazenados no Arquivo Público do Estado da Bahia, eles estão construindo uma base de dados sobre a história da escravidão e da liberdade no estado, cuja capital, Salvador, chegou a ser o maior porto de comercialização de escravizados das Américas. 

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https://apublica.org/2024/12/banco-de-dados-resgata-cartas-de-alforria-na-bahia/