Conversando com sua História inicia novo ciclo de debates



Em sua 8ª edição, o curso levará para a Biblioteca Pública historiadores e pesquisadores para debater temas da História da Bahia 
Rever temas da história da Bahia analisados pela ótica de importantes historiadores e pesquisadores. Este é o principal objetivo do curso Conversando com sua História que, em sua 8ª edição, iniciará um novo ciclo de debates, no dia 4 de maio (terça-feira), às 17h, no auditório da Biblioteca Pública do Estado (Barris). Na abertura, o professor e ator Armindo Bião falará sobre a permanência da idéia da sexualidade feminina como ameaça, em “Encruzilhadas da Padilha, do século XIV ao XXI”. Promovido pelo Centro de Memória da Bahia da Fundação Pedro Calmon / Secult, o curso tem inscrição gratuita.
O tema do primeiro debate é resultado do projeto de pesquisa iniciado pelo prof.º Armindo Bião em 2007. Desde então, já foi publicado no formato de artigo e apresentado em diversas palestras. “No encontro, destacarei sobre a possível transformação da personagem Doña Maria Padilha na entidade do panteão afro-brasileiro Maria Padilha”, explica Bião. O professor acrescenta ainda que o encontro terá como pano de fundo a discussão acerca da sexualidade feminina como ameaça.
Professor titular associado, no Brasil, à Universidade Federal da Bahia e, na Europa, à Université de Paris Ouest Nanterre La Défense e à Maison dês Sciences de I Homme Paris Nord, Armindo Jorge de Carvalho Bião é ator e encenador. Já trabalhou em cerca de 50 obras teatrais e audiovisuais. Foi diretor geral da Fundação Cultural do Estado da Bahia, de 2003 A 2006, e o primeiro presidente da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas.

Curso – Promovido desde 2002 pelo Centro de Memória, unidade da Fundação Pedro Calmon/Secult, o curso Conversando com sua História oferece aulas gratuitas ministradas por diferentes historiadores e pesquisadores. “A variedade temática dos debates é enriquecedora e traz a oportunidade para estudantes, professores e o público participante conferir as pesquisas que têm sido feitas sobre intrigantes aspectos da História da Bahia”, ressalta a diretora do Centro de Memória, a prof.ª dra. Consuelo Novais Sampaio.

O curso acontece sempre às terças-feiras e se estende até o mês de outubro. Dentre os temas que serão debatidos nos próximos encontros estão: “O tutu da Bahia e o medo das insurreições escravas”, “História das mulheres no magistério da Bahia” e “Os Tupis na Bahia: estudos e costumes”, entre outros. Os participantes que tiverem 75% de freqüência receberão certificado.

Serviço:

O que: Curso Conversando com sua História
Onde: Biblioteca Pública do Estado (Barris)
Quando: Dia 4 de maio, às 17h.

Entrada: Gratuita
Mais informações: (71) 3117-6067 / 3117-6050

Capítulos de História da Bahia


Olhares plurais são lançados sobre as histórias das diferentes regiões que integram o estado baiano, com a ampliação de possibilidades interpretativas que compõem a dinâmica social, cultural, política, econômica dos diversos saberes e fazeres de lugares distintos. O presente livro é formado por um conjunto de dezesseis capítulos que problematizam temas referentes à Salvador, aos sertões e aos litorais da Bahia. Um conjunto policêntrico de objetos, que expressa a sua variedade nos distintos campos e canteiros da historiografia explorados ao longo da obra.

Capítulos de história da Bahia – Novos enfoques, novas abordagens
Maria das Graças de Andrade Leal / Raimundo Nonato Pereira Moreira / Wellignton Castellucci Junior (Orgs.)
Formato 16X23 cm, 322 páginas
ISBN 978-85-391-0022-4

R$51.00

http://www.annablume.com.br/comercio/product_info.php?products_id=1361&PHPSESSID=271ea7c989dc6e9ea5ce27a31acc0e76

