Obra
revela ''cenas africanas'' em porão de Ouro Preto; escravo pode ser o autor.
(foto:
FOTOS: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
Gustavo
Werneck
Desenhos
foram encontrados durante reformas em sobrado. Cachimbo achado na possível área
de senzala reforça tese de que o painel foi feito por vítima da escravidão.
Ouro
Preto – Lembranças da terra africana, da cultura do seu povo e da travessia
oceânica marcadas no barro com uma ponta de saudade, o banzo dos negros, foram
encontradas no porão de um sobrado de mais de 200 anos no Centro Histórico de
Ouro Preto, na Região Central do estado. O empresário Philipe Passos, da
família proprietária do imóvel, não esconde a emoção ao falar das cenas
descobertas na parede e que, tudo indica, foram deixadas por uma vítima da escravidão,
o regime só extinto no Brasil em 1888 pela Lei Áurea. “É como se fosse uma
mensagem numa garrafa jogada no mar e no tempo, para que, um dia, fosse achada
por alguém”, compara Philipe sobre o encantamento do achado.
Rodrigo
Passos no local do achado, que será submetido a exames
Localizado
na Rua Conde de Bobadela, mais conhecida como Rua Direita, a poucos metros da
Praça Tiradentes, o casarão se encontra em fase final de primoroso restauro que
trouxe de volta a beleza da arquitetura e valorizou ainda mais a paisagem
urbana da antiga Vila Rica. Foi durante a obra que um funcionário localizou os
desenhos no porão, onde pode ter sido a senzala e se tornou necessário fazer um
desaterro – ao lado, ficará a cozinha do restaurante a ser inaugurado no ano
que vem. Estão lá duas mulheres trabalhando no pilão, um animal de grandes
proporções, que pode ser um guepardo ou chita, parecidos com a onça, duas aves
pernaltas, pessoas dançando e um navio.
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