Contrariando
a historiografia brasileira, que geralmente caracterizava as últimas décadas do
século XIX como um período de “transição do trabalho escravo para o trabalho
livre e assalariado” e também normalmente compreendia o trabalho escravo como
antagônico ao trabalho livre e assalariado no século XIX, este livro ressalta
que as fronteiras entre a escravidão e a liberdade muitas vezes podiam ser
tênues na sociedade escravista oitocentista, tornando as experiências de
trabalhadores escravos, libertos e livres pobres ambíguas no Brasil. Ao
considerar as diferenças de condição entre esses trabalhadores, o autor
argumenta ainda que as experiências comuns de exploração bem como as
ambiguidades e a precariedade da vida em liberdade forjaram, naquele contexto, uma
identidade social entre os livres e os escravizados.
Robério
S. Souza é doutor em História Social da Cultura pela Unicamp e professor de
História do Brasil da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). É autor de Tudo
pelo trabalho livre! Trabalhadores e conflitos no pós-abolição, 1892-1909
(Edufba, 2011), além de artigos publicados em coletâneas, revistas e
periódicos. Integra o grupo de pesquisa “Escravidão e Invenção da Liberdade”,
vinculado ao PPGH/UFBA.