O SIGNIFICADO DOS PENTEADOS E TRANÇADOS NA CULTURA YORUBÁ



A ênfase dada à cabeça (orí) na cultura e na arte yorubá vai além da sua importância biológica como  lugar do cérebro, que controla o corpo. Também reflete a concepção yorubá de Olodumaré (o Deus Supremo) como fonte do universo e a cabeça das forças cósmicas chamadas de Orixás que atuam  como agentes empoderadores do axé.
O curso é uma introdução ao significado da cabeça na arte e na cultura yorubá através do estudo dos diferentes penteados e trançados que mostram o poder da cabeça nessa sociedade e projetam sua importância social, política e espiritual. Será dada ênfase especial à Cosmologia, Arte e Iconografia dos Orixás, permitindo desenvolver habilidades analíticas que facilitarão contextualizar sua reinterpretação no Brasil, onde a influência do povo yorubá tem sido marcante dos tempos coloniais aos nossos dias. 
PROF. DR. BABATUNDE LAWAL
Nascido na Nigéria, Babatunde Lawal graduou-se em Artes Plásticas na Universidade de Nsukka, Nigéria. Possui Mestrado e Doutorado em História da Arte pelas Universidades de Indiana (EUA). Ensinou por vários anos na Universidade Obafemi Awolowo, em Ile-Ifé (Nigéria), onde foi fundador e Chefe do Departamento de Belas Artes e Diretor da Faculdade de Artes. Atualmente é Professor de História da Arte no Virginia Commonwealth University, em Richmond, Virginia (EUA). Também foi professor visitante das Universidades de Harvard (Massachusetts) e de Columbia (New York), Dartmouth College (New Hampshire), Michigan State University (East Lansing), Kalamazoo College (Michigan), Harare Polytechnic (Zimbábue), Universidade de São Paulo – USP e Universidade Federal da Bahia – UFBA.
O Professor Lawal tem inúmeras publicações sobre diferentes aspectos da arte na África e sobre a Diáspora Africana. A sua pesquisa sobre a estética e os significados das artes e festivais tradicionais contribuiu significativamente para o seu reconhecimento internacional, servindo de inspiração a artistas negros contemporâneos.

LOCAL:
AUDITÓRIO DO CPDER (Atrás do prédio do mestrado).
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
CAMPUS I
Rua Silveira Martins, 2555 – Cabula                     
TEL: (71) 3117.2448

INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES:
geaalc@gmail.com
BIBLIOTECA DA PÓS-GRADUAÇÃO
PROFA. HILDETE
PERÍODO:
DE 27 A 30 DE JULHO DE 2010
HORÁRIO:  13 ÀS 17 h.

CONCURSO - UFTM


O curso de História da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), localizado em Uberaba-MG, abriu 3 vagas para concurso docente. As vagas são para as seguintes áreas: História Antiga e Medieval (Adjunto), História do Brasil Colônia e Império (Adjunto), Ensino de História (Assistente).

As inscrições deverão ser feitas na página da universidade entre os dias 21 de abril e 02 de maio de 2010.

Maiores informações na página da universidade: www.uftm.edu.br ou
pelo link:

Atenciosamente,

Wagner da Silva Teixeira
vice-coordenador do curso de História da UFTM

As origens do Primeiro de Maio


Professor Ricardo Barros Sayeg

Primeiro de maio é o Dia do Trabalho. No Brasil, assim como em alguns países do mundo, é um feriado nacional. Um dia dedicado a festas, passeatas e reivindicações dos trabalhadores. Mas como ele teria surgido?

Em 1886, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho. Dentre as principais reivindicações estavam a redução da jornada de trabalho de 13 para oito horas, melhores salários, descanso semanal remunerado e um período anual de férias. Nesse mesmo dia, ocorreu naquele País uma greve geral de trabalhadores. Os conflitos com a polícia se tornaram constantes a partir de então. Oito trabalhadores morreram nessas verdadeiras lutas de rua. Muitos foram presos e alguns foram enforcados em praça pública depois de julgamentos injustos, nos quais foram acusados de liderar as manifestações que tiveram início no dia 1° de maio.
No dia 4 de maio de 1886, novas manifestações tomaram conta das ruas de Chicago. Dessa vez, morreram doze protestantes e dezenas de pessoas ficaram feridas.

