Já encontra-se disponível Teses e Dissertações defendidas em 2011/2012 na Universidade Federal da Bahia. Entre os títulos estão:
Resumo: Essa dissertação aborda
o caso ocorrido na vila de Camamú, Comarca de Ilhéus, entre os anos de 1840 e
1842, no qual as Irmandades do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora da
Assunção empreenderam uma tentativa de embargo de benefício contra o vigário colado
Celestino Euzébio da Assunção. As irmandades alegaram como motivo para essa
ação o fato de ser o padre filho de escravos libertos. O ocorrido despertou
questionamentos por parte dos envolvidos no processo acerca da cidadania
conferida aos libertos e a autoridade da Igreja Católica no início do Segundo
Império.
Resumo: Esta pesquisa pretende
analisar as diversas facetas vinculadas ao processo de independência brasileiro
na Bahia (1821-1823). As questões que envolvem a política, a cultura, a sociedade
e a economia baiana são objeto de inúmeras discussões. Contudo, chamamos a
atenção para o seguinte fato: o nosso foco principal de discussão encontra-se
centrado nas diversas alterações provocadas pela guerra civil junto ao
cotidiano da Cidade do Salvador. Em função disto, os confrontos envolvendo os
portugueses da Europa e da América, a incidência do recrutamento compulsório,
da expropriação da propriedade privada, as carências alimentares e laborais, os
encarceramentos arbitrários, as ações praticadas pelos inimigos internos,
enfim, os efeitos da arte destruidora da guerra em Salvador ganharam maior peso
e cores mais vivas ao longo desta discussão.
Resumo: Busquei nesta
dissertação contribuir para a superação de uma importante lacuna da
historiografia brasileira, que pouco produziu sobre os trabalhadores do mar.
Tratei aqui dos pescadores da Bahia, na segunda metade do século XIX. O
trabalho foi dividido em três partes. No primeiro capítulo, discuto o contexto
e os objetivos da criação da Capitania dos Portos, e as consequências disso
para os pescadores. Problematizo a questão das matrículas dos pescadores,
diretamente ligadas às novas estratégias de recrutamento de mão de obra para a
Marinha de guerra, e as estratégias e opções deles para escapar do serviço. No
segundo capítulo procuro traçar um perfil dos pescadores baianos através de
documentos da capitania, censos, listas eleitorais, inventários etc, e trago o
caso de Francisco Xavier de Santana, pescador da povoação do Rio Vermelho, que
por alguns anos teve que driblar uma série de ataques e sabotagens a ele
dirigidas para poder fazer sua pescaria com redes. Durante a análise dos
sentidos do caso, procuro entender lógicas das relações entre pescadores, suas
articulações políticas e redes de amizade e solidariedade. O capítulo final
cuida de conflitos no mar ligados à questão dos territórios marítimos. De como
os pescadores instituem divisões territoriais no mar, por eles mesmos
continuamente disputadas e transgredidas. Trago a luta da capitania em fazer
valer leis que nem sempre estavam de acordo com os costumes e/ou interesses de
alguns pescadores e a oposição entre duas concepções distintas acerca do direito
ao uso e controle de “partes” específicas do mar.
Resumo: O presente estudo busca
compreender a sociedade escravista que se formou em Rio de Contas, área
mineradora da capitania da Bahia, investigando aspectos da organização do
trabalho escravo a fim de compreender as relações construídas entre escravos e
senhores ao longo do Setecentos. Para isso, examino a demografia escrava no que
se refere à origem, nação, cor, sexo, faixa etária e ocupação. Essa análise
possibilitou mensurar a importância do tráfico transatlântico de cativos para a
região e, por outro lado, identificar entre os nascidos na África as nações
mais representativas, bem como o início da crioulização. Ademais, permitiu
refletir sobre a família escrava local. O estudo dessa dinâmica foi crucial
para compreender a alforria, o perfil dos senhores e dos alforriados, e os
tipos de alforrias ali praticadas. Foi possível perceber as leituras que
escravos, libertos, senhores e advogados fizeram da alforria e como usaram a
Justiça, fosse em defesa da liberdade ou da escravidão. As ações judiciais
permitiram discutir a vulnerabilidade da liberdade e, em uns poucos casos, da
escravidão.
Resumo: Esta tese estuda o
cotidiano dos presos da Casa de Prisão com Trabalho na segunda metade do século
XIX. A instituição, primeira penitenciária da Bahia, inaugurada em 1861, foi o
principal símbolo da reforma prisional e do aprisionamento moderno da
província. A partir das petições e cartas de presos identifico a existência de
uma ordem costumeira na prisão com igual ou, em alguns aspectos, maior força do
que a oficial, mas que não anulava a arbitrariedade e a violência desta última.
Mas essa ordem paralela podia ser rompida a qualquer momento, fosse por
confrontos entre os próprios presos ou entre estes e os funcionários. Dentre os
meios de protesto, a escrita foi um dos mais utilizados pelos presos e,
dependendo da estratégia sugerida nas cartas, era possível conquistar espaços
sem romper com a ordem prisional. O recurso à escrita foi utilizado por presos,
letrados ou não, de diferentes condições jurídicas - escravos, libertos e
livres -, independentemente do tipo de pena que estivessem cumprindo. Para
entender mais apuradamente esses temas, reconstituo as trajetórias de Francisco
Ribeiro de Seixas, condenado pela morte de sua cunhada-amante, e de Julio Cesar
Guanaes do Alfa, condenado pela morte de um padre. Suas biografias nos remetem
à de muitos outros presos que percorreram caminhos parecidos, e permitem
deslindar as complexas relações sociais que teciam o dia-dia da prisão e sua
interação com a sociedade envolvente.
