Domingos Dias da Silva, o último contratador de Angola: a trajetória de um grande traficante de Lisboa

“Prespectiva da Cidade de S. Paulo de Loanda no Reino de Angola”, 1825
AHU, Iconografia Impressa
 
RESUMO:

O artigo analisa a trajetória de um grande traficante de escravos de Lisboa no terceiro quartel do século XVIII. Por meio de sua biografia, procura-se entender suas atividades no tráfico de escravos em Angola como capitão de navio e contratador e discutir a formação da fortuna de um negociante que tinha no comércio de pessoas uma de suas atividades principais. Além disso, pretendo discutir o papel do contrato real do direito sobre a exportação de escravos na organização do comércio de Luanda e as mudanças institucionais que ocorreram no período, contribuindo para compreender melhor os laços econômicos que conectavam Portugal, Angola e Brasil.
Palavras-chave: tráfico de escravos; Contrato de Angola; capitães de navio.

O ano 1765 parecia promissor para Domingos Dias da Silva. Depois de passar a década de 1750 em viagens entre Portugal, Angola e Brasil, onde acumulou grossos cabedais, finalmente ele poderia descansar um pouco das longas e perigosas travessias no Atlântico. Afinal, associado a mais dois homens de negócios da praça de Lisboa, Domingos havia adquirido junto à Coroa portuguesa o direito de cobrar os impostos sobre as exportações dos escravos em Luanda e em Benguela, o assim chamado “Contrato de Escravos de Angola”, o que lhe prometia ganhos chorudos e supostamente permitiria estabelecer-se confortavelmente em Lisboa para apenas administrar de longe a cobrança de impostos. Um ano depois, esse poderoso negociante poderia gozar da fama e fortuna adquiridas no ultramar: agraciado com um hábito de Cristo, era tido por pessoa nobre por seus vizinhos, deslocando-se pelas ruas da freguesia de Santos-o-Velho em carruagem própria.
ACESSE NA ÍNTEGRA: Revista Tempo