A escolha da data de 1° de maio foi feita pela Segunda Internacional Socialista, reunida em Paris, em 1889. Naquela oportunidade, escolheu-se essa data para homenagear os trabalhadores mortos pela repressão policial nos Estados Unidos.
Apesar disso, os Estados Unidos comemoram o Dia do Trabalho na primeira segunda-feira de setembro. Além deste, outros poucos países têm suas datas próprias. Na Austrália comemora-se a data em duas ocasiões: na parte ocidental em 4 de março e na parte meridional em 7 de outubro.
Aqui no Brasil, o primeiro de maio é comemorado desde o ano de 1925, por decreto sancionado pelo então presidente Arthur Bernardes. De lá para cá, a data foi comemorada de diversas formas: em 1940, o presidente Getúlio Vargas utilizou o primeiro de maio para anunciar o novo salário mínimo. Em 1941, a data foi usada para marcar a criação da Justiça do Trabalho, que visava resolver os conflitos existentes entre os trabalhadores e seus patrões. Mas na Bahia, por 55 anos não se comemorou esta data em virtude da natureza contraditória da ocasião: o dia dedicado ao trabalho, é feriado. Só em 1980, Antônio Carlos Magalhães promulgou a data como o dia do descanso em todo o estado da Bahia
Hoje, perdeu-se um pouco do caráter reivindicativo do dia e o primeiro de maio é utilizado mais para as festas realizadas pelas organizações trabalhistas, ocasião em que são sorteados prêmios para os trabalhadores pelas principais centrais sindicais do país. Triste fim para uma data que teve origens tão nobres!

*Ricardo Barros Sayeg é Professor de História do Colégio Paulista, Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo, formado em História e Pedagogia pela mesma universidade.

PROCESSOS JURÍDICOS PARA CONSULTA HISTÓRICA



Agência FAPESP – Processos jurídicos anteriores a 1890 serão disponibilizados para consulta pública. Um convênio entre o Governo do Estado de São Paulo e o Tribunal de Justiça (TJSP) permitirá que os processos do tribunal anteriores a 1890 sejam transferidos ao Arquivo Público do Estado.

Pelo decreto 48.897, de 2004, todos os processos instaurados até 1940 são considerados históricos. Na primeira fase da cooperação, a instituição receberá cerca de 7 mil processos que serão preservados e poderão ser consultados pela população.

Compõem o acervo inventários post mortem e processos crimes e cíveis que tratam dos mais variados assuntos, como disputa de terras, escravidão ou imigração.

Os documentos passarão por medidas de conservação e tratamento arquivístico. Na segunda fase, o Arquivo do Estado receberá processos abertos até 1940, o que deverá ocorrer apenas em 2011, após o termino das obras de reforma e ampliação da sua sede.

Segundo o Arquivo do Estado, no primeiro momento o acervo será disponibilizado para consulta pública no salão de consultas da instituição e, posteriormente, na internet, no site da instituição, a exemplo do que já é feito com outros projetos.

Durante a cerimônia, o presidente do TJSP, desembargador Antonio Carlos Viana Santos, fez a entrega simbólica de um processo de “arrecadação de escravos”, sobre um grupo de escravos fugidos que foram presos e, como seus proprietários não compareceram para recuperá-los, foram a leilão em praça pública no ano de 1837.

Mais informações: http://www.arquivoestado.sp.gov.br/

LANÇAMETO - BANDEIRANTES PAULISTAS NO SERTÃO DO SÃO FRANCISCO

LAÇAMENTO - LIVRO PANO DA COSTA

APELO AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: NÃO ANISTIE OS TORTURADORES!