Resumo: O objetivo desta dissertação é um estudo dos capitães negreiros atuantes no tráfico atlântico de escravos africanos na Cidade da Bahia na primeira metade do século XVIII. Esta pesquisa intentou compreender as experiências destes sujeitos em busca de riqueza e distinção social na Salvador setecentista, suas condições materiais e os perigos enfrentados na lida no mar. Por fim, analiso a vida econômica desses sujeitos que além de comandar as embarcações, faziam o comércio na costa africana para os proprietários das embarcações, para outras pessoas e para eles mesmos, uma vez que eles também investiam no tráfico de escravos. O conhecimento de tais indivíduos lança luz sobre um lado da História da Diáspora Africana, que é conhecer os agentes responsáveis pela condução forçada dos africanos em diversos tipos de embarcações à vela, sob condições higiênicas e sanitárias inapropriadas que atingiam todos os presentes: africanos escravizados, tripulantes e os capitães negreiros.
Resumo: A presente
dissertação busca compreender as relações sociais e interétnicas travadas entre
populações indígenas, missionários capuchinhos e demais atores sociais
presentes no processo de colonização da Comarca de Caravelas – pertencente ao
extremo sul da Bahia – no século XIX. Tem-se como interesse central neste
trabalho dar ênfase às agências indígenas frente ao projeto de civilização e
catequese. Nesse sentido, buscamos perceber, no desenrolar dos conflitos,
intensificados no decorrer daquele século, de que forma os grupos indígenas
formularam estratégias, lutaram por seus interesses e se movimentaram diante de
um quadro de mudanças significativas decorrente do violento processo de
conquista e subjugação.
Resumo: Esta pesquisa
investiga as trabalhadoras domésticas de Recife e Salvador, suas experiências,
suas lutas, sua formação enquanto classe, a precariedade de suas vidas, na
conjuntura emancipacionista dos anos finais do século XIX e iniciais do século
XX. Através da literatura de ficção, de processos criminais e cíveis, de
anúncios de jornais, de documentação oficial, busco reconstituir as
experiências de vida de domésticas negras, mestiças e brancas, escravas, livres
e libertas. Argumento que essas domésticas agenciaram suas vidas em contextos
de precariedade, mas que lograram produzir experiências de uma identidade de
classe em formação. Elas não apenas estavam se formando enquanto classe
unicamente a partir de suas próprias experiências. Os textos literários
produzidos por escritores e memorialistas baianos e pernambucanos buscaram
increvê-las em lugares sociais e raciais subalternos, adstritos aos valores
paternalistas e escravistas ainda resistentes ao avanço de regras formais de
relações de trabalho. Mas apesar da riqueza das fontes literárias na produção e
disseminação de valores de submissão e do lugar subalterno do trabalho doméstico,
defendo que o conjunto de experiências sociais das mulheres que a ele nos anos
pré e pós-emancipação põem em suspeição imagens idílicas que associam serviço
doméstico a servilismo, à harmonia entre patrões e empregadas. Por fim, e
apesar do foco na formação de classe, reconstitui experiências mais amplas de
conflitos populares cotidianos nos quais as domésticas tiveram participação,
por acreditar que não é só na relação de trabalho que uma classe se forma.
Resumo: O tema desta pesquisa
é o banditismo no sertão baiano na segunda metade do século XIX. O recorte
temporal estabelecido é entre 1848 e 1884. Devido à extensão do sertão de cima
e as dificuldades para trabalhar com todo este território, ficou estabelecido
como recorte espacial a região das comarcas de Carinhanha e Urubu que ficam
próximas das fronteiras com as províncias de Minas Gerais e Goiás. Esta região
é cortada pelo rio São Francisco e está situada no médio São Francisco.
Atualmente, também conhecemos como “Oeste baiano”. O objetivo deste trabalho é
analisar o fenômeno banditismo no sertão de cima entre 1848 e 1884 e suas
relações com a sociedade regional, bem como o combate do Estado Imperial ao que
era considerado “desordem”. Entre os grupos encontrados nessa pesquisa estão os
liderados por Antonio José Guimarães que atuou entre 1848 e 1854, Chico Rocha e
Neco que atuaram no final dos anos 1870. O estudo do banditismo permite não só
entender a realidade regional, bem como as relações políticas e sociais envolvidas
na atuação dos bandoleiros e do aparelho repressor. A partir do estudo do
banditismo podemos analisar os significados sociais do uso da violência no
sertão baiano. Dessa forma buscamos analisar a realidade social e a formação
histórica do sertão baiano.
Resumo: A presente
dissertação se propõe a analisar aspectos da ação episcopal de D.
José
Botelho de Matos na Bahia
entre 1741 e 1759, projetando sobre ela a situação coeva das
relações Igreja-Estado.
Considerando que aqueles eram tempos de profunda interferência do
Estado na administração
da Igreja local, partiremos em busca de como D. José Botelho de
Matos compôs sua ação
episcopal, quais foram as suas prioridades, qual a natureza de seus
requerimentos e como
lidou com as dificuldades oriundas do constrangimento da jurisdição
eclesiástica e das pressões
promovidas pelos órgãos da Coroa.
Acesse todos
os títulos: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/2116