Em 23
de março de 1854.
As
comissões de Instrução Pública, Justiça e Secretária da Fazenda.
Pedem
aumento de ordenado.
Nós os
Professores primários desta Província abaixo assinados, convencidos da paternal
justiça, com que Vossa Excelência se dignam de atender as reclamações justas,
vimos respeitosamente representar a Vossa Excelência que o ordenado que
percebem não é correspondente ao nosso trabalho de natureza afanoso, não está
de acordo com os aumentos que tem tido outras repartições, nem ao menos nos
proporciona uma subsistência decente para nós e para nossas famílias. Os
suplicantes, Excelentíssimos Senhores, não carecem recorrer nem ao relatório do
Governo da Província, no qual vos recomendou que nos recompensásseis, nem no do
Diretor dos Estudos, que com o mais próximo conhecedor de nossas precisões,
doeu-se delas e mais de uma vez tem pedido que se nos aumentem os ordenados;
basta, porém, recorrer ao senso comum de Vossa Excelência para mostrar que não
é possível que nós, que outro meio de vida não temos, nem podemos ter,
diariamente ocupados em nosso magistério, ou estejamos remoídos de nossos lares
para exercer o magistério lá nessas terras remotas, internados no coração do
deserto, longe dos pais, dos filhos, dos amigos e parentes, destituídos de
recursos e de meios até de haver os nossos ordenados, lutando com as secas, com
as fomes, as penúrias e toda a sorte de privações, ou estejamos na Capital,
onde a mesma posição, a carestia dos gêneros, e todo o séquito das necessidades
morais das cidades, e dos lugares cultos nos cingem de obrigações
indeclináveis, a cujo cumprimento sucumbe a deficiência de nossos recursos, não
podemos, Excelentíssimos Senhores, passar com o mesquinho ordenado que ora
percebemos. Por tanto, se, como é certo, vale diante de Vossa Excelência o
merecimento inerente a natureza de nosso mister, e a briosa perseverança com
que havemos suportado nossas fadigas, pedimos a Vossa Excelência, que atendam
aos educadores da mocidade, que não deixem fenecer nossos brios no desalento da
penúria, que sustentem a nossa força moral constituindo-nos de uma posição
decente, e que se não querem recompensar generosamente os serviços dos
Professores, ao menos não nos derroguem a justiça que pedimos aumentando
duzentos mil réis aos nosso atual ordenado.
Assim
confiados os suplicantes em que Vossas Excelências, hoje constituídos no alto
tribunal da Legislatura não olvidarão de que aos mestres primários devem os
primeiros ensaios da razão, os primeiros desvelos da infância e o gênio de
vossas inteligências. Pedimos e esperamos de Vossa Excelência um deferimento
favorável e de justiça com o qual recebemos mercê.
José
Maria da Fonseca, José Nicolau da Silva Pimentel, Bernardino José de Almeida
Gouveia, José Martins de Lima e Mello, André Gomes de Britto, Ângelo Fernandes
de Lima, Firmo José Alberto, João Gomes da Costa, Hemeterio Martinez de Jesus,
José Antonio Pereira, Andrelina Francisca de Castro Rios, Candida Maria e
Alvares dos Santos, Cora da Silva e Oliveira, Angelica Maria Gomes Coelho, Ramiro
Antonio de Oliveira, Martiniano de Santa Anna, Joaquim Ignacio de Souza Mendes,
Gustavo Cesario Moniz, Antonio Alvares da Silva, Antonio Theollindo de Moura
Requião, Manoel Florencio do Nascimento, Francisco de Paula Marques de
Oliveira, Antonio José de Souza Freire, Germano Firmino Lobato, Emilia Laura da
Silva, Manoel Auxilio de Figueiredo, Antonio Luiz de Brito, Clodovio Pereira
Rabello, José Lourenço Ferreira Cajaty, Joaquim Gilseno de Mesquita, Auta
Themoclea Colonia, Maria Índia do Brasil Moraes, Florinda Laurentina de Barros
Gonda, Philippe José Alberto Junior. Reconheço Assinaturas.
Fonte:
APEB, Seção Legislativa, Livro 983.