Exmo. Sr. Dr. Presidente do
Supremo Tribunal Federal
Ministro Gilmar Mendes                     

Eminentes Ministros do STF:
está nas mãos dos
senhores um julgamento de importância histórica para o futuro do Brasil como Estado Democrático de Direito, tendo em vista o julgamento da ADPF (Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental) nº 153, proposta em outubro de 2008 pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que requer que a Corte Suprema interprete o artigo 1º da Lei da Anistia e declare que ela não se aplica aos crimes comuns praticados pelos agentes da repressão contra os seus opositores políticos, durante o regime militar, pois eles não cometeram crimes políticos e nem conexos. Tortura, assassinato e desaparecimento forçado são crimes de lesa-humanidade, portanto não podem ser objeto de anistia ou auto-anistia. O Brasil é o único país da América Latina que ainda não julgou criminalmente os carrascos da ditadura militar e é de rigor que seja realizada a interpretação do referido artigo para que possamos instituir o primado da dignidade humana em nosso país. A banalização da tortura é uma triste herança da ditadura civil militar que tem incidência direta na sociedade brasileira atual. Estudos científicos e nossa observação demonstram que a impunidade desses crimes de ontem favorece a continuidade da violência atual dos agentes do Estado, que continuam praticando tortura e execuções extrajudiciais contra as populações pobres. Afastando a incidência da anistia aos torturadores, o Supremo Tribunal Federal fará cessar a degradação social, de parte considerável da população brasileira, que não tem acesso aos direitos essenciais da democracia e nesta medida, o Brasil deixará de ser o país da América Latina que ainda aceita que a prática dos atos inumanos durante a ditadura militar possa ser beneficiada por anistia política. Estamos certos que o Supremo Tribunal Federal dará a interpretação que fortalecerá a democracia no Brasil, pois Verdade e Justiça são imperativos éticos com os quais o Brasil tem compromissos, na ordem interna, regional e internacional. Os Ministros do STF têm a nobre missão de fortalecer a democracia e dar aos familiares, vítimas e ao povo brasileiro a resposta necessária para a construção da paz. Não à anistia para os torturadores, seqüestradores e assassinos dos opositores à ditadura militar. Comitê Contra a Anistia aos Torturadores.

Se você concorda conosco, complete o formulário assinando a petição que é enviada para os ministros do Supremo Tribunal Federal e para o Procurador Geral da República.


PRIMEIRAS ASSINATURAS: 
 
Antonio Candido de Mello e Souza - crítico literário 
Helio Bicudo - jurista
Chico Buarque de Holanda - cantor e compositor
Leandro Konder - filósofo 
Fábio Konder - professor USP 
José Celso Martinez Corrêa - dramaturgo 
Frei Beto - escritor 
Marilena Chauí - professora, filósofa, escritora 
Urano Andrade - professor, historiador, pesquisador

LANÇAMENTO:Os impasses da estratégia Os comunistas, o antifascismo e a revolução burguesa no Brasil. 1936-1948


Os Impasses da Estratégia, de Carlos Zacarias de Sena Júnior, é daqueles livros que preenchem uma importante lacuna nos estudos da história da luta dos trabalhadores brasileiros e de suas organizações políticas, em especial a do então Partido Comunista do Brasil (PCB). O que não é pouco. E, mais importante, o faz com competência e rigor. Nele são examinadas com esmero as contradições e os impasses - sobretudo com os interesses dos trabalhadores brasileiros - produzidos pela aplicação da linha de União Nacional e da estratégia de revolução democrático-burguesa e de libertação nacional defendidas pelo PCB entre o final dos anos 1930 e o início da Guerra Fria. Aproveite cada linha, caro leitor. (Dainis Karepovs)

Como em todos os bons livros de História, este nos apresenta uma narrativa do que aconteceu, escapando do perigo de apresentar a seqüência dos acontecimentos como uma desconexa sucessão de peripécias fortuitas, ou do seu contrário, um fluxo pré-determinado do que seria inexorável. O autor respeita o seu tema, e desvenda o que permanecia obscuro com a tenacidade de quem busca a verdade, a perseverança de uma mão que não treme, do que resulta uma literatura histórica feita com paixão. Como em todo livro honesto, o autor não se escondeu atrás de suas palavras, e nos revela, também, algo sobre quem o escreveu. Carlos Zacarias nos entrega seu primeiro livro agora, e como investigador devotado teve o cuidado de filtrar tudo aquilo que era colateral, e manter o foco no que era essencial, porém suas preferências transpiram pelas páginas. Este não é, portanto, o trabalho de um principiante. É a obra de um estudioso maduro que pesquisou muitos anos o seu tema, e que nos surpreende pela consistência teórica e pela fluidez literária de uma escrita inventiva e saborosa. (Valério Arcary)

Dia 20 de abril de 2010, terça-feira, às 20h.


