Em 1805, João da Silveira Torres passa carta de alforria a seu escravizado Luís, natural
do gentil da Costa da Mina, oficial de Tanoeiro, seria mais uma carta de
alforria dentre as milhares registradas nos Livros de Notas do Tabeliães Baianos,
não fosse o fato de Torres narrar o motivo da alforria: “Digo eu João da
Silveira Torres, que entre os bens que possuo sou senhor e possuidor de um
escravo de nome Luís do Gentil da Costa da Mina oficial de Tanoeiro o qual por
ser tomado pelos Ingleses na mesma Costa da Mina e levado Cativo para a Nova
Inglaterra por onde andou, e fazendo o mesmo escravo todas as diligências para
vir a minha companhia e ainda a sua custa e trabalho até que o conseguiu, e por
esta causa é minha vontade dar-lhe Liberdade gratuitamente”...
As
informações acima descritas na carta dão conta da história de Luís, mas não nos
diz muito a respeito de como ele conseguiu chegar de volta a Bahia. Quanto ao
seu senhor, é descrito como homem do mar em outros documentos, provavelmente um
traficante de escravizados.
Essa e
outras histórias fazem parte de um projeto que já segue a 13 anos, e que em
breve poderá ser acessado.
Carta de
Liberdade de Luís da Costa da Mina
Digo eu
João da Silveira Torres, que entre os bens que possuo sou senhor e possuidor de
um escravo de nome Luís do Gentil da Costa da Mina oficial de Tanoeiro o qual
por ser tomado pelos Ingleses na mesma Costa da Mina e levado Cativo para a
Nova Inglaterra por onde andou, e fazendo o mesmo escravo todas as diligências
para vir a minha companhia e ainda a sua custa e trabalho até que o conseguiu,
e por esta causa é minha vontade dar-lhe Liberdade gratuitamente, e a puder
lograr e possuir de hoje para todo o sempre sem que por meus herdeiros e
sucessores ou outras quaisquer pessoas que nisso Direito tenha que lhe possa
impedir, pois que, de hoje e para todo o sempre se acha livre de todo o
Cativeiro e o faço de minha Livre Vontade e sem Constrangimento de Pessoa
alguma, para o que peço as justiças de Sua Alteza Real que se lhe faltar aqui
alguma cláusula, condições ou solicitação de que o Direito recomenda ei por
expressadas e declaradas em si de cada uma fizesse especial menção como também
a queiram cumprir e guardar como nela se contém para constar em todo o tempo
por ser feita tão somente assinado. Bahia, 14 de fevereiro de 1805. João da
Silveira Torres, Ignacio Francisco Braga. Distribuição. Ao Tabelião Campelo.
Bahia, 22 de fevereiro de 1805. Sinal. Reconheço o Sinal retro sendo do próprio
nele contendo por se comparecerem com todos que do mesmo tenho visto em tudo
sempre. Bahia, 22 de fevereiro de 1805. José Rodrigues estava o Sinal público.
E não se continha mais coisa alguma neste de tudo disse a verdade que aqui foi
declarado de como a recebeu, o que assinei junto com o oficial abaixo assinado.
Bahia, 22 de fevereiro de 1822.