Foyer do Teatro UNEB
 
Rua Silveira Martins, nº. 2555 - Cabula - Salvador - BA.
(71) 3117.2200

Chimamanda Adichie: O perigo da história única

 
As nossas vidas, as nossas culturas, são compostas por muitas histórias sobrepostas. A romancista Chimamanda Adichie conta a história de como descobriu a sua voz cultural - e adverte que se ouvirmos apenas uma história sobre outra pessoa ou país, arriscamos um desentendimento crítico.
 
Acesse e não deixe de assistir essa aula de História!
http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html

BRASIL - LIBÉRIA E A DISÁSPORA AFRICANA


Única mulher a ocupar o posto de chefe de Estado na África, a presidenta da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, fará hoje (08), às 16h, uma palestra sobre Brasil, Libéria e a Diáspora Africana. Aberto ao público, o evento acontece no auditório do Museu de Ciência e Tecnologia da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no Imbuí. Organizada pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Promoção da Igualdade
(Sepromi) em parceria com a Uneb, a atividade faz parte de uma ampla agenda da autoridade liberiana no Brasil, com a perspectiva de reforçar operações que visam a aproximação do país com o continente africano.
Na Bahia, a presidenta busca o estabelecimento de cooperações em áreas como a cultural e agrícola, além do estreitamento das relações diplomáticas com o Estado, que concentra o maior contingente de pessoas negras no Brasil. Eleita em janeiro de 2006, Johson-Sirleaf é a líder maior do país africano que inspirou o documentário “Manda o Diabo de Volta para o Inferno” (Pray the Devil Back to Hell, 2008), que credita às
mulheres da Libéria todo o fim da sangrenta guerra civil daquele país.

Informações:
Assessoria de Comunicação
Secretaria de Promoção da Igualdade
(71) 3115-5142 / 3115-5132 / 9983-9721

Cazemiro, um Nagô atrevido!

 
ILUSTRE SENADOR Demóstenes Torres,

    Quem lhe escreve é Cazemiro, um Nagô atrevido. Faço-o porque li que o senhor, um senador, doutor em leis, sustenta que a escravidão brasileira foi uma instituição africana. Referindo-se aos 4 milhões de negros trazidos para o Brasil, vosmicê disse o seguinte: "Lamentavelmente, não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos, mas chegaram..."
    Vou lhe contar o meu caso. Eu cheguei ao Rio de Janeiro em julho de 1821 a bordo da escuna Emília, junto com outros 354 africanos. O barco era português e o capitão, também. Fingia levar fumo para o Congo, mas foi buscar negros na Nigéria e, na volta, acabou capturado pela Marinha inglesa. Desde 1815, um tratado assinado por Portugal e Grã Bretanha proibia o tráfico de escravos pela linha do Equador.
   Quando a Emília atracou no Rio, fomos identificados pelas marcas dos ferros. A minha, no peito, parecia um arabesco. Viramos "africanos livres". Livres? Não, o negro confiscado a um traficante era privatizado e concedido a um senhor, a quem deveria servir por 14 anos. O Félix Africano, resgatado em 1835, penou 27 anos. Doutor Demóstenes, essa lei era brasileira.
    A turma da Emília trabalhou na iluminação das ruas e no Passeio Público. Algumas mulheres tornaram-se criadas. A gente se virou, senador. Havia senhores que compravam negros mortos, trocavam nossas identidades e não nos liberavam. As marcas a ferro nos ajudaram.
    Alguns de nós conseguiram juntar dinheiro. Como estávamos sob a supervisão dos juízes ingleses, em 1836 compramos lugar num barco. Dos 354 que chegaram, talvez 60 retornaram à África.   
Como doutor em leis, vosmicê sabe que o Brasil se comprometeu a acabar com todo o tráfico em 1830. Entre 1831 e 1856 chegaram 760 mil negros, os confiscados devem ter sido 11 mil, ou 1,5%. Aquela propriedade da Marinha, na Marambaia, onde às vezes o presidente brasileiro descansa, era um viveiro de escravos contrabandeados. Não apenas a escravidão do Império era uma instituição brasileira, como assentava-se no ilícito, no contrabando.
   Outro dia eu encontrei o Mahommah Baquaqua, mais conhecido nos Estados Unidos do que no Brasil. Ele foi capturado no Benin, lá por 1840, vendido a um padeiro em Pernambuco e revendido no Rio ao capitão do navio "Lembrança". Em 1847, o barco fez uma viagem ao porto de Nova York e lá o Baquaqua fugiu. Teve a proteção dos abolicionistas, razoável cobertura jornalística, estudou e escreveu um livro contando sua história (inédito em português, imagine). Fazia tempo que eu queria perguntar ao Baquaqua por que, em suas memórias, não contou que, de acordo com as leis brasileiras, o seu cativeiro era ilegal. Ele diz que esqueceu, mas que, se tivesse lembrado, não faria a menor diferença.
Senador Demóstenes, a escravidão foi brasileira, assim como é brasileira uma certa dificuldade para lidar com os negros livres. Eu que o diga.

Axé,
Cazemiro

P.S.: Há uma referência ao caso da Emília no artigo "A proibição do tráfico atlântico e a manutenção da escravidão", da professora Beatriz Gallotti Mamigonian, publicado recentemente na coletânea de ensaios "O Brasil Imperial". Que Xangô apresse a publicação de seu livro sobre os "africanos livres" no Brasil.
Colabarador desta postagem: J. J. Reis

Quem tem medo de raça? A paranóia branca e as ações afirmativas no Brasil.


Quem tem medo de raça? A paranóia branca e as ações afirmativas no Brasil.

Jaime Amparo-Alves
 
“Não caçamos pretos, no meio da rua, a pauladas,
como nos Estados Unidos. Mas fazemos o que
talvez seja pior. A vida do preto brasileiro é toda
tecida de humilhações. Nós os tratamos com uma
cordialidade que é o disfarce pusilânime de um
desprezo que fermenta em nós, dia e noite”

Nada de original. Em Fora da Lei(2), Demétrio Magnoli reproduz com um atraso de dez anos a crítica feita por Pierre Bourdieu e Loïc Wacquant sobre uma suposta importação do modelo de relações raciais estadunisense pelo movimento negro brasileiro e seus intelectuais. Em Sobre as artimanhas da razão imperialista(3) os autores acusavam os intelectuais negros estadunidenses de imperialistas culturais  – a crítica é direcionada principalmente, embora não exclusiva, ao livro de Michael Hanchard ‘Orfeu e o poder’ (2001)(4) - e a emergente academia negra norte-americana de impor uma falsa universalização do racismo aos países do chamado terceiro mundo. Haveria um certo excepcionalismo brasileiro no campo das relações raciais que faria o Brasil ser diferente. Ainda, os autores rotulavam o intercambio – cada vez mais crescente – entre intelectuais negros dos dois países de tática estratégica para a imposição de um modelo bi-polar de relações raciais só presente na America do Norte.  As agencias de financiamento como a Fundação Ford aparecem na critica como o exemplo mais concreto do imperialismo cultural disfarçado de intercambio acadêmico. O debate que se seguiu à crítica de Bourdieu e Wacquant já é conhecido. John French, Edward Telles, Jocélio Telles, Michael Hanchard, entre outros, responderam dando o merecido crédito à autonomia intelectual negra no Brasil e mostrando que a tão propalada excepcionalidade brasileira não se sustenta quando contrastada com as condições de vida dos brasileiros negros.
A volta ao debate nos dá a oportunidade de reenfatizar um aspecto central da experiência negra nas Américas: em todos os países negras e negros ocupam índices cruéis na hierarquia social. Não há nada de excepcional no quadro de relações raciais do Brasil e a similaridade nas ‘condições materiais de existência’ – em que pese suas especificidades – ajudam a tecer uma comunidade política imaginada e concreta, a Diáspora Africana. O que há em comum na experiência d os jovens negros das favelas cariocas e os jovens negros dos guetos de Chicago ou Nova York? O que une o viver urbano de negras e negros do Haiti, da Colômbia, de Cuba, dos EUA, do Brasil, dos países africanos? Quais as especificidades e as semelhanças na representação midiática de negras e negros nas Américas e nas Áfricas? Portanto, para desconstruir o mito da suposta  importação acrítica do padrão de relações raciais dos EUA, teríamos que perguntar aos neo-freirianos do momento por que a fobia com a crescente conscientização política transnacional negra e por que os negros brasileiros aparecem em seus textos como incapazes de possuírem uma autonomia intelectual própria.
Tal fobia está presente nos textos de Demétrio Magnoli. Em Fora da Lei, o autor repete as táticas já conhecidas nos seus textos anteriores. Trata-se do recurso lingüístico de imputar a outrem afirmações que ninguém fez.  Quem no movimento negro teria se oposto à defesa da qualidade do sistema público de ensino?  Quem teria afirmado a existência biológica de raça? Haveria uma incompatibilidade na luta pela democratização do acesso à universidade pública e a defesa da escola pública?
De um lugar social racialmente privilegiado, os neo-freirianos ambiguamente reconhecem a existência do racismo, mas não admitem a luta política contra suas manifestações cotidianas. É como se raça fosse uma construção social sem impactos reais diferenciados nas chances de vida de brancos e negros(5). Esse social construtivismo na verdade esconde uma paranóia contra qualquer forma de organização política que questione a supremacia branca.  Ao contrário do que se quer fazer crer, o que orienta tais posicionamentos políticos não é a preocupação com o renascimento do ‘estado racial’ ou a suposta defesa da igualdade entre todos. Os terrenos estão bem demarcados e não há ingenuidade no debate: a organização política dos negros e negras representa uma ameaça real ao poder político-econômico de uma elite branca que tem na academia e na mídia seus principais instrumentos ideológicos.  Faz sentido, portanto, que intelectuais reconhecidamente competentes no repertório  acadêmico como Ivone Maggie, Peter Fry, Márcia Green, e agora Demétrio Magnoli se prestem ao papel de arquitetos do caos e invistam suas carreiras acadêmicas na construção do ‘apocalipse racial’.
O mundo não vai acabar com as cotas nas universidades públicas, como mostra o exemplo positivo da Universidade de Brasília - a primeira instituição federal de ensino superior a aprovar cotas para negros  - e das quase cem instituições públicas que adotam algum programa de ações afirmativas. Estas instituições estão recuperando o sentido republicano da universidade pública(6). Quem tiver curiosidade de estudar os números da inclusão verá que as cotas raciais começam ajudar o Brasil na longa marcha em busca do reencontro consigo mesmo. As ‘divisões perigosas’ que historicamente têm colocado em lugares sociais distintos negros e brancos – os primeiros nas favelas, nas prisões, na pobreza, nas estatísticas insidiosas da violência policial, no chão das fábricas e os segundos nas melhores universidades públicas, nos condomínios fechados, na direção dos conglomerados empresariais – são a verdadeira ameaça à efetivação da igualdade substantiva entre todos os brasileiros. A luta dos negros e negras por igualdade de direitos vai ajudar a consolidar a cidadania e transformar a democracia racial  em uma realidade concreta. Só a luta organizada por igualdade racial de fato poderá desbancar o mito da harmonia racial.
As ações afirmativas não farão surgir um tribunal racial nem criarão uma  ‘rotulação estatal dos cidadãos segundo o critério abominável da raça’.  De fato, ‘raça’- como empregada por Demétrio Magnoli - é um critério abominável, como o é sua má-fé e o seu cinismo de colocar na mesma cesta a luta do movimento negro pela igualdade racial e o estado nazista alemão. Ao reivindicar a categoria raça como identidade política, negras e negros o fazem a partir de uma perspectiva crítica e o fazem porque os brancos não deixaram outra escolha no campo das disputas políticas(7). Racialmente interpelados(8) como ‘negros’ – com toda significação histórica que a palavra  carrega –  no contexto de desigualdades racialmente estruturadas negras e negros re-significam a categoria ‘raça’ e tecem uma nova identidade política. Fazem sentido da vida e dos seus encontros cotidianos racializados a partir da identificação com um grupo social.
Se no embate político por direitos de cidadania novos brasileiros se reencontram com seu passado e quebram o paradigma da linha cromática sempre em direção ao branco, ainda melhor.  O reconhecimento da negritude está em sintonia com a celebração da diversidade étnico-racial tão forte entre nós. Mas é hora de celebrar a diversidade brasileira não apenas no futebol ou no botequim, como certa antropologia da cordialidade sugere. É hora de miscigenar os espaços de poder.
O  movimento negro está abrindo, no grito e na raça, uma porta ha tempos fechada. A intelectualidade negra cresce e com ela um novo paradigma na produção de conhecimento sobre as relações raciais no Brasil e nas Américas.  Não seria a resistência às ações afirmativas um sintoma da impossibilidade cognitiva dos brancos em reconhecer seu privilegio e o lugar de onde falam? 


Notas

(1)Jornalista e doutorando em Antropologia Social, Universidade do Texas, em Austin. Email: amparoalves@gmail.com
(2) O artigo foi publicado  n’O Estado de S. Paulo, de 18 de fevereiro de 2010, pp.02
(3) Em Estudos Afro-Asiáticos, Ano 24, nº 1, 2002, pp. 15-33
(4) HANCHARD, Michael (2001). Orfeu e Poder. Movimento Negro no Rio e São Paulo. Rio de Janeiro, EdUERJ/UCAM.
(5) Não é a toa que  O Atlantico Negro, de Paul Gilroy, ocupe hoje no Brasil, mesmo nos círculos radicais negros , um lugar de destaque.
(6) Após seis anos de cotas racias, a UnB ainda possui uma população afrodescendente sub-representada (eles são pouco mais de 3 mil dos 26 mil alunos). 
(7) Tem sido ainda pouco explorada a discussão sobre a incapacidade da esquerda brasileira em incorporar a dimensão de raça em sua estratégia política. O reducionismo econômico da luta de classes é sintomático da dificuldade, mesmo entre os mais progressistas intelectuais de esquerda, em entender a experiência negra.
(8) Emprego o termo aqui no sentido dado por Althusser em  "Ideology and ideological state apparatuses." Eds. J. Rivkin & M. Ryan. Literary theory: An anthology. Malden: Blackwell Publishers, 1998. pp. 294-304. E ampliado por Stuart Hall em "The rediscovery of ideology." Eds. J. Rivkin & M. Ryan. Literary theory: An anthology. Malden: Blackwell Publishers, 1998. pp. 1050-1087.

I SEMANA DE HISTÓRIA DO DCE / UNEB - CAMPUS II


A I Semana de História do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia (DEDC/UNEB) - Campus II (Alagoinhas) ocorrerá no período de 12 a 16 de abril de 2010. Trata-se de um evento de natureza acadêmica que tem como público alvo os estudantes de graduação e pós-graduação em História e os profissionais da área, especialmente os que atuam na educação básica pública e privada. O conclave tem por objetivos possibilitar a interlocução e as trocas acadêmicas entre os estudantes e profissionais de nossa universidade com os de outras instituições de ensino superior do país. Espera-se, ainda, estreitar os contatos e a integração entre os estudantes de graduação e pós-graduação em História das várias unidades da UNEB e entre estes e os das outras universidades localizadas na Bahia. O encontro discutirá as questões relacionadas ao ofício de historiador (tema da conferência de abertura) e tratará, através de mesas-redondas, de linhas de pesquisa já desenvolvidas pelos docentes e discentes do curso de História do DEDC/UNEB II, tais como História Política, História da Saúde e da Doença, História e Etnia, História e Gênero, História e Literatura e História do Trabalho. Além disso, a Semana de História se constitui num momento importante para que os estudantes bolsistas de Iniciação Científica (IC) e os que estão redigindo seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) possam apresentar e debater os primeiros resultados de seus estudos.